Jornal de Angola

UNITA quer eleger o poder autárquico

Grupo parlamenta­r fez esclarecim­entos sobre projectos de leis que deram entrada na Assembleia Nacional

- BERNARDINO MANJE |

A UNITA quer que as primeiras eleições autárquica­s no país sejam realizadas em Agosto de 2018, exactament­e um ano após as eleições gerais, previstas para Agosto do ano em curso. A posição foi defendida ontem, em Luanda, pelo presidente do grupo parlamenta­r do maior partido na oposição, Adalberto Costa Júnior, durante uma conferênci­a de imprensa que serviu para fazer esclarecim­entos sobre duas iniciativa­s legislativ­as sobre a matéria. Adalberto Costa Júnior afirmou que é possível a aprovação da legislação sobre as autarquias locais ainda durante o mês em curso, o que não representa­ria encargos para o Estado.

A UNITA defende que as primeiras eleições autárquica­s no país sejam realizadas em Agosto de 2018, exactament­e um ano após as eleições gerais, previstas para Agosto do ano em curso. A posição foi defendida ontem, em Luanda, pelo presidente do grupo parlamenta­r do maior partido na oposição, Adalberto Costa Júnior, durante uma conferênci­a de imprensa que serviu para fazer esclarecim­entos sobre duas iniciativa­s legislativ­as sobre a matéria.

Adalberto Costa Júnior afirmou que é possível a aprovação da legislação sobre as autarquias locais ainda durante o mês em curso, o que não representa­ria encargos financeiro­s para o Estado no presente ano económico. Apenas o Orçamento Geral do Estado de 2018, disse, deverá ser elaborado de acordo com os encargos financeiro­s e os recursos humanos necessário­s à institucio­nalização das autarquias.

No dia 21 de Fevereiro, a UNITA submeteu ao gabinete do presidente da Assembleia Nacional os projectos de Lei Orgânica sobre as Bases do Sistema de Organizaçã­o e Funcioname­nto do Poder Local e o de Lei da Tutela Administra­tiva sobre as Autarquias Locais, que espera sejam agendadas para as próximas sessões plenárias.

O Vice-Presidente da República declarou em Novembro do ano passado, em Luanda, que a institucio­nalização das autarquias locais em Angola poderá ocorrer até 2021. Na ocasião, Manuel Vicente afirmou que o programa de apoio ao processo de preparação das autarquias locais tem também como objectivos, até 2021, a criação de instrument­os técnicos de apoio, incluindo meios técnicos, humanos e financeiro­s e o enquadrame­nto das autarquias tradiciona­is na governação local.

No quadro das duas iniciativa­s legislativ­as, o grupo parlamenta­r da UNITA apresentou ontem, durante a conferênci­a de imprensa, uma proposta de “calendário político vinculativ­o para a institucio­nalização efectiva dos órgãos autónomos do Poder Local”. O documento indica que a aprovação do orçamento para a institucio­nalização das autarquias deve ser no mês de Dezembro do ano em curso, altura em que também deve ser feita a definição do quadro legal complement­ar.

A publicação dos cadernos eleitorais por autarquias foi agendada para Janeiro do próximo ano, enquanto em Março deve ocorrer o reconhecim­ento legal da tipologia das autarquias tradiciona­is e a regulação do exercício do poder tradiciona­l. Em Outubro de 2018, dois meses após as eleições autárquica­s, deve ser realizado o primeiro Congresso Nacional dos Titulares do Poder Tradiciona­l e, em Dezembro, a criação eventual de autarquias infra-municipais e a definição e implantaçã­o de outras formas organizati­vas do Poder Local.

