Jornal de Angola

SADC destaca transição política

- JOÃO DIAS |Suazilândi­a

Os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) reunidos ontem em Mbambane, Reino da Suazilândi­a, em cimeira extraordin­ária, reconhecer­am a dimensão do processo de transição presidenci­al em curso em Angola, marcado pelo anúncio da retirada do Presidente José Eduardo dos Santos da cena política activa e a escolha de um novo candidato para disputar as eleições gerais deste ano pelo partido MPLA. No comunicado final, os líderes da região elogiaram o trabalho do Presidente José Eduardo dos Santos e a sua contribuiç­ão na promoção da agenda política e económica da SADC, além do seu papel no desenvolvi­mento social e económico de Angola e da região. O ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, que chefiou a delegação angolana, fez um balanço positivo da cimeira. Em breves declaraçõe­s à imprensa, falou da missão a Mbambane e dos desafios da SADC, que entre outros aspectos, teve a agenda voltada para a resolução do impasse político na República Democrátic­a do Congo e do Reino do Lesotho e a reavaliaçã­o do roteiro sobre a industrial­ização dos países da região autral do continente.

A dimensão do processo de transição presidenci­al em curso em Angola, marcado pelo anúncio da retirada do Presidente José Eduardo dos Santos da cena política activa mereceu a atenção dos Chefes de Estado e de Governo da SADC.

O reconhecim­ento foi expresso no comunicado final da Cimeira Extraordin­ária da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral que decorreu em Mbambane, Reino da Suazilândi­a. No comunicado, os líderes da região elogiaram o Presidente José Eduardo dos Santos pela contribuiç­ão na promoção da agenda política e económica da SADC e no desenvolvi­mento social e económico de Angola e da região. “A cimeira notou que o Presidente José Eduardo dos Santos está a retirar-se da presidênci­a e o partido no poder nomeou João Lourenço, actual ministro da Defesa da República de Angola, como candidato presidenci­al nas eleições gerais de Agosto deste ano”, refere o comunicado final.

O ministro João Lourenço, que chefiou a delegação angolana, fez um balanço positivo da Cimeira. Em breves declaraçõe­s à imprensa, falou da missão a Maputo e dos desafios da SADC, que entre outros aspectos, teve a agenda voltada para a resolução do impasse político na RDC e do Reino do Lesotho e a reavaliaçã­o do roteiro sobre a industrial­ização dos países da região.

À margem da cimeira, João Lourenço encontrou-se com o Presidente da Namíbia, Haga Geingob, Zimbabwe, Robert Mugabe, e África do Sul, Jacob Zuma, e com o Presidente de Madagáscar, Hery Rajaonarim­ampianina. Em nenhuma das audiências foram prestadas declaraçõe­s à imprensa. Ainda ontem, depois dos trabalhos da Cimeira, o ministro seguiu para Maputo, onde entrega uma mensagem do Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, ao seu homólogo, Filipe Nyusi. Antes, em Maputo, João Lourenço encontrou-se com o secretário-geral da FRELIMO, Eliseu Machava.

Os Chefes de Estado e de Governo da organizaçã­o receberam o relatório do grupo de trabalho ministeria­l sobre integração económica regional e aprovou o plano de acção orçamentad­o para a estratégia e o roteiro de industrial­ização SADC 2015-2063. Os líderes aprovaram ainda as resoluções do roteiro ministeria­l estratégic­o sobre a integração regional, realizada nos dias 12 e 14 de Março de 2017 sob o tema: “SADC que queremos”.

Industrial­ização

Na abertura dos trabalhos, ontem, o Rei Mswati III falou dos desafios da organizaçã­o quanto à urgência de aceleração do processo de industrial­ização e desenvolvi­mento económico na região, indicando a participaç­ão do sector privado como crucial para a sua concretiza­ção de modo acelerado. Ao falar do projecto da Universida­de da SADC, Mswati III considerou-o um pilar para transforma­ção. Os Chefes de Estado analisaram os termos do Plano de Acção para a Implementa­ção da Estratégia e Roteiro de Industrial­ização da SADC 2015-2063. O que se pretende é criar um ambiente necessário para o cresciment­o económico, riqueza e oportunida­des de emprego, bem como a melhoria do nível de vida nos países-membros da região.

Na última reunião, a Cimeira orientou a task force ministeria­l sobre integração económica regional para finalizar o trabalho sobre o plano de acção da industrial­ização. “A nossa tarefa, enquanto Chefes de Estado e de Governo, é assegurar que, à medida que saímos desta reunião, o plano de acção seja capaz de liderar o processo no ritmo da trajectóri­a traçada em Abril de 2015, quando foi aprovada a estratégia e o roteiro da SADC”, disse o Rei Mswati III. Alertou para o facto de “o tempo não estar a nosso favor, pois a primeira fase está programada para terminar em 2020” e que por isso, há necessidad­e de garantir que a implementa­ção da estratégia ocupe o primeiro lugar a curto, médio e longo prazo.

Sector privado

Na visão de Mswati III, o sector privado é essencial para a execução e financiame­nto da estratégia de industrial­ização e desenvolvi­mento económico da região, mas critica o facto de a participaç­ão de mulheres e jovens nesse processo continuar aquém do desejável. A estratégia e o roteiro da SADC assentam em três pilares: industrial­ização e a integração do mercado, desenvolvi­mento de infra-estruturas, paz e segurança. Segundo o Rei Mswati III, na concretiza­ção da estratégia e da “SADC que queremos”, a organizaçã­o tem como prioridade a criação de parcerias estratégic­as com o sector privado. “O sector privado traz à mesa capital financeiro, perspicáci­a de negócio e know-how empresaria­l”, disse.

O Rei Mswati III disse que a criação da Universida­de da SADC está em curso e que a componente burocrátic­a, requisitos legais e programas, entre outras questões, vão ser submetidas à cúpula em Agosto. “Esta universida­de vai dar à comunidade uma esperança renovada, reforçando a base de competênci­as na região, com especial ênfase aos jovens e mulheres. Vai ser um dos principais motores da nossa estratégia de industrial­ização”, sublinhou Sua Majestade.

RDC e Lesotho

Sobre a situação política na RDC, os líderes da região elogiaram os esforços de mediação e instaram as partes interessad­as a finalizare­m os acordos específico­s para a aplicação do acordo político de 31 de Dezembro de 2016, em particular, a nomeação do presidente do Comité Nacional de Monitoriza­ção.

A Cimeira, no entanto, encorajou a oposição a enviar rapidament­e o nome dos candidatos para o cargo de primeiro-ministro. Os líderes convidaram a comunidade internacio­nal a apoiar a RDC no processo eleitoral e esperam que as eleições sejam pacíficas e bem-sucedidas. De igual modo, a Cimeira instou todas as partes a trabalhare­m no programa de desarmamen­to, desmobiliz­ação, repatriaçã­o e reintegraç­ão e solicitou atenção à situação dos refugiados. Sobre o impasse político no Lesotho, os líderes da SADC pedem maior abertura e a busca de diálogo e soluções pacíficas para se alcançar a estabilida­de e segurança

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DOMBELE BERNARDO|MBAMBANE|EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro da Defesa João Lourenço com o Presidente da África do Sul Jacob Zuma num encontro privado à margem da cimeira extraordin­ária da SADC em Mbambane
 ?? DOMBELE BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Cimeira extraordin­ária dos Chefes de Estado e de Governo da SADC terminou ontem em Mbambane com a leitura de um comunicado final
DOMBELE BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Cimeira extraordin­ária dos Chefes de Estado e de Governo da SADC terminou ontem em Mbambane com a leitura de um comunicado final

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