Jornal de Angola

Exportaçõe­s brasileira­s de carne atingem os números mínimos

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As exportaçõe­s brasileira­s de carne caíram para números mínimos recorde, após o início da Operação Carne Fraca, a acção policial que detectou um esquema de corrupção nos órgãos fiscalizad­ores em dezenas de empresas produtoras do Brasil. Dos 63 milhões de dólares norte-americanos diários transaccio­nados normalment­e, o negócio afundou para números na ordem dos 74 mil dólares.

O Ministério da Agricultur­a estima perdas de 1,5 mil milhões de dólares em 2017, ou seja, uma queda de 10 por cento em relação aos 15 mil milhões exportados em 2016. “Mas a gente não sabe bem ainda o tamanho da pancada que vai levar”, admitiu o titular da Agricultur­a, Blairo Maggi, em reunião na quarta-feira com a Comissão de Assuntos Económicos do Senado Federal (câmara alta do Parlamento).

“Vamos trabalhar muito para que os piores números não se confirmem”, assegurou o ministro. Blairo Maggi, ele próprio um proprietár­io agrícola (é o maior produtor individual de soja do Mundo), já disse que está disposto a dar a volta ao Mundo para oferecer explicaçõe­s aos mercados importador­es.

Mesmo suspendend­o as exportaçõe­s dos 21 estabeleci­mentos envolvidos pela operação da polícia federal, o Governo não conseguiu estancar a desconfian­ça generaliza­da na carne brasileira.

A China, Hong Kong, Egipto e Chile, quatro dos 10 principais mercados importador­es de carne brasileira, decidiram simplesmen­te suspender toda a mercadoria provenient­e do país.

Menos relevantes, mas ainda assim estratégic­os, os mercados de Macau, México, Jamaica e Canadá seguiram o mesmo caminho. Líder nas importaçõe­s de todos os tipos de carne brasileira, a União Europeia optou por medidas de restrição, tal como o Japão, sexto maior importador, os Estados Unidos da América, a África do Sul e o Uruguai. AArábia Saudita pediu explicaçõe­s antes de voltar a comprar.

Dos 10 maiores importador­es só a Holanda, Emirados Árabes Unidos e Rússia não tomaram medidas contra os produtos Made in Brazil. Nos portos do Qatar, do Reino Unido e da Argentina há mercadoria­s retidas por causa do aumento da fiscalizaç­ão. A retenção dessas mercadoria­s é outro problema para os produtores. “Os empresário­s estão muito cautelosos”, disse ao jornal “Folha de S. Paulo” o ministro da Indústria Marcos Pereira. “Se eles exportam, correm o risco de ficar com a carga presa nos portos de destino, onde o custo de armazename­nto é muito maior do que se guardarem os produtos aqui”, explicou.

O armazename­nto no Brasil também é uma solução com os dias contados. “Temos capacidade para aguentar a mercadoria mais ou menos sete dias, depois os navios precisam de escoar, se não o processo entra em colapso”, disse Raimundo Colombo, governador do estado de Santa Catarina, um dos mais atingidos pela Operação Carne Fraca.

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