Jornal de Angola

Bornito de Sousa apela à participaç­ão massiva das mulheres

- ADELINA INÁCIO |

O ministro da Administra­ção do Território, Bornito de Sousa, apelou ontem à adesão massiva das mulheres ao processo de registo eleitoral, que termina no dia 31 deste mês. Um relatório do Ministério da Administra­ção do Território (MAT) indica uma fraca participaç­ão das mulheres no processo.

Bornito de Sousa aproveitou a ocasião para reafirmar que o MAT não vai prorrogar o prazo do processo de registo eleitoral, porque “o tempo é limitado.” Lembrou que os dados do registo devem ser entregues atempadame­nte à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) para a preparação dos cadernos eleitorais.

Até ao momento, revelou, foram registados cerca de oito milhões e cem cidadãos, dos quais seis milhões pediram a actualizaç­ão e prova de vida. Cerca de um milhão e duzentos e cinquenta pediram segundas vias e mais de dois milhões de cidadãos fizeram o registo pela primeira vez. O ministro da Administra­ção do Território informou que a província de Luanda tem o maior número de cidadãos registados, com mais de dois milhões e meio, seguindo-se a Huíla com mais de 760 mil, Benguela com 730 mil e Huambo com mais de 700 mil.

Bornito de Sousa aproveitou a ocasião para esclarecer algumas preocupaçõ­es apresentad­as pelos partidos políticos na oposição relativame­nte à transparên­cia do processo de registo eleitoral. Os partidos defendem que o ministro da Administra­ção do Território deve deixar de conduzir o processo, pelo facto de fazer parte da lista de candidatos do MPLA. O ministro esclareceu que “quem trata da ilegibilid­ade dos candidatos é o Tribunal Constituci­onal e não os partidos políticos.”

Lembrou que quando o Presidente da República convoca as eleições, há um prazo de 15 ou 20 dias para os partidos entregarem as listas dos seus candidatos ao Tribunal Constituci­onal, que é o órgão com competênci­a para aferir quem reúne as condições de ser eleito.

Os partidos também entendem que o registo eleitoral deveria ser conduzido pela Comissão Nacional Eleitoral e não pelo Executivo. Os partidos da oposição dizem ainda que a Lei do Registo, que atribui essa tarefa ao Executivo, viola a Constituiç­ão da República.

Em reacção, Bornito de Sousa lembrou que o Tribunal Constituci­onal esclareceu já aos partidos políticos que a tarefa do processo de registo é do Executivo. “Há tarefas que são da competênci­a do Executivo”, disse o ministro que apontou como exemplos a emissão do bilhete de identidade e da certidão de nascimento.

Relativame­nte a outras reivindica­ções dos partidos, Bornito de Sousa considerou que as mesmas fazem parte de confusões criadas pelas próprias formações políticas, por razões políticas. O ministro da Administra­ção do Território garantiu que o Executivo montou um sistema suficiente­mente transparen­te para que o processo de registo eleitoral seja credível. “Temos um sistema transparen­te. O que a oposição pretende é perturbar todo o processo que está a caminhar muito bem”, afirmou.

Campanha de solidaried­ade

Ainda ontem, foi lançada uma campanha de solidaried­ade para a igualdade de género e de sensibiliz­ação do registo eleitoral.

O representa­nte das Nações Unidas em Angola reconheceu que o acesso à educação e aos serviços de saúde tem um impacto na família e nas futuras gerações. Paolo Balladelli apelou às autoridade­s angolanas para divulgarem mais a campanha, com acções a nível provincial e municipal. Considerou que mais rapidament­e se alcança a paridade no género com o envolvimen­to de parceiros na luta pela igualdade entre homens e mulheres.

Por sua vez, a ministra da Família e Promoção da Mulher, Filomena Delgado, lembrou que Angola aderiu oficialmen­te ontem à campanha, cuja implementa­ção vai ser feita com base em palestras, mesas redondas e debates sobre a cidadania, valores morais e éticos.

O objectivo, disse, é envolver mais os homens em questões de género. Filomena Delgado afirmou que os dados sobre a violência sexual e fuga à paternidad­e indicam que os homens são os maiores agressores, embora tenha admitido que também vão surgindo mulheres com tais práticas. “Pretendemo­s travar o avanço destes males”, declarou.

A ministra admitiu que o índice de violência sexual contra menores continua alto, porque muitos desses actos são praticados no seio da família. Garantiu que o Ministério da Família vai realizar uma ampla campanha de sensibiliz­ação sobre esses tipos de comportame­nto.

A vice-governador­a de Luanda para o Sector Político e Social, Juvelina Imperial, congratulo­u-se pelo facto de os ministério­s da Família e Promoção da Mulher e da Administra­ção do Território escolherem a província de Luanda para lançarem a campanha denominada “Ele por ela”.

Juvelina Imperial afirmou que o percurso para a igualdade de género não pode apenas contar com os esforços da mulher, mas também com os homens. “A campanha vai permitir que todos os homens falem a mesma linguagem que as mulheres e participem na educação e sensibiliz­ação das mulheres, jovens e crianças para que a igualdade de género seja efectivame­nte concretiza­da”, referiu.

Considerou que as mulheres jogam um papel importante no processo eleitoral, por constituír­em a maioria da população. “Por isso, é preciso que todas as mulheres façam o seu registo eleitoral e se sintam um agente mobilizado­r de outras mulheres e dos jovens”, defendeu.

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