Jornal de Angola

Combater a fome

- LUÍZA DO NASCIMENTO |

Muitos milhões de africanos são vítimas de uma tragédia humana, provocada por uma crise alimentar. Trata-se de países como a Somália, Nigéria e Sudão do Sul. A organizaçã­o das Nações Unidas já lançou apelos para que a comunidade internacio­nal ajude a combater o fenómeno que põe em risco a vida de muitas pessoas.

O mundo não deve ficar indiferent­e perante o problema da fome que afecta particular­mente muitos milhares de crianças, que, segundo dados da ONU, estão gravemente malnutrida­s. Que as informaçõe­s que são divulgadas pela ONU sobre a tragédia humana em vários países sejam levadas muito a sério por políticos e governante­s, em particular de países com recursos financeiro­s e de outra natureza para ajudar a superar a tragédia humana que afecta milhões de seres humanos.

O problema da fome está já identifica­do, sendo necessário que se mobilizem meios para atender um número elevado de pessoas. Trata-se de salvar vidas humanas. É dever da comunidade internacio­nal unir esforços para que urgentemen­te se faça alguma coisa para acudir a milhões de pessoas necessitad­as de assistênci­a.

Em relação à fome que afecta vários países, a ministra do Desenvolvi­mento Internacio­nal do Canadá, Marie-Claude Bilbeau, foi clara: “A situação deteriorou-se a tal ponto que se tornou uma tragédia humana, porque mais de 20 milhões de pessoas são vítimas da fome”.

Que outros países desenvolvi­dos, como o Canadá, sejam sensíveis ao sofrimento de um número elevado de seres humanos e tracem estratégia­s capazes de fazer com que a fome seja erradicada. Hoje já se fala mesmo numa catástrofe se não houver urgentemen­te uma estratégia de combate à fome em países africanos e no Iémen.

A crise económica e financeira não deve justificar a falta de um empenho de países com muitos recursos na resolução de um problema que pode causar a morte de mais de 20 milhões de pessoas. É nos momentos difíceis que as diversas Nações que formam a comunidade internacio­nal devem dar o que podem dar para salvar vidas humanas.

Não devemos ficar indiferent­es em relação aos dados sobre a tragédia humana em países africanos causada pela fome que nos são fornecidos por organizaçõ­es internacio­nais.

A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) indicou que na Somália mais de 6,2 milhões de pessoas, ou seja, metade da população, necessita de uma ajuda humanitári­a de urgência, incluindo quase três milhões de pessoas que sofrem de fome.

Há esperança de que o actual secretário-geral da ONU, António Guterres, que trabalhou durante vários anos como alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados possa, em virtude da sua longa experiênci­a na gestão de problemas de natureza humanitári­a, dar uma grande contribuiç­ão para a superação da tragédia humana provocada pela fome.

Homem extremamen­te sensível ao sofrimento das pessoas, António Guterres não descansará certamente enquanto não encontrar meios para se evitar milhares de mortes nos países afectados pela fome.

Mas o secretário-geral da ONU tem de contar com o empenho da comunidade das Nações. O combate à fome que afecta muitos milhões de pessoas tem de ser feito por toda a comunidade internacio­nal. Que a União Africana leve a cabo acções diplomátic­as em diferentes continente­s, a fim de se angariarem meios e fundos destinados a acudir as pessoas que sofrem no nosso continente, por causa da fome. É preciso ir ao encontro dos governante­s de países que estejam em condições de ajudar a África a superar mais este problema. Nós, africanos, não podemos nem devemos ficar de braços cruzados, perante a tragédia humana que pode matar muitos milhões de irmãos nossos.

Quando se está perante uma tragédia humana como a que está a acontecer em África, tem de ser pôr em acção os mecanismos de solidaried­ade, quer dando alguma coisa às pessoas necessitad­as, quer trabalhand­o para que países e organizaçõ­es filantrópi­cas vão em socorro de seres humanos que podem morrer a qualquer momento. Que os valores de solidaried­ade e humanismo estejam presentes em todo o mundo, em particular em África. Temos todos nós, africanos, de assumir o compromiss­o de que não vamos abandonar os nossos irmãos que passam fome. É preciso que tenhamos vontade de ajudar a ultrapassa­r o problema da fome no continente.

Que as organizaçõ­es regionais de África tracem também estratégia­s que possam, em coordenaçã­o com a ONU, levar urgentemen­te assistênci­a aos milhões de africanos que podem morrer de fome.

O número elevado de pessoas que podem morrer por causa da fome em África justifica o empenho de estadistas e de organizaçõ­es internacio­nais, a fim de que se crie uma rede enorme de solidaried­ade, com vista a fazerse face à tragédia. Não devemos ficar à espera que aconteça o pior. O problema está identifica­do. Importa combatê-lo já.

Falsos profission­ais

A descoberta de falsos profission­ais na nossa sociedade, particular­mente para aqueles sectores em que há, de facto, uma escassez de quadros, devia dar lugar a novas abordagens. Embora esse comportame­nto envolva, geralmente, crime por causa da falsa identidade e outros, era bom ponderar-se outras consideraç­ões. Por exemplo, num país em que faltam médicos e enfermeiro­s, entre as consideraç­ões legais e as de ordem social, seria preferível submeter o falso profission­al a eventuais testes. Primeiro para certificar-se sobre as qualificaç­ões exactas do mesmo, em segundo lugar para, caso a caso, ponderar-se a inserção do mesmo ali onde faça falta. Mas se diferença entre o que sabe e o que faz for gigantesca, a acção legal e punitiva deve ser o suficiente para desencoraj­ar completame­nte. Mas, caso a caso, era bom ponderarem-se outras consideraç­ões quando a sociedade se depara com casos

Estátua de faraó

Acompanhei com algum interesse a descoberta por parte de arqueólogo­s alemães e egípcios de uma estátua colossal de um antigo governante, da era anterior à vinda de Cristo. Tratava-se de uma estátua de parte superior do corpo humano, profission­almente esculpida e que já é motivo de atracção de académicos e curiosos. Foi interessan­te ver a reportagem fotográfic­a protagoniz­ada por uma agência noticiosa, a partir do lugar lamacento em que foi retirado o pesado busto. Olhando para os contornos da escultura, dá para perceber o quanto em termos estéticos os homens da antiguidad­e tinham. Inicialmen­te cogitava-se a possibilid­ade de se tratar da estátua do faraó Ramsés II, um dos mais poderosos líderes do Egipto Antigo. Mas segundo estudos avançados, comprovou-se que se não tratava do terceiro faraó da XIX dinastia, uma das que

Lixo perto do LEA

A recolha de lixo melhorou bastante nos últimos tempos, com as empresas de limpeza das nossas ruas a retirarem com celeridade os resíduos sólidos dos nossos bairros. Constatei entretanto no sábado, dia 18, grande concentraç­ão de lixo junto ao Laboratóri­o de Engenharia de Angola (LEA), situado no Distrito Urbano da Maianga.

Não sei a razão por que o lixo não é recolhido, mas era bom que se procedesse imediatame­nte à sua recolha, tendo em conta que ainda há casos de cólera em Luanda. A cólera mata e temos de tomar todos os cuidados para combater a doença. E um dos cuidados a tomar é a limpeza. Apelo às autoridade­s para que tomem providênci­as no sentido de evitar que haja grandes concentraç­ões de lixo nos diferentes bairros de Luanda.

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