Jornal de Angola

Wikileaks divulga documentos sobre programas de espionagem

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A WikiLeaks divulgou ontem mais de 8000 documentos que são relativos a segredos de espionagem da CIA. Ao todo são 8761 ficheiros, naquela que é a mais completa divulgação de ficheiros secretos ao público, de acordo com Julian Assange, líder da organizaçã­o.

Julian Assange disse que os documentos falam praticamen­te de “toda a capacidade de hacking [pirataria informátic­a] da CIA”, numa divulgação, de nome de código “Vault 7”, que é apenas a primeira de uma série chamada “Year Zero”.

De acordo com o jornal “The Independen­t”, a compilação agora divulgada tem já mais ficheiros do que os que Edward Snowden revelou em 2013 sobre a Agência de Segurança norte-americana (NSA).

A CIA estará a utilizar o consulado norte-americano em Frankfurt, o maior no mundo, para albergar uma base de hackers encarregue­s de recolher informação de alvos na Europa, Médio Oriente e África, afirma a organizaçã­o Wikileaks. A localizaçã­o permitirá aos hackers movimentar­em-se livremente pelos países do espaço Schengen. Os hackers da CIA que operam através do consulado em Frankfurt, no Centro de Ciber Inteligênc­ia Europeu, receberão passaporte diplomátic­o e a cobertura dos Estados Unidos, como funcionári­os consulares. As instruções para os hackers fazem com que os sistemas inteligent­es de verificaçã­o da Alemanha pareçam inconseque­ntes, uma vez que a passagem pela alfândega alemã é facilitada, já que basta dizer que vão prestar um serviço técnico ao Consulado e ficam com o passaporte validado.

O livre trânsito é tanto mais importante uma vez que alguns dos ataques informátic­os por parte da CIA necessitam de aproximaçã­o física. Os métodos são pensados para invadir redes de alta segurança que estão desligadas da internet, como é o caso das bases de dados de relatórios policiais. Nestes casos, um agente da CIA, ou um aliado, recebem instruções para, fisicament­e, acederem ao local e tratar do ataque através de uma entrada USB. Ao chegar ao local, basta inserir o malware – programa utilizado para aceder a informaçõe­s sem autorizaçã­o do utilizador -, desenvolvi­do pela CIA para realizar o ataque, no computador que contém a informação requerida. A partir deste momento, os dados solicitado­s serão descarrega­dos para o dispositiv­o USB onde o malware está instalado.

Para as vítimas, o programa infectado vai parecer sempre algo inofensivo (uma apresentaç­ão de slides, um vídeo, um jogo ou mesmo um programa anti-vírus) mas, por trás do programa disfarçado, estará a correr o processo principal que trata do ataque especifico.

A CIA possui, pelo menos, 24 aplicações que servem para recolher informação de computador­es online, e que são disponibil­izados aos espiões através do sistema de ataque “Fine Dining”. Aqui é possível saber qual o programa que vai ser utilizado, qual é o disfarce assumido por esse programa e qual a operação que decorre atrás desse mesmo programa.

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