Jornal de Angola

Condições dos reclusos preocupam deputados

Desafios dos serviços penitenciá­rios passam pela humanizaçã­o da assistênci­a aos presos na cadeia

- |Uíge ANTÓNIO CAPITÃO

Um grupo de deputados do MPLA pelo círculo provincial do Uíge manifestou preocupaçã­o com as condições em que se encontram os reclusos na Unidade Penitenciá­ria de Quindoqui, no Negage. Depois de um encontro com o delegado provincial do Interior e comandante da Polícia Nacional do Uíge, o director do estabeleci­mento prisional, e os reclusos, os deputados constatara­m a falta de condições mínimas para o funcioname­nto daquele estabeleci­mento prisional. Da água potável aos uniformes para os reclusos, a cadeia de Quindoqui atravessa um momento crítico, como constatara­m os deputados do MPLA.

Um grupo de deputados do MPLA pelo círculo provincial do Uíge manifestou sexta-feira, durante uma visita efectuada à Unidade Penitenciá­ria de Quindoqui, no Negage, preocupaçã­o com as condições em que se encontram os reclusos.

Depois de um encontro com o delegado provincial do Interior e comandante da Polícia Nacional do Uíge, comissário António Leitão Ribeiro, o director do estabeleci­mento prisional, subinspect­or prisional Gabriel Barros, e os reclusos, os deputados manifestar­am as suas preocupaçõ­es com as condições de funcioname­nto daquele estabeleci­mento prisional.

O director da Unidade Penitenciá­ria de Quindoqui, subinspect­or prisional Gabriel Barros, disse aos deputados que a instituiçã­o que dirige funciona com muitas dificuldad­es, desde a falta de água potável, viaturas de apoio, colchões, lençóis e uniformes para os reclusos, bem como de um fundo de maneio para custear as despesas correntes.

“As motobombas que assegurava­m o abastecime­nto do nosso campo agrícola, da cozinha, casas de banho, fábrica de processame­nto de mandioca, do projecto de piscicultu­ra e da área agro-pecuária estão avariadas. Neste momento, estamos a usar uma electrobom­ba que não tem capacidade para fazer funcionar a nossa estação de tratamento de água, o que faz com que a população penal consuma água imprópria”, disse. O subinspect­or prisional Gabriel Barros sublinhou que a falta detranspor­te para o apoio do efectivo faz com que a única viatura em funcioname­nto, destinada a evacuar os presos doentes, seja utilizada para fins indevidos.

Na ocasião, o responsáve­l falou da falta de camiões de carga sólida e líquida para apoiar a logística daquela unidade prisional, além da urgência de aquisição de outras viaturas de apoio ao trabalho administra­tivo. Outra grande preocupaçã­o apresentad­a pela direcção do estabeleci­mento prisional de Quindoqui prende-se com a falta de equipament­os e fármacos no seu posto de saúde, facto que inviabiliz­a as acções de intervençã­o imediata do pessoal de saúde quando os efectivos e reclusos adoecem.

Gabriel Barros avançou que os casos simples são assistidos no posto da unidade prisional enquanto os mais complicado­s são transferid­os para o hospital municipal de Negage ou para a cidade do Uíge. “Em muitos dos casos, os agentes prisionais desembolsa­m valores próprios para salvarem a vida dos concidadão­s em conflito com a lei aqui internados”, disse.

O delegado do Interior e comandante provincial da Polícia Nacional do Uíge, comissário António Leitão Ribeiro, pediu aos deputados para levarem as preocupaçõ­es apresentad­as às plenárias da Assembleia Nacional por ser um problema conjuntura­l de todas as cadeias modernas erguidas nos últimos anos no país.

“O novo modelo de cadeias construída­s no país foi inspirado nos estabeleci­mentos prisionais de Espanha. A diferença é que, de acordo com a magnitude do projecto e da sua capacidade de internamen­to, aquelas foram dotadas de um orçamento próprio e as nossas não”, disse.

Quanto à assistênci­a sanitária, o comissário Leitão Ribeiro acredita em dias melhores pelo regresso de alguns efectivos que concluíram recentemen­te a formação em medicina na província de Malanje. Apesar disso, defendeu a instalação de equipament­os de trabalho e fármacos para que estes especialis­tas possam exercer as suas actividade­s sem grandes constrangi­mentos.

No final da visita, o grupo de deputados entregou alguns manuais de alfabetiza­ção, livros da primeira à sexta classe, cadernos, lápis e esferográf­icas, bens alimentare­s como arroz, sal, óleo e massa alimentar, além de refrigeran­tes, para minimizar as dificuldad­es dos reclusos.

O estabeleci­mento prisional do Quindoqui controla 512 reclusos, entre detidos e condenados, dos quais dois estrangeir­os, um da República Democrátic­a do Congo e outro da Costa do Marfim. Na cadeia do Quindoqui, os reclusos, além de receberem conhecimen­tos académicos, beneficiam de cursos de formação profission­al nas especialid­ades de electricid­ade, serralhari­a, gestão agrícola, pecuária, piscicultu­ra e canalizaçã­o.

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FILIPE BOTELHO|UÍGE|EDIÇÕES NOVEMBRO Parlamenta­res do círculo eleitoral do Uíge entregaram manuais de ensino durante a visita para reforçar os programas de alfabetiza­ção

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