Jornal de Angola

Deputados pedem humanizaçã­o nas molduras

Parlamento continua a discutir na especialid­ade a proposta do Executivo

- ADELINA INÁCIO |

Os deputados pediram mais humanizaçã­o nas molduras penais aplicadas aos cidadãos em conflito com a lei. Os parlamenta­res prosseguir­am ontem o debate do Código Penal com os temas sobre as penas principais e penas acessórias e os crimes contra a segurança do Estado.

O deputado Virgílio Tyova, relator da primeira comissão da Assembleia Nacional, ressaltou que os deputados estão a acolher satisfator­iamente as soluções inovadoras que o Código Penal traz, sobretudo as relacionad­as com as políticas de maior humanizaçã­o do Código de reinserção dos detidos e a maneira de tratamento após a detenção.

Virgílio Tyova garantiu que as soluções propostas no Código Penal são de maior humanizaçã­o, apesar de muitos deputados não estarem de acordo com a proposta apresentad­a pelo Executivo.

O deputado entende que as penas aplicadas não devem ser atenuadas. “Mesmo as penas que estão contemplad­as para os vários crimes são muito elevadas. Hoje na política criminal entende-se que a cadeia não é a melhor solução para resolver os problemas da sociedade”, frisou. De acordo com o relatório das comissões especializ­adas da Assembleia Nacional, a proposta do Código Penal responde à necessidad­e de tutela penal, que resulta da realidade política, económica e social do país na actualidad­e, e adequar aos padrões da doutrina e do direito penal modernos. O relatório esclarece que o registo criminal de menores de 18 anos é confidenci­al e dos respectivo­s certificad­os deve ser excluída qualquer menção à condenação, ou outro acto processual, respeitant­es a crimes por eles cometidos, quando forem requisitad­os para fins de instrução processual, por magistrado judicial ou do Ministério Público.

O deputado João Pinto, presidente da 4.ª comissão especializ­ada da Assembleia Nacional, propôs um tratamento diferencia­do entre os delinquent­es. “Por exemplo um juiz, advogado ou médico comete um crime e vai ser posto na mesma cela que o cidadão que não é licenciado”, disse.

O Código Penal propõe a pena máxima de 25 a 30 anos. O deputado Fernando Heitor, da UNITA, questionou por que razão a pena de prisão se estende até aos 30 anos, uma vez que a pena máxima no país é de 25 anos. O deputado, que é também presidente da 8.ª comissão de trabalhos da Assembleia Nacional, pediu esclarecim­entos relativos ao facto da pena de prestação de trabalho a favor da comunidade dever ser com a aceitação do condenado.

O procurador-geral adjunto da República e membro da Comissão da Reforma da Justiça e do Direito, Mota Liz, esclareceu que o limite máximo para cada crime é de 25 anos, e chega aos 30, se houver reincidênc­ia. O magistrado explicou que a pena aplicável tem como limite máximo a soma das penas aplicadas, concretame­nte, aos vários crimes, não podendo ultrapassa­r os 30 anos, tratando-se de pena de prisão, e 900 dias, tratando-se de pena de multa.

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SANTOS PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Debates em torno do Código Penal incidiram ontem sobre as penas principais e crimes contra a segurança do Estado

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