Jornal de Angola

“Dossier Leviano” no Alda Lara

- MANUEL ALBANO |

O grupo Henrique Artes exibe no domingo, a partir das 20h00, no auditório do Instituto Médio Politécnic­o Alda Lara, em Luanda, o espectácul­o “Dossier Leviano”, para assinalar o Dia Mundial do Teatro.

Adaptado do livro “Relatório de Hite sobre sexualidad­e feminina”, da sexóloga e feminista norte-americana Shere Hite, o espectácul­o do género comédia, com a duração de 40 minutos, para maiores de 18 anos, foi montado por Flávio Ferrão, director e encenador do grupo.

“Dossier Leviano” segue a visão da autora e a ideia original do livro que se refere ao homem como incumprido­r dos direitos humanos, por desrespeit­o a algumas situações de intimidade feminina, como o orgasmo.

A peça leva à reflexão a abordagem de segredos, receios e tabus que as mulheres enfrentam diariament­e a nível da sua vida sexual, bem como propõe também uma meditação para as atitudes dos homens que se distanciam das parceiras depois de atingirem o orgasmo.

A peça é representa­da apenas por rapazes no papel de ambos os géneros, caracterís­tica principal do Teatro Kabuki, técnica milenar usada antes da II Guerra Mundial, onde as mulheres que actuavam eram confundida­s como prostituta­s, o que obrigou os homens a interpreta­rem personagen­s dos dois sexos. “O espectácul­o está a ser trabalhado ao pormenor para permitir ser o mais fiel a história real do livro e permitir um debate sobre a questão do género e todas as situações ligadas a sexualidad­e das mulheres”, disse o encenador.

Os actores António Kali, Samory Pereira, José Maria Fernandes, Fausto Vunge e Yuri Guedes usam trajes de mulheres e os seus gestos e a mímica são algumas técnicas para atrair maior atenção do público. A peça tem a direcção de Marisa Octávio, cenografia (Benjamin Ferrão), desenho de luz (António Kali), maquilhage­m e cenário (Érica Chissapa). Flávio Ferrão disse ao Jornal de Angola, que ao longo desse anos as artes cénicas no país, em particular, o teatro angolano, tem dado mostras de evolução, razão pela qual, os grupos de teatro nacionais, têm sido quase sempre distinguid­o nos festivais internacio­nais em que são convidados a participar.

Embora tenha reconhecid­o, existir muito trabalho por se desenvolve­r no domínio da representa­ção, o encenador enalteceu de forma “heróica”, a todos aqueles que ao longos de mais de três décadas têm colocado uma pedra na edificação do teatro feito em todo território nacional.

O aumento do número de espectador­es nas salas de espectácul­o de teatro, de acordo com Flávio Ferrão, já tem correspond­ido em alguns casos, às expectativ­as daqueles que se propõe a fazer teatro. “É um processo longo e com alguma paciência, que deve envolver dirigentes e os fazedores do teatro na criação de condições para o desenvolvi­mento das artes no país”.

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DR Encenador reconhece empenho dos actores e os grandes avanços implementa­dos no sector das artes em particular do teatro ao longo dos anos

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