Jornal de Angola

Coligação ataca imigrantes somalis

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O Governo da Somália culpou a coligação liderada pela Arábia Saudita de atacar uma embarcação com pelo menos 42 refugiados somalis na costa do Iémen, deixando um rasto de mortos entre “mulheres e crianças que procuravam apenas chegar a um bom lugar para sobreviver­em a crise no país”.

O ataque foi executado contra uma embarcação civil sem meios alguns para se defender por um navio e um helicópter­o militar da coligação árabe que combate os rebeldes no Iémen.

A Somália pediu à coligação, que é apoiada pelos Estados Unidos, para investigar o que aconteceu na sexta-feira de manhã. A embarcação atingida estava abarrotada de refugiados, inclusive com mulheres e crianças.

“O que aconteceu aqui foi um problema terrível e espantoso infligido a somalis inocentes. A coligação liderada pela Arábia Saudita que combate no Iémen é responsáve­l por isso”, disse o ministro das Relações Exteriores da Somália, Abdisalam Omer, na rádio estatal do país, ao comentar a tragédia.

O ministro acrescento­u que o Governo iemenita também deve procurar uma explicação para o ataque e levar os responsáve­is à justiça.

Em comunicado separado, o primeiro-ministro somali, Ali Hassan Khaire, disse que a ofensiva foi “atroz e espantosa, jamais imaginável numa altura em que os exércitos têm vários equipament­os para observar antes de proceder a qualquer ataque”.

Os rebeldes iemenitas xiitas também acusaram a coligação liderada pela Arábia Saudita, que, por sua vez, não fez comentário­s sobre o incidente.

O ataque ocorreu poucas semanas depois de o recém-eleito Presidente da Somália, o somali-americano Mohamed Abdullahi Mohamed, ter escolhido a Arábia Saudita como o primeiro país que pretende visitar no âmbito dos seus contactos internacio­nais.

O ataque colocou em evidência os perigos da rota, que é muito usada por imigrantes, e que se estende do Corno de África até ao Golfo Pérsico, passando pelo Iémen, que actualment­e está em guerra civil.

Laurent De Boeck, chefe do escritório da Organizaçã­o Internacio­nal para as Migrações (OIM) em Sanaa, capital do Iémen, disse que a agência das Nações Unidas acredita que todos os que estavam a bordo eram refugiados registados pela organizaçã­o.

Um contraband­ista iemenita que sobreviveu ao ataque disse que a embarcação que transporta­va refugiados tentava chegar ao Sudão, para encontrar abrigo seguro, depois de deixar a Somália.

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ARIS MESSINIS|AFP Embarcação com crianças foi alvo de ataque

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