Prorrogado cessar-fogo
Grupos de trabalho da Renamo e do Governo encorajados a prosseguir o diálogo de paz
O líder da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, anunciou ontem a prorrogação da trégua nos confrontos com as forças governamentais por mais 60 dias. “Convidei-vos para vos comunicar e declarar a prorrogação da trégua, a partir das 00h00 de 4 de Março até 4 de Maio deste ano de 2017”, disse Afonso Dhlakama.
O presidente da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, anunciou ontem a prorrogação da trégua nos confrontos com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) por mais 60 dias, ao manifestar confiança num acordo definitivo.
“Convidei-vos para vos comunicar e declarar a prorrogação da trégua, a partir das 00h00 de 4 de Março até 4 de Maio deste ano de 2017; vamos ter mais uma trégua de 60 dias”, disse Afonso Dhlakama, falando por telefone, a partir do distrito de Gorongosa, centro do país, onde se encontra refugiado, para um grupo de jornalistas reunidos na sede da Renamo em Maputo.
Segundo Afonso Dhlakama, a trégua visa permitir que os grupos de trabalho constituídos pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), no âmbito das negociações para a paz em Moçambique, desenvolvam o seu trabalho.
“Vamos ter mais uma trégua de 60 dias, para permitir o trabalho [dos grupos envolvidos nas negociações], mas também para fazer com que a economia do país funcione, o sossego volte, porque a paz é sagrada”, acrescentou o presidente do principal partido da oposição.
Apesar de o país estar a enfrentar uma crise política, prosseguiu o líder da Renamo, o povo merece o gozo das liberdades e o desenvolvimento económico e social.
Afonso Dhlakama declarou que a Renamo e o Governo devem capitalizar o actual processo negocial para a criação de condições visando o alcance de uma paz efectiva e verdadeira, que garanta o gozo dos direitos e liberdades democráticos.
O dirigente assinalou que, durante o período da trégua, os grupos de trabalho sobre a descentralização e sobre os assuntos militares terão de apresentar propostas para o aprofundamento do processo de descentralização e despartidarização das FDS.
“Também quero anunciar a criação dos grupos de trabalho; neste momento, posso confirmar que fizemos um trabalho, foi um trabalho de engenharia (política), desde Dezembro para cá, e conseguimos este consenso, não foi um trabalho muito fácil”, assinalou Afonso Dhlakama. O líder da oposição confirmou igualmente a criação de um grupo de contacto formado por seis embaixadores acreditados em Maputo e pelo representante da União Europeia (UE), que vão ajudar os grupos de trabalho nas negociações de paz.
Na terça-feira, o Presidente moçambicano convidou seis embaixadores acreditados em Maputo e o representante da União Europeia para integrarem o grupo de contacto para o apoio ao diálogo para a paz.
O líder da Renamo anunciou que os grupos de trabalho do Governo e do principal partido da oposição vão reunir-se na próxima segundafeira, para reiniciarem as negociações, interrompidas no final do ano passado sem acordo.
A trégua decretada ontem por Afonso Dhlakama é a terceira desde Dezembro. A primeira durou uma semana e foi logo prorrogada por 60 dias, que deveria terminar amanhã. A paz em Moçambique tem estado sob permanente ameaça nos últimos anos, devido a clivagens entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e a Renamo.
Entre 2013 e finais de 2016, o país foi assolado por acções de violência opondo as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e o braço armado da Renamo, no âmbito da contestação do processo eleitoral de 2014 pelo principal partido da oposição de Moçambique.