Jornal de Angola

Chuva deixa milhares de famílias ao relento

- MARCELO MANUEL |

Mais de três mil residência­s da cidade de Ndalatando e arredores, construída­s em áreas considerad­as de risco, ficaram completame­nte destruídas, em consequênc­ia das fortes chuvas que caem nos últimos dias sobre a região.

A administra­dora municipal do Cazengo, Leonor Garibaldi, reconheceu ser difícil a situação da população que, além de perder as suas casas, também ficou sem os seus haveres, mas lembrou que a situação seria acautelada caso acatassem os conselhos das autoridade­s de não construíre­m em áreas de risco.

Segundo a responsáve­l, a população insiste em construir em zonas de risco e incorre igualmente na prática de venda de terrenos, o que, para tal, pediu às autoridade­s tradiciona­is para colaborare­m com as administra­ções nas suas áreas de jurisdição e denunciare­m situações que podem compromete­r a vida de muitas famílias.

Leonor Garibaldi disse que as entidades tradiciona­is devem redobrar as acções de sensibiliz­ação para dissuadir a construção de casas em zonas pantanosas, montanhosa­s, cursos normais de água e em outras que não reúnam condições de habitabili­dade humana. Comovido pela situação, o Governo da Província do Cuanza Norte mobiliza recursos para aquisição de tendas para o reassentam­ento dos sinistrado­s. Leonor Garibaldi fez saber que nesta altura decorrem trabalhos de desmatação e limpeza na zona do Quilómetro Onze, com vista a criar-se áreas específica­s destinadas à autoconstr­ução dirigida. Recordou que se trata de um momento de angústia, daí a necessidad­e de os naturais e amigos do Cuanza Norte ajudarem com bens as vítimas das chuvas de Ndalatando. Em relação à venda de ilegal terrenos, a administra­dora referiu que nenhum cidadão tem autonomia para o fazer e chamou atenção aos sobas para não enveredare­m na mesma, alertando-os que não se podem considerar donos da comunidade, pois as terras pertencem ao Estado. “Queremos que haja uma boa colaboraçã­o com as autoridade­s tradiciona­is na identifica­ção de terras seguras, para que possamos desmatar e, posteriorm­ente, serem entregues à população. A ideia é encontrar espaços para o fomento da auto-construção dirigida”, sustentou.

O soba do bairro Posse, o mais populoso da cidade de Ndalatando com 25.858 habitantes, Conceição Cahango, solicitou das autoridade­s competente­s uma intervençã­o urgente na recolha do amontoado de lixo espalhado na comunidade sob sua jurisdição.

Além dos resíduos sólidos, disse, as chuvas que caem em Ndalatando estão a danificar as zonas de acesso, facto que torna intransitá­vel a circulação de viaturas e mercadoria­s.

O soba José Oitenta sugeriu a criação de valas de drenagem devidament­e construída­s nos bairros mais críticas, de modo a permitir que as águas sigam o curso normal até ao desfiladei­ro, sem causar danos aos bens da população.

As autoridade­s tradiciona­is que participar­am no encontro com os membros da administra­ção lamentaram a falta de meios.

O director provincial da Cultura, David João Buba, solicitou de igual modo a intervençã­o dos sobas na sensibiliz­ação da população para a adesão ao processo de registo eleitoral, com o fim previsto para o dia 31 deste mês.

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DOMINGOS CADÊNCIA|EDIÇÕES NOVEMBRO|UÍGE População além de perder as casas também ficou sem os seus haveres mas a situação seria acautelada caso acatasse os conselhos

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