Crise de refugiados é a que mais cresce no mundo
SITUAÇÃO NO SUDÃO DO SUL Onda de violência entre Governo e rebeldes e fome causada pela seca agudizaram fenómeno
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) concluiu que a crise de refugiados no Sudão do Sul “cresce mais rápido no mundo”, após revelar que Março atingiu o pico de 5 mil pessoas a tentarem fugir do país num só dia e que uma média de 2,8 mil sul-sudaneses pede abrigo a cada 24 horas em nações vizinhas.
A agência chamou a atenção dos países para o que considera como "crise dos refugiados que cresce mais rápido" no mundo depois de sublinhar que até bem recentemente, as novas chegadas por dia eram de cerca de duas mil pessoas.
Em Fevereiro, o total atingiu seis mil sul-sudaneses.
Quase metade dos recém-chegados atravessou a fronteira para o Uganda, que enfrenta uma situação crítica no norte.
As instalações de trânsito para os recém-chegados estão a ficar sobrelotadas e as chuvas recentes agravam a miséria.
Esta situação ocorre oito meses após a erupção da mais recente onda de violência entre o Governo e grupos rebeldes no Sudão do Sul e devido a fome causada pela seca.
Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o número de sul-sudaneses no Uganda chega a 1,6 milhões, uma taxa considerada “alarmante” numa região marcada pela pobreza e pela falta de recursos para lidar com o número de pessoas que fogem. Outros países de acolhimento de sul-sudaneses são Sudão, Etiópia, Quénia, Republica Democrática do Congo (RDC) e República Centro-Africana (RCA).
Resgates no Mediterrâneo
Até ontem, mais de três mil imigrantes tinham sido salvos nas últimas 48 horas no Canal da Sicília, franja de mar que liga o norte de África a Itália, confirmaram fontes da guarda costeira que coordena os resgates na zona do Mediterrâneo.
As mesmas fontes disseram à agência noticiosa espanhola Efe que prevê-se que o número venha a aumentar, atendendo a que durante a madrugada e manhã estavam a ser realizados mais resgates.
Nas operações do fim de semana, num total de 24, participaram tanto unidades da guarda costeira italiana, como da missão europeia Eunavformed e barcos de organizações não-governamentais. O barco Dattilo da guarda costeira resgatou 1.477 pessoas, as quais vão desembarcar nas próximas horas no porto de Augusta, na Sicília.
Durante a madrugada de domingo, o barco Aquarius da Sos Mediterranee e da Médicos Sem Fronteiras resgatou 946 pessoas, que estavam à deriva em sete lanchas pneumáticas e em dois botes, as quais devem chegar hoje de manhã ao porto de Catânia.
Desde o início do ano, foram resgatados 15.852 imigrantes, mais 67 por cento do que em igual período do ano passado, segundo dados do Ministério do Interior. A emergência da imigração não cessa e o Governo italiano calcula que, ao longo deste ano, cheguem a Itália duzentos e cinquenta mil imigrantes, ou seja, mais setenta mil do que em 2016.
Crianças ameaçadas
Entretanto, na véspera, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou para ameaças enfrentadas por crianças migrantes e refugiadas. Segundo a agência da ONU, um ano após o encerramento das fronteiras de países da região dos Balcãs e após a declaração entre Turquia e a União Europeia para interromper grandes fluxos migratórios, menores enfrentam riscos maiores de deportação, detenção, exploração e privação.
Um ano depois do encerramento das fronteiras de países da região dos Balcãs e da declaração entre Turquia e União Europeia para interromper grandes fluxos migratórios, crianças refugiadas e migrantes enfrentam riscos maiores de deportação, detenção, exploração e privação. O director regional da agência, Afshan Khan, disse que “embora tenha havido uma grande queda no número geral de crianças entrando na Europa desde Março do ano passado, houve um aumento nas ameaças e dificuldades que crianças refugiadas e migrantes devem suportar”.
Para Afshan Khan, a questão virou “um círculo vicioso: crianças fogem de sofrimento e acabam ou fugindo de novo ou enfrentando detenção ou completa negligência”.
O também coordenador especial para a crise de refugiados e migrantes na Europa explicou que a equipa do Unicef na Grécia registou níveis profundos de angústia e frustração entre crianças e as suas famílias e que apesar de melhorias recentes nas condições de vida, algumas crianças desacompanhadas em abrigos sofrem stress psicológicos, com altos índices de ansiedade, agressão e violência.
A agência, que também cita comportamentos de alto risco como uso de drogas e prostituição, refere que a guerra, a destruição, a morte de amigos e familiares e uma viagem perigosa, exacerbados por condições de vida ruins em campos na Grécia ou procedimentos de asilo longos podem levar a problemas de stress pós-traumático.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, em parceria com o governo grego e organizações nãogovernamentais parceiras, dão prioridade ao apoio adequado para crianças migrantes e refugiados, para atender às suas necessidades psicossociais e de saúde mental.