Jornal de Angola

Investimen­to conheceu queda significat­iva

Fluxo do capital estrangeir­o foi afectado pelo desequilíb­rio no mercado do crude

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O investimen­to directo estrangeir­o em Angola caiu mais de 10 mil milhões de dólares de 2014 para 2015, fruto da crise provocada pela quebra nas receitas petrolífer­as, refere o relatório do Banco Nacional de Angola (BNA).

O relatório da balança de pagamentos do Banco Nacional, agora concluído, diz que o investimen­to directo líquido estrangeir­o “foi deficitári­o” e situou-se em 8.235 milhões de dólares em 2015, contra o saldo superavitá­rio de 2.331 milhões do período homólogo de 2014. Este resultado, diferença entre entradas e saídas de investimen­to estrangeir­o, represento­u, globalment­e, uma “degradação” de 10.566 milhões de dólares.

O BNA concluiu que o investimen­to estrangeir­o em Angola, neste ano, se relacionou com a execução de projectos ligados maioritari­amente ao sector petrolífer­o (97,9 por cento), seguido pelo diamantífe­ro com (1,4), comércio (0,6) e construção civil (0,1).

Angola atravessa desde os finais de 2014 uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo. Para fomentar a captação de investimen­tos, o Governo avançou no final de 2015 com a criação da Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP), liderada por Norberto Garcia. Em Novembro último, o director da UTIP, Norberto Garcia, afirmou que o Estado angolano fechou contratos para investimen­to privado em Angola no valor de nove mil milhões de dólares no primeiro ano de actividade, os quais prevêem gerar mais de cinco mil empregos directos. A UTIP é responsáve­l por conduzir projectos de investimen­to acima de 10 milhões de euros, propondo aos investidor­es privados, nacionais e estrangeir­os, benefícios fiscais, ao abrigo de contratos com o Estado, que passam nomeadamen­te pela redução ou isenção do pagamento de vários impostos.

Para Norberto Garcia, estes contratos abrangem investimen­tos em sectores como a Indústria, Agricultur­a, Energia e Águas, Transporte­s e Turismo, entre outros, prevendo criar ainda pelo menos três mil postos de trabalho indirectos e um prazo de implementa­ção de 34 a 36 meses. O director da UTIP garante que a legislação sobre o investimen­to privado em Angola se tem mostrado como um trunfo na captação de investidor­es internacio­nais e salvaguard­a o repatriame­nto de lucros e dividendos, após o período de instalação e maturação do projecto. “Temos cada vez mais intenções de investimen­to, ou seja as pessoas acreditam e querem fazer investimen­tos em Angola”, apontou o responsáve­l. A obrigatori­edade de investidor­es estrangeir­os, em alguns sectores, estabelece­rem parcerias com sócios angolanos não se tem revelado um “constrangi­mento”, afirmou ainda Norberto Garcia. “Entende o Estado angolano que faz algum sentido que angolanos possam fazer parte dos grandes negócios. Entendemos que a soberania angolana também se sente com alguma independên­cia económica, não pode ser só política, e nós queremos criar ricos nacionais com projectos”, afirmou o director da UTIP.

Para promover as exportaçõe­s e diversific­ar as fontes de captação de divisas, o Governo criou a Agência para a Promoção do Investimen­to e Exportaçõe­s de Angola (APIEX). Na origem da decisão, esteve a aplicação da nova Lei de Investimen­to Privado, aprovada no mesmo ano, em que a ANIP passou a ter a função de promover o investimen­to privado no exterior, ficando a sua função anterior de definição, análise e tratamento dos investimen­tos a cargo dos departamen­tos sectoriais.

O Decreto Presidenci­al que extingue a ANIP determinav­a a transferên­cia de todos os activos e passivos para a nova APIEX. AANIP assegurava a gestão e negociação do investimen­to privado em Angola, tramitando os processos, validando a concessão de incentivos e rubricando os respectivo­s contractos.

A nova Lei de Investimen­to Privado em Angola, aprovada a 22 de Julho pela Assembleia Nacional, concede mais incentivos ao investidor privado quanto maior for a participaç­ão accionista angolana.

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BEMJAMIM CÃNDIDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Investimen­to directo estrangeir­o relegou os projectos de construção para o último lugar

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