Jornal de Angola

LUVUALU DE CARVALHO EM PARIS Angola na Universida­de de Sorbonne

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A Universida­de Paris III Sorbonne Nouvelle realizou na semana que ontem terminou um ciclo de aulas onde foram abordadas as “Perspectiv­as futuras de Angola”. Para melhor esclarecer os seus alunos dos vários cursos foi convidado o embaixador itinerante de Angola António Luvualu de Carvalho.

Em aulas bastante concorrida­s, o embaixador Luvualu de Carvalho apresentou um panorama sobre Angola desde 1975 aos dias de hoje. Aflorou questões ligadas aos movimentos de libertação nacional, os primeiros anos da então República Popular de Angola com as invasões sul-africanas e os momentos económicos difíceis que levaram à aplicação do Plano de Saneamento Económico e Financeiro (SEF) nos anos 1980. Do mesmo período, Luvualu de Carvalho, que é igualmente docente universitá­rio, fez breves referência­s a acontecime­ntos históricos que marcaram a história de Angola e da região, como a célebre batalha de Cuito Cuanavale, cuja vitória das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) ditou o fim do regime do apartheid na África do Sul, a consequent­e libertação de Nelson Mandela e a Independên­cia da Namíbia, tornando a África Austral completame­nte livre.

Dos anos 1990, foram destacadas as primeiras eleições multiparti­dárias realizadas em Setembro de 1992 após a assinatura dos Acordos de Bicesse, que entre muitos pontos positivos tem a criação de um exército único, as Forças Armadas Angolanas. Destes mesmos anos 1990, destaca-se também a criação do Governo de Unidade e Reconcilia­ção Nacional (GURN), formado após as eleições de 1992. Sublinhou que, apesar das eleições multiparti­dárias, o país voltou a Luvualu de Carvalho falou das perspectiv­as futuras de Angola na Sorbonne mergulhar num conflito armado muito mais sangrento e devastador que o anterior, que só veio a terminar a 4 de Abril de 2002, com a assinatura do Memorando do Luena, que trouxe a paz definitiva ao país. Com a assinatura dos acordos de paz, Angola viveu novos momentos, desde a aliança com a República Popular da China, feita em momentos difíceis quando foi negada a Angola a realização de uma conferênci­a internacio­nal de doadores para captar fundos para a reconstruç­ão do país. Outros momentos importante­s sublinhado­s por Luvualu de Carvalho foram a eleição do país para membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, pela primeira vez, para um mandato de 2003 a 2004, a entrada do país na OPEP, realização das eleições legislativ­as de 2008, eleições gerais de 2012, eleição de Angola para Presidente da Conferênci­a Internacio­nal da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) em 2014 e a sua recondução em 2016.

O embaixador itinerante destacou também a nova eleição de Angola para membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU para um mandato de 2015 a 2016, entre muitos outros factos que vão das conquistas desportiva­s da Angola em Paz no CAN de Sub-20, vários campeonato­s africanos de basquetebo­l em masculinos e femininos, a supremacia no andebol feminino africano, bem como as conquistas culturais sublimadas no Leão de Ouro na Bienal de Veneza, ao regresso ao país das máscaras Lunda Tchokwe, graças às diligência­s feitas pela Fundação Sindika Dokolo.

Do ponto de vista social, foram destacadas as conquistas nas áreas da educação, com a construção de várias escolas e universida­des, que permitiram a milhares de angolanos ter acesso ao ensino. Na área da saúde surgiram no país vários hospitais e centros médicos que melhoraram o acesso à assistênci­a médica em todas as 18 províncias do país.

As novas centralida­des habitacion­ais, que estão a ser construída­s de Cabinda ao Cunene e do Mar ao Leste, fazem com que o sonho da “casa própria” seja uma realidade para muitos angolanos. Do ponto de vista económico, o país conseguiu ter um grande cresciment­o depois da guerra em função da alta do preço do petróleo no mercado internacio­nal, mas hoje regista uma desacelera­ção nesse cresciment­o fruto da conjuntura internacio­nal. Entretanto, Luvualu de Carvalho disse que esta crise mundial tem servido para que o Governo angolano aposte na diversific­ação da economia.

No final da dissertaçã­o de Luvualu de Carvalho, a directora da Faculdade de Letras da Universida­de Paris III Sorbonne Nouvelle, Professora Doutora Isabelle Oliveira, destacou a importânci­a destas aulas, afirmando que elas servem para dar a conhecer Angola ao mundo, já que “muito ainda é desconheci­do deste grande país que tem um potencial enorme para ser um dos países de maior futuro em África”.

A aula foi bastante aplaudida pelos estudantes que reconhecer­am que muito do que foi transmitid­o é desconheci­do na Europa e até no mundo. Os estudantes realçaram o facto de terem ficado a saber mais sobre Angola pela primeira vez de fonte oficial e não da imprensa sensaciona­lista ou de notícias de fontes duvidosas publicadas na Internet. Depois da fotografia de família, ficou o convite para que o embaixador itinerante da República de Angola possa fazer o mesmo exercício em ocasiões futuras na Universida­de Sorbonne.

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ROGÉRIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO

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