ENSINO SUPERIOR NO CUANDO CUBANGO Cuito Cuanavale gradua novos licenciados
A Universidade Cuito Cuanavale (UCC), afecta à VIII Região Académica e que abrange as províncias do Cuando Cubango e do Cunene, vai outorgar este ano diplomas de licenciaturas a 570 estudantes formados nos cursos de Biologia, Enfermagem, Matemática e Informática para Gestão.
A província do Cunene, num acto previsto para o próximo mês de Abril, vai graduar 260 estudantes e o Cuando Cubango 310 discentes em Agosto. No ano passado, instituição académica graduou pela primeira vez 455 licenciados, sendo 268 no Cuando Cubango e 187 no Cunene.
Com a sede da reitoria no Cuando Cubango, esta instituição académica foi constituída por Decreto Presidencial em Agosto de 2014 e conta neste momento com os cursos de Biologia, Matemática, Informática para Gestão, Enfermagem, Análises Clínicas, Gestão de Hotelaria e Turismo, Engenharia Hidráulica e Agro-Pecuária.
A província do Cuando Cubango, que alberga a sede da Universidade Cuito Cuanavale, conta com quatro unidades orgânicas com os cursos de Biologia, Matemática, Informática para Gestão, Enfermagem e Gestão de Hotelaria e Turismo, ao passo que o Cunene tem duas unidades orgânicas que leccionam as especialidades de Análises Clínicas, Enfermagem, Biologia, Engenharia Hidráulica, Agro-Pecuária e Informática para Gestão.
A criação da UCC resultou da necessidade de reduzir-se a área de abrangência e permitir uma melhor gestão administrativa da Universidade Mandume ya Ndemufayo, afecta à VI Região Académica que anteriormente englobava as províncias da Huíla, Namibe, Cuando Cubango e Cunene.
O ensino superior no Cuando Cubango teve o seu início em 2009 com a abertura da Escola Superior Politécnica de Menongue, adstrita à Universidade Mandume ya Ndemufayo, na qual, neste ano, foram matriculados 120 estudantes nos cursos de Biologia e de Enfermagem.
A Universidade Cuito Cuanavale matriculou no presente ano académico 4.192 estudantes, dos quais 2.180 na província do Cuando Cubango e 2.012 no Cunene. Desta cifra, 684 ingressaram pela primeira vez este ano, sendo 343 para o Cuando Cubango e 341 para o Cunene.
Actualmente, a Universidade Cuito Cuanavale é assegurada por 154 professores, sendo 77,3 por cento de nacionalidade cubana. Neste momento, o curso mais procurado é o de Hotelaria e Turismo que no presente ano académico registou uma média de 12 candidatos para uma vaga. O menos concorrido foi o de Matemática em que quatro candidatos concorreram para uma vaga.
A reitoria da UCC tem como visão para o futuro promover a qualidade do ensino na pesquisa, apostando na excelência e visando a formação de quadros munidos de ferramentas que estejam em condições de ajudar o país no processo de diversificação da economia, redução do índice de desemprego e diminuição da fome e da pobreza entre a população, sobretudo no meio rural. Consta dos objectivos da Universidade Cuito Cuanavale, a formação de técnicos superiores com conhecimentos profundos em diferentes áreas do saber para apoiarem o processo de desenvolvimento socioeconómico do país e em particular da província do Cuando Cubango que carece ainda de muitos quadros.
Qualidade de ensino
O reitor da Universidade Cuito Cuanavale, Miranda Lopes Miguel, lamentou o facto de existir ainda muitos estudantes que ingressam para o ensino superior com muitas debilidades, com destaque para os erros ortográficos acentuados e dificuldades na leitura.
Durante as provas de exame de acesso, nota-se uma certa debilidade dos candidatos, muitos nem conseguem responder a questões ensinadas no primeiro ciclo do ensino secundário, ou seja na 7ª, 8ª e 9ª classes, sendo uma situação preocupante para quem quer fazer o ensino superior.
“Por este facto, estamos a implementar um maior rigor na hora da selecção para que, na verdade, possamos ter quadros qualificados, que, depois da conclusão da sua formação, possam contribuir para o desenvolvimento socioeconómico que tanto se almeja para o país”, disse.
Miranda Lopes Miguel destacou que a sua instituição está a combater também, desde o ano passado, algumas práticas incorrectas e viciadas que se registavam no processo de exame de acesso, em que muitos candidatos, praticamente, já estavam admitidos antes de fazerem o teste. “É nesta vertente que temos estado a trabalhar, para acabar com todas as práticas negativas para que tenhamos, na verdade, em termos qualitativos melhores resultados no processo de ensino superior no país e em particular nas províncias do Cuando Cubango e do Cunene”, frisou.
