Nova ronda de negociações dentro de dias no Cazaquistão
A terceira ronda de negociações internacionais sobre o fim do conflito na Síria realiza-se nos dias 14 e 15 deste mês na capital do Cazaquistão, Astana, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país centro-asiático.
“O Cazaquistão está disposto a prosseguir com o contributo para os esforços internacionais visando pôr fim à situação de crise na Síria e procurar uma solução política para o conflito”, referiu o ministério num comunicado divulgado quinta-feira. As consultas preliminares estão programadas para 14 de Março e uma reunião plenária será realizada no dia seguinte.
“As delegações da Rússia, Turquia e Irão farão parte nas conversações. Convidamos representantes da ONU, dos Estados Unidos e da Jordânia. As delegações do Governo sírio e a oposição armada da Síria devem confirmar a sua participação”, acrescentou o Governo cazaque.
Esta será a terceira reunião em Astana, que em Janeiro e Fevereiro abrigou duas rondas de conversações internacionais de alto nível e uma reunião técnica de especialistas.
O principal resultado das negociações foi o acordo da Rússia, Turquia e Irão sobre a criação de um grupo operacional para a supervisão da trégua na Síria, mas o mesmo não foi adoptado pela oposição armada síria.
O grupo Estado Islâmico (EI) continua a perder terreno em Mossul diante das forças iraquianas e está sob forte pressão na Síria, onde os Estados Unidos anunciaram um aumento da sua presença militar na luta contra os rebeldes.
Os Estados Unidos planeiam agregar 400 soldados aos 500 militares americanos já presentes no norte da Síria, onde apoiam a ofensiva que a aliança de combatentes curdos e árabes realiza contra Raqa, bastião sírio do EI.
As forças governamentais sírias prosseguem a ofensiva no norte do país, com o apoio russo.
No Iraque, o comando conjunto de operações, que coordena a luta contra o EI no país, anunciou que as unidades de elite retomaram o bairro de Mualemin, no oeste de Mossul. As tropas perseguem os franco-atiradores e percorrem os bairros para desactivar as bombas que os extremistas espalharam pelas ruas, as casas ou as lojas, indicou à AFP o coronel Abdel Amir alMohamedawi, das Forças de Intervenção Rápida, a unidade de elite do Ministério do Interior.
Mas “até ao momento, o comando não deu ordem para avançar em direcção à Cidade Velha”, bairro densamente povoado e onde os combates se anunciam árduos, disse Amir al-Mohammedawi à AFP.
As organizações humanitárias temem pela vida das centenas de milhares de habitantes que se encontram no oeste de Mossul, onde a comida e os medicamentos são escassos. Um total de 50 mil pessoas conseguiu fugir e chegar aos campos de deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). “Em Mossul éramos escudos humanos em poder do EI”, disse Abdel Razak Ahmed, um funcionário de 25 anos que fugiu da batalha.
“A vida era difícil, tínhamos fome, não comíamos nada que não fosse pão e tahine”, contou outro deslocado. A pressão também cresce em torno dos extremistas no norte da vizinha Síria, sobretudo por parte dos Estados Unidos.
Os marines americanos instalaram uma bateria de artilharia com canhões de 155 mm para apoiar a ofensiva de uma aliança árabe-curda, as Forças Democráticas Sírias (FDS), sobre Raqa, o reduto do EI na Síria.
Além disso, os 500 soldados americanos presentes na zona podem receber a ajuda de outros 400 membros das forças especiais, segundo a imprensa americana. Uma organização de defesa dos Direitos Humanos denunciou que 14 civis, entre eles seis crianças, morreram numa povoação do norte da Síria em supostos bombardeamentos da coligação internacional liderada por Washington.
A povoação Al Matab situa-se perto de uma estrada estratégica entre Raqa e Deir Ezzor, capital da província vizinha, que as FDS bloquearam na segunda-feira.
Fuga de Abu Bakr Bagdadi
O líder do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al Bagdadi, está vivo, mas abandonou Mossul, onde cedeu o comando da batalha contra as forças iraquianas aos seus chefes militares locais. A fuga do misterioso líder simboliza a situação precária do EI, que cede terreno a cada dia em Mossul, seu último grande reduto no Iraque.
“Bagdadi abandonou provavelmente Mossul” antes que esta cidade e Tal Afar, outro reduto rebelde a oeste, “ficassem isoladas pelas forças iraquianas”, disse à AFP na quarta-feira um responsável do Departamento de Defesa americano.
“O chefe do EI provavelmente não exerce nenhuma influência táctica sobre a batalha contra as forças iraquianas em Mossul. Mas certamente deu grandes orientações estratégicas aos seus chefes militares” na segunda cidade do Iraque, acrescentou esta fonte.
Bagdadi havia convertido Mossul na sua base principal. Foi nessa cidade que o mesmo fez a sua apresentação pública, em Julho de 2014, quando proclamou um califado nos territórios conquistados pela sua organização no Iraque e na Síria.
O comando norte-americano das forças especiais (Socom) e as agências de inteligência americanas perseguem Abu Bakr al Bagdadi, como fizeram durante anos com o líder da rede terrorista Al-Qaeda Osama Bin Laden, abatido no dia dois de Maio de 2011, no Paquistão. Segundo o mesmo responsável, o EI “faz planos para continuar a funcionar como um pseudo-estado centrado no vale de Eufrates” se perder o controlo de Mossul, no Iraque, e Raqa, na Síria.