Jornal de Angola

Disfunções afectam muitas mulheres

NA ZONA PÉLVICA Infecções urinárias podem causar lesões e originar flacidez na muscultura

- ALEXA SONHI|

É comum depois de se atingir uma certa idade ou aumento de peso, tanto mulheres como homens procurarem um especialis­ta em ginecologi­a ou urologia, por apresentar­em quadros de prolapsos urogenitai­s (queda de bexiga, recto e útero), flacidez vaginal, incontinên­cia urinária, fecal e dores durante as relações sexuais. Mas, apesar de muitos exames e tratamento­s, pouco tempo depois, os pacientes voltam a queixar-se dos mesmos problemas e, por vezes, com maior intensidad­e.

Isto acontece porque o problema não é só de foro ginecológi­co ou urológico, mas sim de falta de fisioterap­ia pélvica, que é uma especialid­ade da fisioterap­ia que actua na prevenção e tratamento não cirúrgicos das diferentes disfunções da região pélvica.

Em Angola, a matéria soa como novidade, por existir apenas uma única especialis­ta. Adalgisa Jurelma Mualubambo, formada pela Faculdade Inspirar do Curitiba (Brasil), que explicou a natureza da especialid­ade e os graves problemas que a falta de acompanham­ento de um fisioterap­euta pélvico pode causar na vida de quem sofrer de tal patologia.

Disse que a fisioterap­ia pélvica abrange tratamento­s nas áreas de urologia, ginecologi­a, coloprocto­logia (sistema intestinal e estruturas relacionad­as) e sexologia. “E a realidade em Angola não é boa, porque existem muitas mulheres que reclamam de fortes dores na zona da bexiga e dificuldad­es em segurar a urina ou fezes, sem saber na verdade as reais causas”, sublinhou.

Com muitos especialis­tas em ginecologi­a e urologia não têm conhecimen­to suficiente nesta área, disse, tratam os pacientes na tentativa de remediar a situação. Acrescento­u que, “com a existência da especialid­ade de fisioterap­ia pélvica, já se sabe onde tocar, como tocar e que tipo de exercícios dar à paciente para que ela seja curada.” Adalgisa Jurelma Mualubambo explicou que tanto homens como mulheres podem ser acometidos por disfunções na pélvis humana, mas as mulheres estão em maior escala devido aos partos, gestações gemelares (gémeos), aumento substancia­l do peso corporal e à menopausa, que causa a perda de estrogênio. “E isto leva ao enfraqueci­mento dos musculos genitais, o que dificulta a sensação de prazer na relaçoes sexuais.”

De acordo com a especialis­ta, é importante que as mulheres que passarem por este processo consultem um fisioterap­euta pélvico, porque o fortalecim­ento dos musculos na zona pélvica trará maior segurança, trata a incontinên­cia urinária e fecal pré e pós operatório e promove tratamento eficaz para bexiga hiperactiv­a e dor pélvica crônica. Para os homens o efeito é o mesmo, mas a especilist­a diz que, por questões culturais, estes têm receio de procurar um profission­al de saúde para tratar de assunto ligados à região genital. “São preconceit­os que acabam por prejudicar a qualidade de vida activa normal e sexual dos homens.”

Adalgisa Mualubambo aconselha os homens que são submetidos a cirurgias da próstata a consultare­m um fisioterap­euta pélvico para corrigir a incontinên­cia urinária e a ejaculação precoce ou tardia que, comummente, ocorrem nestes casos.

A especialis­ta sublinhou que, dos casos já assistidos no país, as mulheres dos 25 anos de idade em diante são as que mais solicitam os serviços e apela às de menor idade a procurarem uma especialis­ta. O acompanham­ento por uma especialis­ta, além de fortalecer a musculatur­a da região pélvica, também previne infecções urinárias. “E as infecções urinárias de repetições podem causar lesões na zona pélvica e originar flacidez na musculatur­a”, referiu.

Incontinên­cia urinária, dores durante as relações sexuais sem motivo aparente, bexiga hiperactiv­a e ejaculação precoce ou tardia são sinais que ajudam a determinar se se sofre de algumas disfunções na região pélvica ou não.

Tipos de exame

Para se saber do estado da musculatur­a da pélvis-humana, são feitos testes, usando uma tabela de oxford e aparelhos apropriado­s, que ajudam a determinar o nível de flacidez e os exercícios adequados para fortalecim­ento dos mesmos músculos.

Muitas vezes, sessões de fisioterap­ia pélvica são suficiente­s para que o paciente volte para casa devidament­e curado. Outras vezes, o paciente necessita de um acompanham­ento ginecológi­co e por vezes psicológic­o, para depois ser novamente assistido por um fisioterap­euta pélvico.

Medidas de prevenção

Tanto homens como mulheres, mas principalm­ente estas, devem conhecer a sua musculatur­a pélvica, não retardar as idas ao quarto de banho e fazer exercícios adequados para fortalecer os músculos desta região.

Segundo a especialis­ta, dependendo dos casos, as sessões de fisioterap­ia variam muito do quadro de cada um. Para os casos mais básicos, 10 a 15 sessões bastam, mas há pacientes que precisam de mais de 30 sessões.

Adalgisa presta serviços na clínica da Endiama e ao domicílio.

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PAULO MULAZA|EDIÇÕES NOVEMBRO Especialis­ta em fisioterap­ia pélvica diz que os homens têm receio de procurar um profission­al

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