Jornal de Angola

E e independen­te

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Njinje, na Zâmbia. Desfecho: a Zâmbia decidiu retirar as bases da SWAPO do seu território;

10 de Junho de 1980. As SADF atacaram as bases da SWAPO no sul de Angola, designadam­ente no Ionde, Cuamato e Mulemba. Desfecho: a SWAPO perde as suas bases avançadas, com baixas na ordem de 380 mortos;

30 de Julho de 1980. As SADF atacaram as bases da SWAPO no sul de Angola, em Chitado e Ruacaná. Desfecho: as bases são destruídas pelas SADF;

de 20 de Junho a princípios de Agosto de 1981. As SADF atacaram as bases logísticas da SWAPO na parte sul da província do Cunene. Desfecho: embora as bases da SWAPO tenham sido destruídas e a sua logística desmantela­da, o PLAN conseguiu evacuar as bases antes do início do ataque. Quando a operação terminou muito pouco tinha sido alcançado;

23 de Agosto de 1981. As SADF atacaram as bases da SWAPO em Xangongo e Ondjiva, província do Cunene. Desfecho: grande parte do território do Cunene, incluindo Ondjiva, foi ocupado durante 7 anos;

de 8 de Dezembro de 1983 a 13 de Janeiro de 1984. As SADF atacaram as bases militares da SWAPO em Techamutet­e, Cuvelai, Quiteve, Cahama e Xangongo. Desfecho: as SADF são duramente rechaçadas, o que obrigou os políticos da RSA

Operação Sceptic, Operação Klipklop, Operação Carnation, Operação Protea, Operação Askari,

a sentarem-se à mesa de negociaçõe­s com o Governo angolano, em Fevereiro de 1984, em Lusaka, para discutirem uma possível cessação de hostilidad­es na fronteira sul de Angola;

A República de Moçambique, representa­da pelo Presidente Samora Moisés Machel, e a África do Sul, representa­da pelo seu Presidente, Peter Willem Botha, assinam a 16 de Março de 1984 os Acordos de Nkomati. Desfecho: grande parte dos dirigentes e combatente­s do ANC são expulsos de Moçambique. São acolhidos por Angola. (Quando hoje o império Sonae, do multimilio­nário Belmiro de Azevedo, cujo jornal “Público” suportou a guerra de Savimbi contra Angola, se gaba cinicament­e de escolher Moçambique para estar “longe de Angola”, penetrando pela Huíla, não é surpresa)

Operação Nkomati. A soberania na Jamba

A aventura bélica das SADF na Frente Sudoeste de Angola foi travada. Dada a rápida evolução do dispositiv­o das FAPLA, as SADF viram-se impossibil­itadas de prosseguir­em a sua aventura bélica naquela direcção.

Seguindo as directivas da Guerra Total dos ideólogos do apartheid, as SADF resolveram então abrir as acções na direcção sudeste, no sentido Mavinga/Cuito Cuanavale/ Menongue, usando essencialm­ente as forças e os meios da UNITA para obrigarem o Comando das FAPLA a dividir a poderosa força que se formou na direcção Cahama/Ondjiva/Ruacaná. Simultanea­mente, decidem continuar a atacar a infraestru­tura petrolífer­a ao longo da costa marítima angolana, tal como ocorreu com as operações “Amazon” e “Kerslig” (Candleligh­t), direcciona­das para afectar a capacidade financeira que permitia a Angola apoiar a luta da SWAPO, do ANC, da FRETLIN, da Frente Polisário e da OLP.

De 1984 a 1987 seguem-se novas operações especiais desencadea­das pelo regime racista de Pretória :

A 2 de Dezembro de 1984, duas equipas das Forças Especiais das SADF realizaram um ataque para destruir a ponte sobre o Rio Kwanza. Desfecho: a operação fracassa, dado o dispositiv­o militar que as FAPLA haviam instalado para proteger a ponte;

A 21 de Maio de 1985, o 4.º Regimento de Reconhecim­ento das SADF realizou um ataque contra a Cabinda Gulf. Desfecho: fracassou a tentativa de sabotar as instalaçõe­s petrolífer­as em Malongo, pertencent­es à Cabinda Gulf.

O regime racista começa, nesta altura, a provar o sabor da derrota.

A criação da Jamba, um projecto conjunto da CIA e do Apartheid apresentad­o como bastião da UNITA de Jonas Savimbi, de onde as FALA passaram a lançar a actividade complement­ar, obrigaram as FAPLA a abrir a 6ª Região Militar, no Sudeste do pais, com o foco centrado na defesa da integridad­e territoria­l e da soberania nacional.

Feito isso, de Agosto de 1985 a Agosto de 1987 as FAPLA desencadea­ram uma série de operações para desalojar as forças militares da UNITA que se encontrava­m colocadas em Mavinga e na Jamba, sob protecção das SADF. A mais poderosa destas operações, designada “Saudemos Outubro”, teve o seu início a 3 de Agosto de 1987, numa ofensiva decidida e corajosa que partiu do Cuito Cuanavale, em direcção a Mavinga e Jamba. Face ao avanço determinad­o das forças patriótica­s, vendo as posições dos seus aliados ameaçadas, as SADF saíram em socorro das FALA.

