Vandalização trava projectos da EPAL
Grande parte dos equipamentos instalados para levar água aos consumidores no âmbito das 700 mil ligações domiciliares realizadas pela Empresa Pública de Água de Luanda (EPAL) está a ser vandalizado por populares, denunciou ontem o portavoz da empresa.
Domingos Paciência, que falava no final de uma visita efectuada por vários órgãos de comunicação social aos projectos em curso no âmbito de mais um aniversário da EPAL, a ser comemorado no próximo dia 30, explicou que a vandalização das condutas e contadores tem estado a criar dificuldades na execução do projecto das 700 mil ligações domiciliares e a causar prejuízos avultados à empresa.
“Os tubos, contadores e outros equipamentos são diariamente vandalizados pelos populares”, disse, denunciando, por outro lado, que há cidadãos que, mesmo já estando a beneficiar do abastecimento de água, se recusam a fazer o contrato e a pagar a taxa de ligação.
“Existem ainda instituições públicas e privadas que não pagam o consumo de água. É um prejuízo que todos os dias a EPAL enfrenta”, disse o porta-voz, acrescentando que das 700 mil ligações domiciliares previstas, mais de 400 mil já estão concluídas.
Domingos Paciência mostrou-se preocupado com o elevado número de clientes devedores na Centralidade do Kilamba, principalmente, os moradores dos quarteirões U, R, Ze X, que têm obrigado a EPAL a fazer campanhas de cortes selectivos, depois de serem notificados. Outros são punidos com o pagamento de multas. “Mesmo depois do corte de abastecimento de água, alguns clientes da EPAL têm recorrido à ajuda de chineses para, à revelia, continuarem a beneficiar do abastecimento. Esta situação também tem ocorrido na Centralidade do Sequele”, disse.
Quanto à situação de abastecimento de água à Urbanização Vida Pacífica, o porta-voz explicou que a responsabilidade da EPAL é enviar água àquela localidade, cabendo a distribuição aos apartamentos a uma entidade privada, que tem a gestão do tanque que recebe a água fornecida pela EPAL.
Para pôr fim a esta situação, as administrações municipais, distritais e comunais, através do seu sector de fiscalização, foram exortadas a sensibilizar os munícipes para o pagamento do consumo de água e evitar a vandalização dos equipamentos.
A outra questão que também tem prejudicado a EPAL é o garimpo de água que ocorre em diversos pontos da província de Luanda, principalmente, em Viana, Cacuaco e Belas. “Apesar do apoio da Polícia Nacional, pensamos que esta situação também deve ser combatida pela fiscalização das administrações municipais e comunais”, acrescentou.
O alto índice de garimpo tem provocado perdas enormes na produção do precioso líquido, resultando na diminuição da água que chega à residência dos consumidores. “Numa produção de 40 milhões de litros de água produzida, só 20 ou dez milhões de litros é que chegam às residências dos consumidores”, exemplificou.
Sobre a Barragem de Laúca, Domingos Paciência disse que o enchimento que está em curso da albufeira não compromete o trabalho de captação de água para distribuição.
O rio Bengo, onde a Estação de Tratamento de Água de Quifangondo faz a captação do líquido para distribuir para os centros de distribuição de Cacuaco, Cazenga, Marçal e Maianga, está em alto nível. De igual modo, o rio Cuanza, que abastece a zona de Bom Jesus, Kilamba, Kikuxi, Luanda-Sul e Sudeste, está também em alto nível, sem registo de estiagens.
Os jornalistas visitaram os centros de distribuição de água da Maianga, Marçal, Cazenga e a Estação de Tratamento de Água de Quifangondo. Durante a visita os jornalistas constataram o andamento das obras de requalificação em curso e interagiram com os responsáveis das obras.
O engenheiro Daniel Nunes, director do projecto de Quifangondo, explicou que, com a montagem de novos equipamentos electromecânicos, a Estação vai produzir 140 milhões de litros de água por segundo. Com o equipamento antigo, devido ao tempo de uso, a estação produzia, unicamente, cerca de 70 a 80 milhões de litros de água.
Quanto aos centros de distribuição, a maior parte das infra-estruturas está em fase de conclusão das obras de reestruturação e ampliação e devem terminar ainda este ano.