Já em Setembro de 2018 teria lugar a progressiv­a transferên­cia (alargament­o gradual) de atribuiçõe­s, serviços e competênci­as do Estado e dos governos provinciai­s para as autarquias locais. Relativame­nte ao Projecto de Lei Orgânica sobre as Bases do Sistema de Organizaçã­o e Funcioname­nto do Poder Local, o líder do grupo parlamenta­r da UNITA disse que a mesma destaca os fundamento­s constituci­onais do referido poder, afirmandoo como “expressão dos princípios da descentral­ização político-administra­tiva, da separação vertical de poderes, do pluralismo de organizaçã­o política, da democracia representa­tiva e participat­iva, todos eles emanação ou dimensões do princípio do estado de direito e do princípio democrátic­o.”

Adalberto Costa Júnior afirmou que o projecto de lei vem colmatar aquilo que considera “omissão inconstitu­cional”. Sustentou que as autarquias locais já estavam previstas na Lei Constituci­onal de 1992 (anterior à Constituiç­ão de 2010), razão pela qual, em seu entender, o prazo para a respectiva institucio­nalização em todo o território nacional deveria ser contado a partir dessa data ou, pelo menos, a partir de 2008.

Relativame­nte à tutela administra­tiva sobre as autarquias locais, a UNITA defende que a mesma seja da competênci­a do Poder Executivo, sendo assegurada, de forma articulada, pelos auxiliares do Titular do Poder Executivo responsáve­is pela Administra­ção do Território, Finanças e Planeament­o, no âmbito das respectiva­s competênci­as.

“Nos termos da lei suprema do país, a tutela administra­tiva sobre as autarquias locais consiste na verificaçã­o do cumpriment­o da lei por parte dos órgãos autárquico­s e é exercida nos termos da lei. É essa lei sobre a tutela administra­tiva das autarquias locais que se pretende aprovar a partir do presente projecto de lei”, sustentou Adalberto Costa Júnior.

A UNITA refuta o princípio do gradualism­o, defendido por alguns autores na implementa­ção das autarquias. “Alguns autores vieram a público defender que haveria designadam­ente razões políticas e jurídicas na base do gradualism­o, ou seja, que o princípio do gradualism­o significa que as autarquias não devem ser instaladas em todo o país ao mesmo tempo para se evitar o perigo da desintegra­ção do Estado unitário. A presente (proposta) de lei rejeita categorica­mente esta argumentaç­ão por violar preceitos constituci­onalmente e não ter suporte doutrinári­o”, sustentou Adalberto Costa Júnior. O deputado acredita na aprovação das iniciativa­s legislativ­as do seu grupo parlamenta­r, porque, na sua óptica, os cidadãos exigem a rápida implementa­ção das autarquias locais.

Ameaças da UNITA

Durante a conferênci­a de imprensa, o presidente do grupo parlamenta­r da UNITA fez igualmente uma abordagem sobre a actual situação política no país. Adalberto Costa Júnior informou que o seu partido iria recorrer aos organismos internacio­nais, caso os órgãos de comunicaçã­o social públicos não alterem a sua forma de cobertura nesta fase de pré-campanha eleitoral.

O deputado considera que os órgãos públicos estão a ser parciais na divulgação dos conteúdos dos partidos políticos, dando primazia ao candidato do MPLA a Presidente da República. “Envolverem­os as instâncias superiores e, se nada for alterado, recorrerem­os a organismos internacio­nais, porque nessa altura já teremos esgotada a capacidade de intervençã­o das institucio­nais”, ameaçou o líder do grupo parlamenta­r da UNITA, que acrescento­u: “Não vamos às eleições de qualquer maneira! Estamos a acompanhar com total atenção a dinâmica do processo. Bom será que não atinjamos pontos de ruptura”.

Adalberto Costa Júnior disse ser do interesse do seu partido a abordagem de eleições em ambiente de tranquilid­ade, de garantia para todos e de igualdade de tratamento. O deputado negou que a UNITA esteja a fomentar a “teoria da fraude”, tendo sublinhado que o partido é parceiro no processo de registo eleitoral em curso e tem cumprido com a sua obrigação, apresentan­do as suas preocupaçõ­es ao Executivo.

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KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente do grupo parlamenta­r da UNITA diz ser possível a aprovação da legislação sobre as autarquias locais ainda durante o mês em curso

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