OPEP disposta a alargar cortes
Promessa de redução é ameaçada pela alta da produção norte-americana
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) têm uma “forte disposição” de estender o período de duração do acordo para cortar a produção da matéria-prima, quando as autoridades do “cartel” se reunirem em Maio próximo, afirmou o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih.
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) têm uma “forte disposição” de estender o período de duração do acordo para cortar a produção da matéria-prima, quando as autoridades do “cartel” se reunirem em Maio próximo, afirmou, em entrevista, o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih.
Os países produtores de petróleo de dentro e de fora da OPEP já demonstram um “desempenho impressionante” para conter o fluxo de barris no mercado, desde o acordo alcançado no final de 2016, para reduzir a produção total em 1,2 milhões de barris por dia, disse Khalid al-Falih.
O ministro saudita disse ainda que ele e as outras autoridades monitorizam de perto os níveis de stocks de petróleo, antes de decidir se estendem os cortes. Os stocks não têm recuado como esperavam os membros da OPEP, mas ainda há tempo para isso mudar antes da próxima reunião do cartel, referiu.
Khalid al-Falih disse que os membros acreditam que o acordo, apoiado pelas nações de fora do grupo, entre elas a Rússia, funciona bem e leva a cortes acentuados na produção. “As minhas conversas com colegas da OPEP e de fora do grupo dão um alto grau de confiança de que o desempenho impressionante que temos visto irá melhorar” em termos de cumprimento dos cortes, disse. Fontes ligadas ao assunto disseram que a OPEP debate em privado, nas últimas semanas, se amplia a duração dos cortes. O Kuwait foi o primeiro país do Golfo Pérsico aliado da Arábia Saudita a pedir a extensão dos cortes. O Irão, membro da OPEP, também pediu isso, embora o próprio país não tenha uma meta de corte na produção.
Alguns membros da OPEP não cumpriram as suas metas, mas a Arábia Saudita cortou além do prometido. Segundo a OPEP, o país reduziu a sua produção em 800 mil barris por dia desde Outubro, cerca de 300 mil barris por dia a mais que o combinado.Na semana passada, em privado, Khalid al-Falih falou com as autoridades da Rússia e do Iraque e mostrou-se frustrado com o progresso lento para o corte na produção destes, segundo fontes ligadas ao assunto. Pessoas balizadas no assunto confirmaram que os dois países asseguraram que estão comprometidos com o corte.
Investidores
Os contratos futuros de petróleo operam com alguma estabilidade, em meio a sinalizações de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo pode estender os cortes de produção e os altos”stocks” dos Estados Unidos.
Os preços mantém-se próximos dos menores patamares em três meses e meio, num ambiente de dúvidas sobre se o acordo da OPEP consegue mesmo diminuir os stocks da matéria-prima que têm subido nos últimos meses.
“O foco mantém-se nos altos níveis dos stocks mundiais que, de acordo com o último relatório da OPEP, permanecem em 278 milhões de barris acima da média móvel de cinco anos em Janeiro”, afirmou Michael Poulsen, gerente de risco de petróleo da Global Risk Management.
A promessa do cartel de reduzir a sua produção, embora pareça estar mantida, é ameaçada pela alta da produção norte-americana. Segundo o Departamento de Energia (DoE), a produção local já ultrapassou o nível de nove milhões de barris por dia e deve atingir 9,7 milhões de barris dia em um ano.
“Embora a produção norte-americana não deva conseguir repor os cortes prometidos este ano, estamos abertos a possibilidade de que ela surpreenda para cima”, escreveu Vivek Dhar, estrategista de matériasprimas do Commonwealth Bank. “Por outro lado, com a queda dos preços do WTI para baixo de 50 dólares por barril, o crescimento da extracção nos EUA pode começar a desacelerar”, concluiu.