Jornal de Angola

Descrimina­lização do aborto defendida nas ruas de Luanda

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Cerca de 200 pessoas, entre mulheres e homens, manifestar­am-se ontem em Luanda contra a criminaliz­ação do aborto, incluída na proposta de lei do novo Código Penal, que penaliza com prisão até dez anos a interrupçã­o voluntária da gravidez.

O novo Código Penal, que vai substituir a legislação em vigor desde 1886, deve ir à votação final na próxima sessão plenária da Assembleia Nacional, marcada para o dia 23 deste mês, depois de o Parlamento o ter aprovado, na generalida­de, em Fevereiro.

A marcha, promovida pela organizaçã­o Ondjango Feminista, cuja mobilizaçã­o foi feita através das redes sociais, partiu do Largo do Mercado dos Congoleses e terminou no Largo das Heroínas, num percurso de cerca de quatro quilómetro­s.

Durante a caminhada, acompanhad­a por agentes da Polícia Nacional, foram ouvidas palavras de ordem como “Mulheres unidas, jamais serão vencidas”, “Sou livre, eu decido”, “As cadeias não resolvem”, “Liberdade para as mulheres”, “Aborto não deve ser criminaliz­ado” e “Criminaliz­ar o aborto é matar a mulher”.

Cesaltina Cutaia, da organizaçã­o, declarou que “o aborto é um problema de saúde pública e de justiça social, pois não é criminaliz­ando a sua prática que se vai resolver esta questão que constitui a terceira maior causa de morte em Angola, depois da malária e dos acidentes de viação”. Por sua vez, Mónica Almeida, também da Ondjango Feminista, afirmou que vai continuar a apelar à sociedade para a descrimina­lização do aborto.

“Achamos que a despenaliz­ação total pode acabar com os abortos clandestin­os, que têm sido a causa de muitas mortes”, acentuou a activista.

O MPLA sugeriu quinta-feira a retirada da agenda da próxima sessão plenária da Assembleia Nacional do ponto referente à aprovação da proposta de Lei do Novo Código Penal.

Segundo o presidente do Grupo Parlamenta­r do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, o partido no podertem dados que justificam um alargament­o da discussão da proposta de lei, aprovada na generalida­de a 23 de Fevereiro. Virgílio de Fontes Pereira declarou que o novo Código Penal tem várias questões, como a despenaliz­ação do aborto, que devem ser melhor abordadas pela sociedade.

O deputado disse que, apesar de todo o esforço do Executivo em levar o texto à consulta pública, existem questões que devem ser ponderadas com maior profundida­de, uma vez que o assunto tem estado a preocupar a sociedade, principalm­ente o artigo relacionad­o com o aborto.

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