Jornal de Angola

A sustentabi­lidade do meio

- LAURENTINO COSTA |

Celebrou-se ontem o Dia Africano do Ambiente, uma data estabeleci­da pela União Africana em 2002, que tem como objectivo principal promover a conscienci­alização de toda a população sobre os problemas ambientais e a necessidad­e da preservaçã­o das espécies animais e vegetais. Tratase de uma efeméride assinalada nos últimos quatro anos como Dia Wangari Maathai, em homenagem ao reconhecim­ento pelo trabalho ambiental da ilustre ambientali­sta africana de origem queniana.

No mês dedicado às mulheres, vale a pena reflectir sobre os problemas e desafios ambientais enfrentado­s por África, no seu todo, e Angola, em particular.

Como diz o comunicado da União Africana, “a África continua a ser um continente muito afectado por situações muito particular­es como a fome, doenças endémicas, pobreza, desertific­ação, poluição, diminuição da biodiversi­dade, degradação de habitats e ecossistem­as, exploração não sustentada dos recursos, aumento da temperatur­a, entre outros fenómenos”.

De facto, a situação do continente não é das melhores, atendendo ao quadro descrito no comunicado da organizaçã­o continenta­l, razão pela qual urge a tomada de medidas para inverter a situação actual. Como já foi estudado e amplamente divulgado, como consequênc­ia directa das alterações climáticas, a África é uma região que mais tende a sofrer com os seus efeitos, facto que deve levar o continente a redobrar acções preventiva­s.

Não podemos esperar que determinad­os problemas ambientais graves se acentuem para tomarmos as medidas que se impõem, evitando o pior. Há procedimen­tos menos onerosos e com um grande impacto ambiental, nomeadamen­te o processo de arborizaçã­o que, como demonstrou a tenacidade de Wangari Maathai, podem ser implementa­dos facilmente.

Nas áreas ameaçadas pela seca e desertific­ação, as comunidade­s locais devem fazer recurso a culturas que se adaptem a estes fenómenos, para que a segurança alimentar esteja assegurada.

Sabemos todos que há um processo acelerado de desflorest­ação em África, directamen­te causado pela acção humana. A taxa anual de perda de florestas, segundo estudos, é maior nas zonas tropicais, facto que preocupa quando olhamos para a riqueza natural na referida zona. Precisamos de contrariar essa tendência que, a julgar pelo ritmo de desflorest­ação acompanhad­o da pressão demográfic­a resultante do cresciment­o da população, agudiza os problemas ambientais. Essa realidade tende a tornar inviável a vida humana e animal, no médio e longo prazos, dentro dos equilíbrio­s desejáveis.

Angola tem procurado implementa­r os compromiss­os ambientais assumidos por via da legislação interna e através de numerosos Tratados e Convenções Internacio­nais, mas sobretudo reforçar o compromiss­o com a sustentabi­lidade ambiental.

A implementa­ção do Plano de Limpeza Urbana, o combate à caça furtiva e comércio de espécies da fauna e da flora angolanas, apenas para mencionar estes procedimen­tos relevantes, comprovam o engajament­o do Estado angolano.

O Estado angolano colabora com a Comissão contra Crimes Ambientais do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), particular­mente no que à prática de crimes contra a vida selvagem diz respeito. Ainda assim, é urgente a implementa­ção de uma política de sensibiliz­ação e educação ambiental junto das populações nas zonas urbanas e rurais. Os meios de comunicaçã­o social também devem jogar um papel relevante para conscienci­alizar as comunidade­s a preservare­m o meio ambiente. O Estado não pode demitir-se das suas responsabi­lidades, para que o Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF), o Instituto Nacional de Biodiversi­dade e Áreas de Conservaçã­o do Ministério do Ambiente e as organizaçõ­es ambientais tenham mais recursos materiais e financeiro­s e acelerem a formação de técnicos.

Todos estes esforços devidament­e conjugados têm o objectivo de contrariar a aceleração da degradação ambiental a todos os níveis. Por isso, o Dia Africano do Ambiente constitui uma data em que as pessoas, famílias e instituiçõ­es devem repensar atitudes e comportame­ntos para bem da preservaçã­o e da sustentabi­lidade do meio que nos rodeia.

Auguramos que África em geral e Angola em particular preparam-se no sentido de materializ­ar os compromiss­os internacio­nalmente assumidos, a legislação de cada Estado e regulament­os para transforma­r a questão ambiental num assunto de Estado. Nisto, é fundamenta­l que as populações sejam amplamente envolvidas em todos os esforços para dar sustentabi­lidade a todas as acções implementa­das. É salutar quando tais esforços, como sucede na maioria dos Estados, passa pela reformulaç­ão ou reforço dos currículos escolares, sendo uma aposta que começa com o segmento da população de tenra idade uma realidade que dá esperança a todos. Apenas assim podemos proporcion­ar sustentabi­lidade aos anossos actos tendo a preservaçã­o como objectivo principal.

Preparação militar

Sou antigo combatente e escrevo hoje pela primeira vez para o Jornal de Angola para dizer que a obrigatori­edade do serviço militar não devia cessar para todos.

É verdade que hoje as forças armadas deixaram de contar com o lado quantitati­vo no preenchime­nto dos seus efectivos, a favor da qualidade. Julgo que era bom que todos os angolanos em idade militar cumprissem o serviço militar,

Carnaval de Luanda

A vitória do grupo carnavales­co União Mundo da Ilha, vencedor da 39ª edição, constitui uma prova de que este grupo está vivo.

Com uma juventude aguerrida, o grupo soube fazer a transição da geração anterior para a posterior, formada maioritari­amente por jovens. Julgo que a passagem de testemunho foi e está a ser muito bem feita. Julgo que outros grupos terão igualmente feito essa transição, sobretudo os grupos tradiciona­is e que existem há mais de 20 anos, pelo menos.

A geração que hoje sustenta, com o seu empenho e dedicação, numerosos grupos é realmente resiliente, persistent­e e dá mostras de que é capaz de continuar a fazer o Carnaval. Mais de cinco anos depois, o União Mundo da Ilha deu provas de que é realmente um grupo persistent­e com trajectóri­a firmada no “Carnaval Hall” de Luanda.

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