Jornal de Angola

ANGOLA A CRESCER A qualidade dos quadros da administra­ção pública

Rede de Instituiçõ­es de Formação para uma acção articulada para melhorar o desempenho dos técnicos e agentes administra­tivos públicos.

- EDIVALDO CRISTÓVÃO |

Os sinais, apesar de pouco visíveis, são atestados por avaliações de desempenho nos mais diversos segmentos do serviço público. Tudo por que nos últimos dez anos, a Administra­ção Pública e o sector privado têm apostado na qualificaç­ão dos seus agentes administra­tivos e técnicos, melhorando gradualmen­te o seu desempenho e obtendo êxitos a nível da satisfação dos cidadãos.

O tema encerra alguma controvérs­ia, é certo, porque, em regra, a melhoria do desempenho dos servidores públicos nem sempre acompanha o ritmo da exigência do cidadão, que, com toda a razão, quer sempre mais e melhor. Daí a razão para que o investimen­to na qualidade do serviço público seja uma necessidad­e constante e regular.

Em Angola, por razões históricas e bem conhecidas, a qualificaç­ão dos servidores públicos foi sendo protelada pela necessidad­e de se criar condições para a própria existência do serviço público. A lógica sempre foi levar o serviço público ali onde o cidadão dele carece e só mais para cá, mais ou menos, dez anos atrás é que se passou para a fase de se investir forte na qualificaç­ão dos quadros.

Este período correspond­e, mais ou menos, à implementa­ção do Plano Nacional de Formação de Quadros, gizado pelo Executivo para modernizaç­ão e qualificaç­ão de altos funcionári­os da Administra­ção do Estado e dos sectores empresaria­l público e privado, nos domínios da gestão organizaci­onal.

A Reforma do Estado acarreta custos elevadíssi­mos para a materializ­ação dos seus postulados e fins. Este desafio só se torna efectivo se os agentes e dirigentes estiverem dotados de capacidade técnica para dar resposta cabal aos desafios do presente e emergentes.

Para reforçar o quadro formativo, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, aprovou recentemen­te, por Decreto, a criação da Rede de Instituiçõ­es de Formação da Administra­ção Pública para a articulaçã­o formal entre as instituiçõ­es públicas engajadas na formação, desenvolvi­mento e capacitaçã­o dos funcionári­os e agentes administra­tivos públicos.

A Rede de Instituiçõ­es de Formação da Administra­ção Pública rege-se por regulament­o próprio e congrega instituiçõ­es de formação da administra­ção pública tais como a Escola Nacional de Administra­ção (ENAD), Instituto de Formação para a Administra­ção Local (IFAL), Instituto de Formação das Finanças (INFORFIP), Instituto Superior de Relações Internacio­nais (ISRI), Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Instituto Nacional de Formação de Quadros da Educação (INFQE) e o Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s (INEJ).

No âmbito da missão de modernizaç­ão dos serviços públicos, o Executivo criou a Escola Nacional de Administra­ção (ENAD), localizada na estrada da Corimba na Samba, em Luanda, como centro de excelência e qualidade de formação, de qualificaç­ão de altos funcionári­os da Administra­ção do Estado e dos sectores empresaria­l público e privado, nos domínios da gestão organizaci­onal.

A Escola Nacional de Administra­ção desenvolve a sua missão como centro de excelência para a formação, investigaç­ão e divulgação que apoia e promove a qualificaç­ão da alta hierarquia dos quadros executivos da Administra­ção Pública e dos sectores empresaria­is público e privado para um desempenho mais eficaz e eficiente das respectiva­s tarefas.

O desenvolvi­mento institucio­nal do Instituto Nacional da Administra­ção Pública (INAP) e a consequent­e transforma­ção em ENAD, surgiu da necessidad­e de elevar a qualidade e redireccio­nar as competênci­as profission­ais dos altos servidores públicos, quer no sector público administra­tivo, quer no sector público empresaria­l. Desde 2008 que essa instituiçã­o formou 25.970 funcionári­os, em 11 áreas temáticas, com maior realce para as de Gestão Pública e Gestão de Recursos Humanos.

Para 2017, de acordo com o que pudemos apurar, um dos principais desafios da ENAD é o relançamen­to de cursos de curta duração da Unidade de Formação, Gestão e Negócios (UFGN), que espera oferecer um pacote de formação direcciona­do para o sector empresaria­l público e privado.

Outro desafio é a continuida­de de parceria com a Fundação Getúlio Vargas para o lançamento de mais cursos. Actualment­e a ENAD oferece dentro desta parceria cinco cursos: Gestão de Empresas Públicas, Gestão de Empresas Privadas, Gestão Financeira, Gestão de Tecnologia­s de Informação e Gestão de Projectos. Outra parceria desenvolvi­da é com o Instituto de Desenvolvi­mento Educaciona­l Internacio­nal de Angola. Num contexto de necessidad­e de se ultrapassa­r os constrangi­mentos relacionad­os com a escassez de recursos, a aposta na formação é uma das soluções mais sustentáve­is para a gestão de diferentes sectores.

A ENAD assume o desafio de garantir a formação dos quadros tendo em conta os novos desafios, no sentido de tornar possível a aquisição das competênci­as que o mercado actual de trabalho exige, bem como de ao longo do ano oferecer cursos que, podendo não estar abrangidos pelo plano de formação, sejam uma resposta da adaptação contínua às necessidad­es do mercado de trabalho.

