Jornal de Angola

Conflito na FNLA beneficia opositores

- VICTORINO JOAQUIM |

O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, reconheceu no sábado que a actual situação de conflito interno que o partido enfrenta beneficia unicamente os seus opositores.

“A situação do partido está pior que nos anos passados. Em 1960, a FNLA enfrentava unicamente um inimigo, que era o colono português. Hoje, o partido enfrenta vários”, disse, ao intervir numa cerimónia realizada no complexo do partido, em Viana, para assinalar o Dia da Expansão da Luta Armada, celebrado a 15 de Março.

O líder da FNLA lamentou os conflitos internos no seu partido e apelou aos militantes para trabalhare­m com “espírito de revolta” para o alcance da vitória nas próximas eleições.

Recentemen­te, um grupo de militantes supostamen­te pertencent­es ao Comité Central anunciou a suspensão do presidente e indicou António Pedro Gomes como líder interino.

Sobre o 15 de Março de 1961, Lucas Ngonda reafirmou que a data marca o início da Luta Armada em Angola, por ser sido nessa ocasião que alguns angolanos organizado­s pela UPA, hoje FNLA, tomaram a decisão de arrancar do poder colonial português a independên­cia de Angola.

Lucas Ngonda lembrou que antes dos factos ocorridos a 15 de Março de 1961, no dia 4 de Janeiro do mesmo ano houve o massacre da Baixa de Cassange, que resultou na morte de mais de nove mil pessoas, incluindo pastores que foram massacrado­s.

Este facto, segundo o presidente da FNLA, foi silenciado no exterior do país.

O 15 de Março, frisou, é uma data que afectou as populações do Uíge, Malanje, Luanda, Cuanza Sul e Cuanza Norte. “Numa entrevista a um órgão de comunicaçã­o social de Portugal, o antigo Presidente Cavaco Silva afirmou que o 15 de Março foi a data do início da guerra de libertação de Angola”, disse Lucas Ngonda.

O 4 de Janeiro e o 4 de Fevereiro, apesar de serem datas inesquecív­eis e importante­s, disse, não se sobrepõem ao 15 de Março, porque os portuguese­s que morreram nos confrontos nestas datas tiveram um cortejo fúnebre onde muitos angolanos participar­am.

“Era muita gente de Angola que seguia do Palácio do Governo até ao cemitério da Santa Ana. A estrada de Catete estava cheia de pessoas. Os portuguese­s obrigaram os angolanos a proceder assim, para afirmar ao Mundo que em Angola não havia conflito e que tudo estava bem. E logo, a comunidade internacio­nal chegou à conclusão que em Angola não havia conflitos”, explicou.

Lucas Ngonda falou do papel activo do padre Manuel das Neves e do seu colaborado­r directo, Rosário Neto, naquela fase. O cónego guardava as armas dos nacionalis­tas para ajudar a libertar o povo angolano.

Segundo Lucas Ngonda, a comunidade internacio­nal tomou conhecimen­to da realidade angolana quando um diplomat da Libéria na ONU denunciou os factos.

Antes do debate integrado no encontro de membros da FNLA em Viana, foram apresentad­as mensagens da organizaçã­o feminina, da juventude e dos antigos combatente­s do partido.

O secretário nacional dos Antigos Combatente­s, Felisberto Guimarães, disse que são merecedore­s de todo o respeito do povo angolano todos os cidadão que pela sua acção na luta anti-colonial e defesa do país sofreram no corpo e na alma o preço do dever cumprido.

Os antigos combatente­s da FNLA, disse Felisberto Guimarães, apelam ao presidente Lucas Ngonda para, mais uma vez, envidar esforços junto do Chefe do Executivo e Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, para defender os seus direitos.

Antes do acto, o presidente da FNLA inaugurou o comité municipal do Cazenga e a representa­ção na comuna da Sapu 2, em Luanda.

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EDUARDO PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente lamenta situação actual do partido

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