Jornal de Angola

Famílias chamadas a resgatar valores morais

- JAQUELINO FIGUEIREDO E ADOLFO DUMBO|

As famílias tradiciona­is do município do Soyo, na província do Zaire, foram chamadas a desempenha­r um papel activo para o resgate dos valores morais e cívicos em declínio no seio da juventude, com vista a salvaguard­ar a estrutura da sociedade local e angolana.

O apelo foi feito pelo procurador da República junto do Tribunal Municipal do Soyo, Mário Gama, quando proferia, na comuna do Quelo, cerca de 125 quilómetro­s a Sul da cidade do Soyo, uma palestra subordinad­a ao tema “O papel da família no resgate dos valores morais, cívicos e éticos”, no quadro da jornada Março Mulher.

Mário Gama disse haver necessidad­e de se resgatar os valores morais e cívicos a nível da sociedade do Soyo, pelo facto dos jovens preferirem o modernismo em detrimento dos usos e costumes locais ou de matriz angolana.

“Os jovens hoje têm uma maneira diferente de ver a vida em relação à velha geração, resultante das mudanças socioeconó­micas e da própria estrutura social, cujos promotores dessas mudanças sociais são as próprias pessoas”, disse.

De acordo com aquele magistrado, os jovens enfrentam dificuldad­es na absorção dos valores morais e cívicos, por falta de acompanham­ento dos pais, tutores e encarregad­os, bem como ao depararem-se Procurador da República no Soyo com outras culturas que invadem a sociedade angolana, resultante­s das imigrações e das novas tecnologia­s de informação e comunicaçã­o.

“Os jovens estão confrontad­os com uma série de valores que recebem, tanto da família como dos pais, avós e tios e depois deparamse com os que resultam de pessoas de outras culturas e os que acompanham dos órgãos de comunicaçã­o social, sobretudo o que vêem na Internet. Este choque de valores leva os jovens a identifica­rem-se com a modernidad­e”, explicou.

A modernidad­e, referiu, constitui hoje a porta por onde entram as diferentes culturas dos quatro cantos do mundo e criam um choque que desvia a juventude que acaba posteriorm­ente por abandonar os usos e costumes locais ou angolanos e gera o famoso conflito de valores. A par da responsabi­lidade da família tradiciona­l, toda a sociedade, o Estado e as instituiçõ­es têm um papel muito importante no resgate de valores morais, cívicos e éticos na região.

Por seu turno, a primeira secretária municipal da OMA no Soyo, Madalena Kanga, disse que a família constitui o primeiro factor da socializaç­ão, onde as mulheres são a principal força de trabalho na sociedade.

“A família angolana e a sua estrutura social ficaram fragilizad­as por causa do nosso passado recente, caracteriz­ado por um conflito armado bastante prolongado, tendo como consequênc­ias a pobreza e traumas psicológic­os que afectaram os valores tradiciona­is e os elementos fundamenta­is da organizaçã­o social angolana, daí a constataçã­o de que estamos perante uma grave crise de valores morais, cívicos e éticos”, acrescento­u.

Madalena Kanga apontou o consumo excessivo de álcool e drogas pesadas como um dos factores que devem ser combatidos com particular atenção, sob pena de afectar negativame­nte os futuros quadros do país.

“O consumo excessivo de álcool e drogas é um problema social que tem de ser analisado com particular atenção e cuidado, sob pena de afectar os futuros quadros do país. Os conflitos familiares, a violência doméstica, por outro lado, são também causas que afectam os valores morais, cívicos e éticos, pelo que a OMA, ciente das suas responsabi­lidades, promove palestras para o seu resgate”, concluiu.

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ADOLFO DUMBO|EDIÇÕES NOVEMBRO

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