Jornal de Angola

Papa critica a cultura social que dá primazia ao dinheiro

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O Papa Francisco criticou no sábado, em Milão, a actual cultura social submetida ao poder do dinheiro e que permite “que a vida quotidiana de tantas famílias seja manchada pela precarieda­de e pela inseguranç­a”.

Durante a missa integrada no programa da visita que promoveu no sábado à arquidioce­se italiana, o Papa argentino frisou que “tudo parece hoje uma questão de cifrões” e no meio desse contexto “especula-se sobre a vida, sobre o trabalho, sobre a família, especulase sobre os pobres e os migrantes, sobre os jovens e o seu futuro”.

Perante centenas de milhares de pessoas, que participar­am na celebração eucarístic­a no parque de Monza, a 15 quilómetro­s de Milão, Francisco lembrou “a dor que bate hoje a tantas portas”, que marca a vida de tantas pessoas esquecidas e excluídas por esta sociedade do “ter”.

E também os inúmeros jovens em cujo íntimo “cresce a insatisfaç­ão pela falta de uma verdadeira oportunida­de de vida”.

“Paradoxalm­ente, quando tudo evolui para construir, em teoria, uma sociedade melhor, no fim não há tempo para nada nem para ninguém”, apontou o Papa Francisco, que considera fundamenta­l ganhar “tempo para a família, para a comunidade, para a amizade, para a solidaried­ade e para a memória”. Perante estes e outros desafios que são hoje colocados à Humanidade e à Igreja Católica, como é que “é possível viver a alegria do Evangelho” e mostrar “a alegria cristã?”

A esta questão, que surgiu a partir das leituras da missa de sábado, o Papa Francisco respondeu com a necessidad­e dos cristãos encontrare­m “um novo modo de estar na História”.

“Não podemos, não queremos continuar diante de tantas situações dolorosas como meros espectador­es que olham para o céu na esperança de que pare de chover”, frisou o Papa, desafiando os cristãos a encararem os desafios do presente com “audácia”, com uma coragem que vem da “certeza e da alegria de quem sabe que a salvação de Deus é algo que ganha forma na vida quotidiana”.

Francisco terminou a sua intervençã­o saudando “uma terra que, no curso da sua história, gerou tantos carismas, tantos missionári­os e tantas riquezas para a vida da Igreja” Católica.

Símbolo da “abertura à iniciativa de Deus” e “de quão fecunda pode ser uma terra que não se deixa fechar nas suas próprias convicções ou nos seus próprios limites ou capacidade­s, mas abre-se ao outro”, acentuou o Papa.

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