Defesa de monografias
Outra preocupação do reitor da UCC prende-se com a maior parte das defesas de monografias em que alguns estudantes revelam incapacidades e habilidades, notando-se que não são os autores, porque não dominam o conteúdo do trabalho e muitos perdem-se durante a apresentação ou nas perguntas feitas pelo corpo de jurados.
Miranda Lopes Miguel anunciou que, a partir deste ano, os estudantes, sobretudo os da especialidade de Ciências da Educação, como Biologia e Matemática, vão começar a fazer estágios nas escolas, ao contrário do que acontecia anteriormente, em que se limitavam à defesa de monografias.
O responsável adiantou que, durante as defesas dos trabalhos de fim de curso, era difícil saber de quem era realmente a autoria da monografia.
Na sua visão, conforme acontece com os médicos e enfermeiros que têm que estagiar numa determinada unidade sanitária para melhorar as suas habilidades profissionais e lidar com os doentes, “vamos fazer em outras especialidades. Assim também vai ser com os futuros professores que, antes de exercerem cabalmente a sua função, devem estagiar numa sala de aula, para que ganhem habilidades e no final sejam avaliados numa defesa do que aprenderam no estágio.”
O reitor assegurou que os estágios correspondem à melhor vertente para corrigir alguns erros que se foram notando durante as defesas de monografias e que, a partir de agora, os estudantes vão estar melhor engajados para adquirirem conhecimentos e estarem preparados para os desafios do futuro.
“É necessário encontrarmos mecanismos que nos conduzam à melhor eficiência e resultados”, defendeu, acrescentando que as defesas de monografias só vão ser para os estudantes que se destacam durante o ano curricular como monitores e que devem ser aproveitados para serem futuros professores da universidade. Miranda Lopes Miguel realçou que, a estes estudantes, vai ser priorizada a defesa da monografia, porque revelam capacidades e habilidades para o efeito. Os melhores, referiu, devem ser aproveitados para leccionar na universidade, para poderem dar continuidade ao trabalho de investigação e suprirem a carência de docentes nacionais.
Novos cursos
Miranda Lopes Miguel anunciou que a Universidade Cuito Cuanavale prevê a abertura de novos cursos nos próximos anos, com realce para Economia e Direito. O projecto já está em estado avançado.
Neste momento a escassez de docentes é que está a condicionar a abertura de mais cursos na UCC, tendo em vista que não há grande dificuldade em termo de infra-estruturas, sobretudo na província do Cuando Cubango onde, no ano passado, foi cedida mais uma escola com 16 salas de aula para que a região possa albergar mais unidades orgânicas.
“Vamos acreditar que, quando as condições financeiras melhorarem, vão permitir realizar um concurso público para o ingresso de mais docentes nacionais que possam contribuir para que o Cuando Cubango de forma particular tenha mais diversidade de cursos”, disse.
Miranda Lopes Miguel ressaltou que a província do Cunene, comparativamente com o Cuando Cubango, tem maior oferta formativa, tendo em vista que a mesma conta com cursos de Engenharia Hidráulica, Análises Clínicas, Enfermagem, Agro-Pecuária, Biologia e Informática para Gestão. Neste momento, está em curso a realização de um concurso público na Universidade Cuito Cuanavale para o ingresso de seis professores auxiliares e 24 na categoria de assistente estagiário, considerado um número irrisório para atender as províncias do Cuando Cubango e do Cunene.
O reitor da UCC anunciou que, se tudo correr bem, a província do Cunene vai ganhar no próximo ano uma Faculdade de Ciências Agrárias no município de Ombadja, tendo em vista que as condições para o efeito estão bem avançadas.
Pólo universitário
Outra dificuldade que o seu sector enfrenta, disse, prende-se com o atraso da conclusão das obras de construção do Pólo Universitário de Menongue que vai ter uma capacidade de 50 salas.
A infra-estrutura está a ser construída no bairro Tchivonde, arredores da cidade de Menongue, numa área de 9.124 metros quadrados e vai contar ainda com um anfiteatro com 450 lugares, 46 áreas de apoio, laboratórios, bibliotecas, campo multi-uso e parque de estacionamento, entre outros serviços.
Miranda Lopes Miguel destacou que a entrada em funcionamento do Pólo Universitário de Menongue vai ser uma mais-valia, para a abertura de mais cursos e ingresso de mais estudantes que pretendem fazer o ensino superior na província, uma vez que, nos últimos tempos, a procura é muito maior que a oferta.
As obras de construção estão praticamente no fim e tudo está a ser feito para que este ano terminem e, em 2018, se possa arrancar com as aulas, visto que a empreitada, iniciada em 2012 com o prazo previsto para 12 ou 13 meses, já leva cinco anos.