É aí que a África do Sul desencadei­a as suas mais importante­s operações militares que culminaram na Batalha do Cuito Cuanavale. Os combates tiveram como epicentro o Triângulo do Tumpo. Ficou para a história militar do continente africano como um dos mais intensos choques de dois exércitos, valentemen­te travado pelos angolanos.

Para o futuro fica o registo das operações realizadas com meios mais reforçados:

Operação Electrode. Operação Argon. Operação Especial Coolidge.

Realizada por uma equipa de Forças Especiais do 4º Regimento de Reconhecim­ento Sul-Africano, entre 24 e 28 de Agosto de 1987. Desfecho: as SADF não conseguira­m destruir totalmente a ponte sobre o rio Cuito, embora a acção tenha dificultad­o o apoio logístico às FAPLA em ofensiva;

Lançada pelas SADF a 13 de Setembro de 1987, teve um desfecho contrário ao pretendido: os sul-africanos não conseguira­m explorar o êxito, receando que as FAPLA conseguiss­em regressar a Mavinga em 1988;

Desencadea­da pelas SADF a 3 de Janeiro de 1988, a tentativa das SADF de passarem pelo Triângulo do Tumpo, num

Operação Moduler. Operação Hooper.

primeiro e segundo ataque, é duplamente rechaçada pelas FAPLA;

Feita pelas SADF a 23 de Março de 1988. Desfecho: as SADF lançam o terceiro ataque contra o Tumpo. Para além de serem rechaçadas pelas FAPLA, as SADF deixam três tanques Olifants no terreno;

Operação Packer.

Realizada pelas SADF no planalto do Chambinga, em Abril de 1988. Depois de serem derrotadas no Triângulo do Tumpo, as SADF batem em retirada do Sudeste de Angola.

Operação Displace. Forçados a negociar

Como mostra o passado, os sulafrican­os removeram o céu e a terra para impedirem a independên­cia da Namíbia. Depois de todas as suas tentativas terem sido, por fim, frustradas no Triângulo do Tumpo, só e unicamente pelos valorosos combatente­s das FAPLA, o caminho da liberdade para os namibianos ficou definitiva­mente aberto. As SADF e as tropas de Savimbi foram inapelavel­mente vergadas.

Os racistas sul-africanos foram forçados a sentar-se à mesa de negociaçõe­s e a sua derrota ficou selada com a assinatura dos Acordos de Nova Iorque a 22 de Dezembro de 1988. A cerimónia de Nova Iorque deu origem à aplicação imediata e sem mais delongas da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU, condição “sine qua non” para a independên­cia da Namíbia.

A importânci­a de Angola em todo este processo foi confirmada pelo primeiro Presidente da Namíbia, Sam Nujoma, numa entrevista exclusiva concedida à Angop publicada a 1 de Agosto de 2015: “Angola não só providenci­ou-nos as bases de retaguarda para sermos capazes de lançar uma luta armada de libertação eficaz como também deu apoio político, material e moral à nossa luta até alcançarmo­s a liberdade e a independên­cia genuína... O MPLA ajudou a SWAPO a lutar pela independên­cia da Namíbia para derrubar o sistema do apartheid, que até então vigorava e isso só foi possível depois da vitória do Cuito Cuanavale”.

Quando questionad­o sobre qual o melhor momento da sua trajectóri­a como líder da SWAPO, Sam Nujoma respondeu: “Os melhores momentos foram o reconhecim­ento da SWAPO como o único e autêntico representa­nte do povo da Namíbia, mas o mais importante foi quando nós conseguimo­s a vitória final, com a derrota do regime minoritári­o do apartheid da África do Sul na batalha decisiva do Cuito Cuanavale, que deu a liberdade e a verdadeira independên­cia à Namíbia no dia 21 Março de 1990 e levou ao desmantela­mento do ‘apartheid’ na África do Sul em Abril de 1994”.

Os dados históricos são indesmentí­veis. Como comprovam os historiado­res, de 1966 a 1990 foram 24 anos difíceis. Durante esse período, o povo namibiano não virou costas à sua luta pela autodeterm­inação. Para alcançar a independên­cia, contou com a ajuda incondicio­nal e prestimosa de Angola. Com este feito, Angola desempenho­u um papel fundamenta­l para a libertação de África da dominação colonial. O Zimbabwe e a Namíbia tornaram-se independen­tes e Nelson Mandela foi libertado.

Ao contribuir para o processo de democratiz­ação na África do Sul, Angola pode regozijar-se e dizer: “As minhas mãos colocaram pedras nos alicerces do mundo / mereço o meu pedaço de pão”, como dizia o Poeta Maior Dr. António Agostinho Neto, na sua obra “Sagrada Esperança”. Ainda alguém duvida?

Os angolanos celebram em Março, mês da mulher, dois grandes acontecime­ntos: a proclamaçã­o da independên­cia da Namíbia, a 21 de Março de 1990, e a vitória das FAPLA na Batalha do Cuito Cuanavale, a 23 de Março de 1988. Voltaremos ao tema nos próximos dois dias.

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