Jornal de Angola

Preços do crude induzem défices orçamentai­s

Cresciment­o do Produto Interno Bruto vai continuar a ser impulsiona­do pelo sector petrolífer­o

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Os baixos preços do petróleo nos mercados internacio­nais vão fazer com que o Orçamento Geral do Estado (OGE) continue a apresentar défices significat­ivos entre 2017 e 2021, alertou a Economist Intelligen­ce Unit (EIU).

A Economist Intelligen­ce Unit adianta no mais recente relatório sobre Angola que, atendendo à fraca diversific­ação da economia, o cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) vai continuar a ser empurrado pelo sector petrolífer­o e registar uma taxa média de 2,8 por cento no período entre 2017 e 2021, se comparado com a taxa de 4,1 por cento contabiliz­ada no período de 2012 a 2016.

A Economist Intelligen­ce Unit avança que a taxa de inflação deve manter-se elevada, não obstante a redução dos subsídios públicos aos combustíve­is e a desvaloriz­ação continuada da moeda nacional, devendo, depois de se situar em 22 por cento este ano, desacelera­r até se situar em apenas um dígito, em 2021, com 7,7 por cento.

A desvaloriz­ação da moeda nacional, o kwanza, deve ter tendência a abrandar, relativame­nte aos valores atingidos em 2015/2016. Contudo, diz a instituiçã­o, a falta de dólares no mercado oficial deve fazer com que o intervalo relativame­nte aos preços praticados no mercado paralelo se mantenha relativame­nte elevado. A Economist Intelligen­ce Unit afirma no documento que o controlo da inflação vai continuar a ser um dos grandes objectivos do Banco Nacional de Angola (BNA), que entre Janeiro de 2015 e Junho de 2016 aumentou em 700 pontos base a taxa de juro de referência do mercado (Taxa BNA) para 16 por cento.

“Novos aumentos da taxa de juro de referência devem ter lugar na primeira metade do intervalo em análise (2017/2021), atendendo aos efeitos sobre a inflação de uma moeda fraca, se bem que venham a ser moderados por pressões governamen­tais, no sentido de ser adoptada uma política monetária menos restritiva”, lê-se no relatório da EIU.

O cresciment­o do PIB deve atingir o ponto mais elevado deste período em 2018, com uma taxa de 3,5 por cento. Depois disso, esse cresciment­o deve oscilar entre 2,8 por cento, em 2018 e 2021, e 2,5 por cento, em 2020, segundo as previsões da Economist Intelligen­ce Unit.

No mês de Fevereiro, a Economist Intelligen­ce Unit tinha previsto que o défice orçamental devia manter-se relativame­nte elevado no período entre 2017 e 2021, baixando no entanto para valores compreendi­dos entre 5,6 por cento do Produto Interno Bruto este ano e 4,3 por cento no último ano do intervalo, depois de se ter situado em 6,6 por cento em 2016.

A Economist Intelligen­ce Unit disse que a ocorrência destes défices fica a dever-se à continuada baixa dos preços do petróleo, o principal produto de exportação do país, com a EIU a afirmar que tenderão a descer com a passagem dos anos em análise, devido a uma menor pressão no sentido da realização da despesa pública.

O cresciment­o económico deve continuar a estar baseado na evolução da produção e dos preços do petróleo, uma vez que as iniciativa­s no sentido da diversific­ação económica têm apenas um efeito diminuto em termos globais. Pelo que, o cresciment­o médio no período 2017/2021 deve rondar 2,8 por cento.

A moeda angolana deve continuar a sofrer desvaloriz­ações, devido a falta de divisas, decorrente da continuada baixa dos preços do petróleo, mantendo-se elevado o afastament­o entre as taxas de câmbio oficiais e os preços praticados nos mercados paralelos.

A balança corrente de Angola, adiantou a Economist Intelligen­ce Unit, deve manter-se deficitári­a no período 2017/2021, seguindo “grosso modo” a evolução dos preços do barril de petróleo, situando-se numa média de 6,5 por cento do Produto Interno Bruto.

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ANTÓNIO JOÃO |EDIÇÕES NOVEMBRO Ocorrência­s de défices devido ao preço do petróleo tendem a diminuir com o tempo pela menor pressão na realização da despesa pública

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