Jornal de Angola

Dúvidas estimulam volatilida­de do preço

-

A Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP) cortou a sua produção em Fevereiro pelo segundo mês, o que permitiu que o grupo reforçasse uma já forte obediência aos cortes acordados de fornecimen­tos depois de uma redução acentuada da Arábia Saudita, concluiu um estudo da agência Reuters.

Mas na quinta-feira, o petróleo caiu, depois de o mercado voltar a ter dúvidas sobre a efectiva redução da oferta da OPEP e da Rússia, o que provocou uma queda significat­iva, com o preço do barril a custar 52,61 dólares norte-americanos em Nova Iorque e 55,08 dólares em Londres. A OPEP está a cortar a sua produção em cerca de 1,2 milhões de barris por dia desde 1 de Janeiro, num primeiro acordo desde 2008 para se livrar de excesso. Países que não pertencem à organizaçã­o prometeram cortar cerca de metade dessa quantidade.

Cortes anteriores da OPEP tinham sido marcados por incumprime­ntos em massa dos seus membros, tornando a forte obediência desta vez uma surpresa positiva para os mercados, com o barril sendo comerciali­zado por cerca de 55 dólares, 35 dólares a mais do que há um ano. A Arábia Saudita, grande exportador­a, e os seus aliados do Golfo Pérsico esperam que os cortes ajudem o preço do petróleo a subir um pouco mais para cerca de 60 dólares, disseram fontes de cinco países da OPEP e da indústria, para reforçar os rendimento­s com exportaçõe­s e o investimen­to industrial. “Se a obediência é alta pela OPEP e pelos não OPEP, então eu acho que os preços vão chegar a 60 dólares”, disse um representa­nte do cartel de exportador­es. “Se for maior, seria melhor, mas 60 dólares é bom”, acentuou.

Em Nova Iorque, o barril de crude leve (WTI) para entrega em Abril caiu 1,22 dólares, para 52,61. Em Londres, o barril de Brent, referência das exportaçõe­s angolanas, para entrega em Maio, perdeu 1,28 dólares, caíndo para 55,08. “O mercado não recebeu bem o anúncio de que a produção da Rússia de Fevereiro foi do mesmo nível que a de Janeiro. Isso mostra que o acordo com a OPEP não foi respeitado”, disse Andy Lipow, da Lipow Oil Associates.

Desde 1 de Janeiro, a Rússia participa no plano de redução da oferta combinado com a OPEP e com outros países para estabiliza­r os preços da “commodity”.

A Rússia informou que a sua produção de Fevereiro foi igual à de Janeiro, o que leva a temer que as companhias desse país não vão produzir menos. “Voltam as interrogaç­ões sobre o acordo da OPEP e de outros países”, disse John Kilduff, da Again Capital.

Os últimos números da produção da OPEP publicados pela agência de notícias Bloomberg mostram que a produção da organizaçã­o de 14 países recuou em Fevereiro. A maior parte foi na Arábia Saudita, membro dominante do cartel e ponta de lança dos pactos de redução da oferta. O analista Michael Hewsion, da firma Markets, disse que o Iraque aumentou suas exportaçõe­s no mês passado, pondo em xeque afirmações de diretores da OPEP de que os acordos estão a ser cumpridos em 90 por cento. A esses elementos - Rússia e OPEP -, soma-se o facto de os Estados Unidos da América (EUA) continuare­m a aumentar as suas reservas de crude, disse Andy Lipow.

Na terça-feira, os preços do petróleo caíram mas não variaram muito, com as preocupaçõ­es sobre o aumento das reservas de petróleo dos EUA a ofuscar os cortes de produção realizados pelos países que integram o cartel.As reservas dos EUA cresceram durante sete semanas seguidas.

As previsões de um novo aumento, desta vez de 3,1 milhões de barris na semana passada, gerou preocupaçõ­es de que o cresciment­o da procura não é suficiente para absorver a produção global. No mês de Fevereiro, o Brent teve pouca variação, enquanto o petróleo dos EUA teve ganho mensal um pouco superior a dois por cento. A OPEP tem surpreendi­do o mercado ao mostrar uma obediência recorde ao acordo de redução da produção e essa taxa de cumpriment­o deve aumentar nos próximos meses com os Emirados Árabes Unidos e o Iraque a prometerem atingir rapidament­e as suas metas.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola