EUA perdem para China na compra do crude
Numa altura em que cerca de 50 por cento do petróleo angolano é comprado pela China com a Índia a reforçar as suas compras de Angola, as importações de petróleo dos Estados Unidos caíram significativamente desde Janeiro e em três semanas nem sequer foram feitas aquisições, indicam dados da unidade de estatística (EIA) do Departamento de Energia norte-americano.
Nos primeiros cinco meses de 2016, os Estados Unidos compraram a Angola cerca de 173.000 barris de crude por dia, que foi então o melhor registo desde 2013, equivalente a mais de 10 por cento da produção angolana da altura, que era de cerca de 1,7 milhões de barris diários.
No mês de Janeiro, as trocas comerciais tiveram uma subida significativa (84,09 por cento), atingindo 2,02 mil milhões de dólares, com Pequim a vender a Luanda produtos avaliados em 167,2 milhões de dólares - mais 6,67 por cento - e a comprar mercadorias avaliadas em 1,85 mil milhões de dólares - ou seja, quase o dobro em termos anuais homólogos (+96,94 por cento).
Durante o ano passado (de Janeiro a Dezembro), as trocas comerciais entre a China e Angola caíram 20,94 por cento, para 15,57 mil milhões de dólares.
Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,76 mil milhões de dólares - menos 52,69 por cento face a 2015 - e comprou mercadorias (fundamentalmente petróleo) avaliadas em 13,81 mil milhões de dólares, ou seja, menos 13,54 por cento.
Dados do Departamento de Energia norte-americano dão conta de que o pico das compras norte-americanas em 2017 foi logo na primeira semana do ano, com uma média de 142.000 barris por dia, seguindo-se semanas de quedas, logo na seguinte com 22.000 barris por dia. No mês de Fevereiro, foram feitas vendas apenas numa semana, então com uma média de 119.000 por dia. Em 11 semanas já contabilizadas em 2017 pelo Departamento de Energia, a média de compras de petróleo bruto a Angola rondou apenas os 56.000 barris por dia, equivalente a pouco mais de três por cento da produção diária angolana (que desceu este ano para cerca de 1,6 milhões de barris por dia).
A Nigéria, que concorre com Angola como principal fornecedor africano de petróleo aos Estados Unidos, garantiu neste mesmo período vendas médias equivalentes a 266.000 barris de crude por dia. Angola produziu em Janeiro 1,615 milhões de barris por dia, número que representa uma quebra mensal de 24 mil de barris por dia, e superou a Nigéria que, de acordo com a tabela baseada em comunicação directa, produziu apenas 1,604 milhões de barris por dia, um acréscimo mensal de 233,7 mil barris por dia.
No ano passado, Angola produziu 1,708 milhões de barris por dia, número que excede a produção nigeriana de 1,447 milhões de barris por dia. Angola também ultrapassou a Nigéria em 2016, no que se refere à produção baseada em fontes secundárias, com uma produção de 1,73 milhões de barris por dia, contra 1,577 milhões de barris por dia dos nigerianos.
A quebra verificada na produção petrolífera da Nigéria, que já foi o principal produtor de petróleo em África, deve-se à ocorrência de atentados contra as instalações produtoras, bem como aos oleodutos que transportam o produto para os portos. No primeiro semestre do ano passado, Angola ultrapassou a Arábia Saudita e manteve uma forte pressão sobre a Rússia. Só no mês de Julho, a China importou 4,72 milhões de toneladas de petróleo de Angola, ou seja, 1,11 milhões de barris por dia, número que representou um crescimento homólogo de 23,3 por cento.
As reservas de petróleo dos Estados Unidos registaram no início deste mês uma redução de 200.000 barris e ficaram em 528,2 milhões, informou o Departamento de Energia. Este número ficou abaixo do esperado pelos analistas, que apontavam para uma subida de 2,0 milhões. As reservas de crude encontram-se num recorde histórico para esta época do ano, de acordo com os números oficiais.
As importações diárias de petróleo alcançaram na semana que terminou em 10 de Março uma média de 7,2 milhões de barris, uma descida de 565 mil barris em relação à semana anterior.