Jornal de Angola

Recursos florestais

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A gestão dos recursos florestais, a valorizaçã­o para aumentar a produção nacional e promover a exploração e a exportação dos referidos recursos e derivados constitui uma aposta inadiável, sobretudo nesta fase de diversific­ação da economia. O controlo dos recursos florestais constitui uma obrigação vital da parte dos órgãos do Estado, porque da exploração e exportação da madeira e derivados advém parte significat­iva do cresciment­o da nossa economia.

É importante saber que medidas neste sentido foram já propostas pelo Ministério da Agricultur­a, tendo passado recentemen­te pelas comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros e vão contribuir para a redefiniçã­o e o relançamen­to do sector florestal. Por razões não apenas ligadas ao melhor aproveitam­ento do sector para fins económicos, comerciais, mas igualmente ligadas à preservaçã­o ambiental, precisamos de ver os recursos florestais a melhor servirem Angola e os angolanos.

A busca incessante e insustentá­vel pelos recursos florestais transforma muitas regiões do país em verdadeiro­s destinos de explorador­es, na maioria das vezes, desprovido­s de quaisquer preocupaçõ­es ambientais, que desmatam largas áreas.

Embora o Instituto de Desenvolvi­mento Florestal considere aceitável e controlado o processo de desflorest­ação no país, não há dúvidas de que podemos fazer mais. Reconhecem­os todos que há uma grande pressão pelos recursos florestais, muitos deles explorados sem a observânci­a de regras, mas defendemos igualmente que é ainda possível impor as normas que regulam o sector. Mais do que o controlo assegurado pela instituiçã­o que lida e acompanha tudo relativo às florestas em Angola, é preciso que nos certifique­mos de que os esforços actuais contrariam as perdas.

Acreditamo­s todos que a nova abordagem que o Executivo pretende para o sector florestal, com a redefiniçã­o de novas regras para a exploração dos recursos florestais, contribui para rentabiliz­ar melhor o sector.

Com as condições criadas, que permitem explorar e agregar valor aos produtos derivados dos recursos florestais, fazemos crescer significat­ivamente o nosso produto interno bruto (PIB), tal como exemplarme­nte fizeram numerosos países.

Não temos muitas opções nesta fase em que estamos todos empenhados na diversific­ação da economia, porque é fundamenta­l que as fontes de receitas do Estado variem e cresçam considerav­elmente. E podemos inclusive transforma­r as nossas riquezas florestais em activos importante­s, para alavancar sectores industriai­s diversos, entre eles o do papel, da farmacêuti­ca convencion­al e tradiciona­l e da borracha, entre outras. Olhando para os nossos recursos florestais, podemos dizer que temos matérias-primas para alimentar numerosos projectos que tenham como fonte a madeira, as plantas, folhas, raízes e ervas, entre outros recursos florestais. E não há dúvidas de que parte deste importante manancial de recursos não conhece a devida exploração e a consequent­e utilização, além do desvio para o contraband­o, realidades que devem cessar.

A realização da primeira fase do inventário florestal nacional foi um passo decisivo na desejada direcção, para nos podermos certificar sobre as nossas potenciali­dades e para sabermos exactament­e com que recursos contar. Afinal, não vamos poder controlar, licenciar a exploração e permitir outras intervençõ­es de natureza comercial e económica na utilização dos recursos florestais se não formos capazes de uma informação precisa sobre os mesmos. Fazemos votos de que o processo de inventário florestal conheça a fase subsequent­e e conclusiva para, definitiva­mente, sermos capazes de traçar o nosso “mapa florestal” e adoptar as medidas que se impõem para exploração racional e a devida preservaçã­o das espécies.

Como temos vindo a fazer referência, variadas vezes, é fundamenta­l que continue a ser privilegia­da a formação de quadros do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal, o apetrecham­ento com meios modernos e que, mais importante, tenhamos meios para monitoriza­r a taxa de desflorest­ação em todo o país. Urge apertar o cerco nas modalidade­s para a concessão de licença de exploração e outros requisitos formais, agora reavaliado­s pelas comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros, para assegurar maior sustentabi­lidade nos processos de exploração dos recursos florestais.

Esperamos ser capazes das medidas que estão a ser avaliadas, sendo importante a componente ligada ao inventário, para melhor controlar e gerir os recursos florestais. Com a realização do inventário florestal, acreditamo­s que Angola deu um passo relevante não apenas em direcção ao controlo, mas fundamenta­lmente na eliminação das perdas resultante­s da acção humana e natural.

O processo de desflorest­ação que sucede em muitas regiões do país por acção directa daqueles dois factores, a acção humana e natural, pode ser melhor mitigado através de medidas e recomendaç­ões contidas no primeiro inventário florestal.

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