CARTAS DO LEITOR
Venda ambulante
Sou estudante de Sociologia e escrevo para o Jornal de Angola,o histórico diário do país, para falar sobre a venda ambulante e as suas incidências. Aliás, trata-se de uma reacção ao que um cientista social avançou há dias, quando contrariou a repressão contra as zungueiras e outros vendedores de rua.
Julgo que as instituições que procuram inviabilizar a venda ambulante em qualquer local procuram fazer o seu papel, mas urge lidar com esta situação com ponderação.
Não estou de acordo com determinados procedimentos para inviabilizar os zungueiros e zungueiras em qualquer parte da cidade, sobretudo quando não procedem à venda de perecíveis ou produtos que envolvam algum perigo para os seres humanos. Construiu-se numerosos locais de venda e há regulamentos próprios para a venda ambulante.
Era bom que os que fazem da “zunga” o seu ganha-pão acatassem o que as leis determinam para que se evitasse situações menos abonatórias. Não fica bem para a imagem das instituições do Estado, no caso os elementos do Serviço de Fiscalização e da Polícia Nacional, envolverem-se em correrias com pessoas que praticam a venda nas ruas. Não acho bonita a existência de uma espécie de ambivalência na forma como se enfrenta a venda ambulante, dando a ideia de que se combate, mas que ao mesmo tempo continua.
Defesa Nacional
Sou antigo combatente e escrevo hoje pela primeira vez para o Jornal de Angola para dizer que a obrigatoriedade do serviço militar não devia cessar para todos e que os cursos de Defesa Nacional deviam ser amplamente divulgados.
É verdade que hoje as forças armadas deixaram de contar com o lado quantitativo no preenchimento dos seus efectivos, a favor da qualidade rumo à modernização.
O curso de Defesa Nacional é uma iniciativa louvável do Ministério da Defesa Nacional, por via do Instituto de Defesa Nacional (IDN), mas julgo que as condições de acesso deviam ser mais flexíveis.
A exigência do curso superior ou a sua frequência podem constituir uma barreira desnecessária, embora talvez seja compreensível à luz dos objectivos do referido curso.
Contrariamente ao que muitos encaram sobre as questões militares, é bom que estejamos engajados ou familiarizados com estas questões, porque elas dizem respeito ao que mais vital devemos preservar: a soberania e a integridade territorial.
Era bom que, durante dois ou três anos, todo o homem e mulher cumprisse o serviço militar para que todos tenham noções elementares de preparação militar ou que ao menos fosse possível passarem por algum tipo de formação sobre questões militares. Espero que se tomem nota das minhas preocupações.
Utilidade informática
Sou técnico de informática e acompanho com atenção o debate em torno das redes sociais. Acho que o debate representa que as pessoas amadureceram. Apenas lamento a forma unilateral como muitos encaram as redes sociais. Preferem alguns encarar apenas e somente negativamente.
As redes sociais, à semelhança de numerosas outras ferramentas inventadas pelos seres humanos, representam sempre vantagens e desvantagens. Mais do que ficarmos a sensibilizar a sociedade sobre os seus perigos, que existem na verdade, mais vale criarmos mecanismos que previnam o pior. Há dias, ouvi numa palestra, um prelector a enfatizar o papel negativo que as redes sociais desempenham na sociedade. Contrariamente a nenhuma referência às vantagens, o homem destilou todo o seu fel contra as redes sociais.
Acho que precisamos de debitar as nossas opiniões sobre as redes sociais com o devido tacto, porque, como se pode notar com relativa facilidade, as redes proporcionam vantagens e desvantagens. Precisamos de olhar para outras formas para compensar o alegado prejuízo que as redes sociais proporcionam. Um investimento na educação das pessoas, a criação de leis eficazes e uma actuação profissional dos órgãos competentes contribuem, ao menos, para que delitos de maior gravidade não aconteçam.