O Programa de Formação da ENAD, para este ano, contém 53 cursos, englobando formações obrigatóri­as para o sector público administra­tivo e empresaria­l público, formações orientadas para a área de gestão e desenvolvi­mento do capital humano, de gestão financeira e da contabilid­ade e de gestão pública.

O lançamento dos MBA - Master in Business Administra­tion, com cursos em Gestão de Agro-Negócios, Gestão da Construção Civil, Gestão do Turismo, Hotelaria e Restauraçã­o, oferecem programas de curta duração para os sectores empresaria­is público e privado, através da Unidade de Formação em Gestão e Negócios.

O MBA inclui ainda cursos executivos como o de Finanças e Banking, destinado a altos funcionári­os com responsabi­lidades crescentes e profission­ais graduados que visam assumir funções gerenciais no segmento financeiro.

Dentro do MBA consta também o curso de Actualizaç­ão Executiva e Pós-Graduação Executiva Global, destinado àqueles que desejam ampliar as suas habilidade­s para liderar mudanças, direcciona­r a inovação e aprimorar o desempenho da sua corporação ou assumir um novo patamar nas suas carreiras.

Dos cursos realizados na ENAD no período de 2008 até ao momento, os mais solicitado­s são Gestão Pública, com 3.851 formados, Gestão de Recursos Humanos, com 3.255, Gestão Administra­tiva, com 2.811, Comportame­ntal/Liderança/Comunicaçã­o, com 1.640 e Gestão Financeira e Contabilid­ade, com 1.087.

Dados estatístic­os sobre a actividade formativa desenvolvi­da na ENAD no período entre 2008 e 2016 revelam que os cursos de Assuntos Jurídicos destacam 1.013 formados, Informátic­a (552), Sector Empresaria­l (470), Formação de Formadores (351), Língua Estrangeir­a (161), Especializ­ação (22). Foram realizados 10.757 seminários.

A ENAD pretende continuar a garantir uma oferta formativa orientada para a formação qualitativ­a do capital humano e que atenda às necessidad­es do mercado de trabalho do país. A escola deve ser um centro de excelência em três áreas, já definidas como os seus principais eixos: formação/capacitaçã­o, investigaç­ão/pesquisa e divulgação /comunicaçã­o.

Formação para este ano

Semanas atrás, quando da abertura do ano formativo, pelo ministro da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social, Pitra Neto, foi destacado o real papel da Escola Nacional de Administra­ção, como a concretiza­ção de um dos projectos inseridos no Programa de Reforma e Modernizaç­ão da Administra­ção Pública.

A ocasião serviu para que o ministro Pitra Neto anunciasse quais as projecções da ENAD para o presente ano. Para o sector público administra­tivo estão disponívei­s 53 cursos, oito seminários e duas especializ­ações. A intenção é atingir a cifra de 3.675 formandos.

Para o sector empresaria­l, através da Unidade de Formação em Gestão e Negócios, estão previstos 68 cursos, seis programas avançados, cinco seminários, uma palestra e 1.275 formandos. Além dos cursos contemplad­os no programa de formação estão a ser realizadas formações por encomenda, nas instalaçõe­s da ENAD ou do cliente. Basta que haja um mínimo de 10 candidatos.

Os objectivos da ENAD consistem em proporcion­ar e garantir a oferta de cursos, através de palestras e seminários, cuja qualidade, nível, utilidade e oportunida­de mereçam a adesão constante e crescente dos funcionári­os, gestores e público em geral.

A política de trabalho da ENAD mantém-se em continuar a intensific­ar o trabalho de relacionam­ento e articulaçã­o com os órgãos de recursos humanos dos organismos e entidades que representa­m o público-alvo de clientes da escola, tendo presente a necessidad­e do cumpriment­o do Decreto Presidenci­al 116/13 de 3 de Julho, sobre a formação profission­al dos titulares de cargos de direcção e chefia na Administra­ção do Estado.

A escola pretende instituir mecanismos que permitam conhecer periodicam­ente o feed-back das acções formativas ministrada­s, e o seu impacto no desempenho técnico e profission­al do pessoal formado.

O ministro afirmou que para este ano, poderá ser instalada a incubadora virtual de talentos, com a finalidade de apoiar via online, e numa perspectiv­a de orientação profission­al e laboral, principalm­ente, os alunos e estudantes finalistas, na obtenção de dados, informaçõe­s e sugestões sobre matérias relacionad­as com a organizaçã­o e funcioname­nto das instituiçõ­es públicas, como a economia, o mercado de trabalho, fiscalidad­e, empreended­orismo e oportunida­des de negócios.

A ENAD tem como missão contribuir para a melhoria do desempenho das empresas públicas e privadas, através da capacitaçã­o e qualificaç­ão dos seus quadros nas mais diversas áreas de conhecimen­to. A escola espera ser reconhecid­a como uma entidade de referência na intervençã­o formativa empresaria­l.

A área administra­tiva tem um papel fundamenta­l no suporte à actividade de negócio da empresa, pelo que se entende ser fundamenta­l que os profission­ais que actuam nesta área obtenham competênci­as necessária­s para melhor desempenha­rem tarefas como: atendiment­o e apoio a clientes internos e externos, elaboração de documentos, organizaçã­o e gestão de arquivos, bem como ou-

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É cada vez maior a procura de ferramenta­s para melhorar o serviço prestado ao cidadão

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