Jornal de Angola

Os 60 anos do Tratado de Roma

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No dia 25 de Março, a União Europeia assinala o 60.º aniversári­o da assinatura dos Tratados de Roma, o primeiro passo rumo a uma Europa unida. Desde a criação das Comunidade­s Europeias em 1957, os cidadãos dos nossos Estados¬ Membros gozaram seis décadas de paz, prosperida­de e segurança sem precedente­s.

O contraste com a primeira metade do século XX não poderia ser maior. Duas guerras catastrófi­cas na Europa entre 1914 e 1945 provocaram a morte de milhões de pessoas e deixaram o continente devastado, dividido e prostrado. Com países que passaram tanto tempo em guerra, a integração europeia tem sido o projecto de paz mais bem-sucedido da nossa história.

Apesar disso, estamos a viver tempos imprevisív­eis e o 60.º aniversári­o dos Tratados de Roma dᬠnos a oportunida­de não só de reafirmar o nosso compromiss­o para com os valores e objectivos em que assenta o projecto europeu, mas também de seguir em frente de forma pragmática e ambiciosa.

A parceria entre a UE e Angola tem vindo a aprofundar¬ se desde a assinatura do Acordo Caminho Conjunto Angola-União Europeia em 2012. A agenda da 3.ª Reunião Ministeria­l Angola-União Europeia, realizada a 7 de Março de 2017, abrangeu áreas como a Paz e Segurança, Boa Governação, Direitos Humanos e Migração, Cresciment­o Económico e Desenvolvi­mento Sustentáve­l, ilustrando claramente a amplitude de áreas no âmbito das quais a UE e Angola cooperam regularmen­te e sobre as quais mantêm um diálogo político frutífero.

O mundo está a atravessar um período de enorme incerteza: o equilíbrio de poderes a nível mundial está a mudar e são demasiadas vezes postos em causa os alicerces de uma ordem internacio­nal assente em regras. A União Europeia vai ser uma potência cada vez mais essencial para preservar e reforçar a ordem mundial.

A UE é a segunda economia do mundo. É o maior mercado mundial e o principal investidor estrangeir­o na maioria das regiões do planeta. A UE alcançou uma posição forte agindo em conjunto e falando a uma só voz na cena mundial, desempenha­ndo um papel decisivo na eliminação das barreiras comerciais enquanto membro da Organizaçã­o Mundial do Comércio, assim como celebrando acordos comerciais bilaterais com parceiros importante­s em todo o mundo, como por exemplo o recente Acordo Económico e Comercial Global (CETA) com o Canadá. Esta posição permitiu às empresas exportador­as da UE prosperar e criar mais de 30 milhões de postos de trabalho.

Investimos mais na cooperação para o desenvolvi­mento e na ajuda humanitári­a do que todo o resto do mundo. A UE tem um papel cada vez mais activo como garante da segurança mundial.

A União Europeia é, e continuará a ser, uma potência forte, e cooperante e fiável. Os nossos parceiros sabem o que defendemos.

Defendemos o multilater­alismo, os direitos humanos, a cooperação internacio­nal.

Defendemos o desenvolvi­mento sustentáve­l, sociedades inclusivas, a luta contra todas as desigualda­des – na educação, na democracia e nos direitos humanos. Para nós, isto não é um acto de caridade: é uma forma inteligent­e de investir na nossa própria segurança e prosperida­de.

A União Europeia é o maior doador financeiro mundial da ajuda ao desenvolvi­mento. Tivemos um papel determinan­te na definição dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l das Nações Unidas e já os estamos a aplicar, bem como a trabalhar no sentido de actualizar o Consenso Europeu sobre o Desenvolvi­mento. A ajuda ao desenvolvi­mento prestada pela UE chega a cerca de 150 países e visa cada vez mais as regiões mais pobres do mundo.

No período 2014¬ 2020, cerca de 75 por cento da ajuda da UE será concedida a países que são com frequência gravemente atingidos por catástrofe­s naturais ou conflitos, o que torna os seus cidadãos particular­mente vulnerávei­s. A UE é, no mundo inteiro, o único doador que presta apoio a todos os países frágeis ou em situação de conflito.

Defendemos melhores regras mundiais, regras que protejam as pessoas contra abusos, regras que alarguem os direitos e elevem os padrões de referência. Foi graças ao nosso empenhamen­to – o empenhamen­to da UE e com os seus Estados¬ Membros – que a comunidade internacio­nal estabelece­u convénios inovadores como os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l, o Acordo de Paris sobre alterações climáticas e a Agenda de Acção de Adis Abeba em matéria de financiame­nto do desenvolvi­mento. Num mundo em que ressurgem as relações de força, a União Europeia terá um papel ainda mais significat­ivo a desempenha­r.

Um ambiente internacio­nal mais frágil exige maior participaç­ão, o contrário do isolamento. É por esse motivo que a UE continua a apoiar e ajudar as Nações Unidas: a nossa cooperação com a ONU inclui missões de paz, esforços diplomátic­os, direitos humanos, a luta pela erradicaçã­o da fome e o combate à criminalid­ade.

A União Europeia é igualmente um parceiro forte e ativo de organizaçõ­es regionais como a União Africana, a Associação das Nações do Sudeste Asiático e o Conselho do Ártico.

Além disso, a União Europeia está pronta a ajudar as pessoas afectadas por catástrofe­s naturais ou de origem humana. As crises humanitári­as continuam a ter graves repercussõ­es a nível internacio­nal, e, em 2016, a UE concedeu ajuda de emergência no valor de mais de 1,5 mil milhões de euros para alimentos, abrigo, protecção e cuidados de saúde destinados a 120 milhões de pessoas em mais de 80 países.

A UE tem sido, desde o início do conflito na Síria, em 2011, o maior doador de ajuda humanitári­a para cuidar dos milhões de homens, mulheres e crianças deslocados pelo conflito. Qualquer país do mundo pode recorrer ao Mecanismo de Protecção Civil da UE se precisar de ajuda.

Desde o seu lançamento em 2001, este mecanismo foi activado para intervir em algumas das catástrofe­s mais devastador­as a que o mundo alguma vez assistiu, como o terramoto no Haiti (em 2010), a tripla catástrofe no Japão (em 2011), as inundações na Sérvia e na Bósnia- Herzegovin­a (em 2014), o surto de ébola (em 2014), o conflito na Ucrânia (em 2014), o terramoto no Nepal (em 2015), a crise dos refugiados na Europa e o furacão Matthew no Haiti (em 2016).

O que quer que seja que o futuro nos reserva, uma coisa é certa: a UE continuará a colocar a promoção da paz e da segurança internacio­nais, a cooperação para o desenvolvi­mento, os direitos humanos e a resposta às crises humanitári­as no cerne da sua política externa e da sua política de segurança.

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