Os “elefantes brancos” da FIFA
São milhares e milhares nos estádios e muitos milhões a olhar para os écrans em casa, nos bares e restaurantes ou em écrans gigantes instalados em lugares a preceito.
Onde terá surgido esta ideia de consagrar um objecto redondo para uma actividade lúdica praticada com os pés? Até ao limite das investigações mas sem certeza absoluta, parece que foi na China, entre 3.000 a 2.500 anos antes de Cristo. Só no séc. XIX surgem regras para o futebol (do inglês foot, pé e ball, bola).
Do futebol amador como actividade lúdica, até ao futebol profissional, foi o salto da moral para a imoralidade de uma organização planetária chamada FIFA.
A FIFA é detentora de uma engrenagem que começa nas candidaturas para albergar o mundial, às manipulações dos dinheiros dos bilhetes ou ingressos que recebe adiantadamente, passando pelos “elefantes” que são os estádios que impõe ao país ou países que “compram” o mundial, e a FIFA, inclusive, fiscaliza o decorrer das obras. E tudo isto não poderia acontecer sem a manipulação constante das nossas emoções, a multiplicidade de programas de televisão com comentadores e debates, a venda de camisolas e outros adminículos dando a real sensação de que o futebol é uma parte relevante do mundo em que vivemos.
Romário, brasileiro, um dos maiores futebolistas que brilhou nos chamados galácticos do Real de Madrid, hoje deputado, tinha posto a “boca no trombone”, fazendo um vídeo para a internet. Afirmou que a Copa de 2014 custaria três vezes mais do que as anteriores. A da África do Sul foi a mais cara de sempre... deve ter tido mais gente a comer. E Romário desabafa: “é sacanagem com o dinheiro do povo”.
A conhecida multinacional brasileira Andrade Gutierrez confessou ter integrado um cartel para adjudicação de obras de construção ou renovação de, pelo menos, cinco estádios para o Mundial de futebol de 2014, incluindo o icónico estádio do Maracanã e a Arena Pernambuco de Recife. Tudo e muito mais se ficou a saber por a Gutierrez ter assinado um “acordo de clemência” por aceitar colaborar na investigação da organização estatal brasileira competente... uma espécie de delação premiada que vem sendo aplicada aos milionários larápios que se denunciavam uns aos outros na mega operação lava-jacto e, curiosamente, foi no decorrer dessa operação que se detectaram os meandros fraudulentos nas concessões para os grandes espaços destinados ao Mundial defutebol e a promiscuidade entre os patrões da política e as maiores empresas de construção do Brasil, incluindo a Odebrecht, a Camargo Correa, Queiroz Galvão e a OAS. Mas não é só nos estádios que se “suja” dinheiro mas também nas estruturas em redor visando centros de credenciamento e instalações para o pessoal da FIFA.
Países como Portugal, destruíram estádios históricos para erguerem novos. A FIFA e seus tentáculos “mandam” construir estádios em cidades que não possuem população nem clubes para manter a sua utilização após o mundial. É o caso do estádio de Brasília para setenta e uma mil pessoas e o de Manaus para quarenta e quatro mil pessoas. Os estádios de Aveiro e Algarve em Portugal ou, entre nós, que também fazemos parte do mundo, o estádio de Benguela. Estádios assim são designados por “elefantes brancos”. Principalmente quando se não consegue dar outra qualquer utilização que não seja o futebol (centros ao serviço das escolas, ginástica, atletismo, concertos musicais, etc.).Tudo isto não podia passar pela roleta financeira onde capital e juros são “especiais”.
E a FIFA não paga impostos no país onde se realiza o mundial. Ela vai buscar uma imensa fortuna com os contratos de transmissão dos jogos, de marketing e patrocinadores oficiais que são, respectivamente, Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony e Visa. Além de contratos exclusivos para o respectivo mundial. E fala-se na percentagem que cobra aos hotéis. No entanto, a FIFA é considerada entidade não lucrativa o que baralha a imagem dos seus dirigentes que, publicamente, já foram denunciados como corruptos.
Assim, porque no Comité Olímpico tem gente de outro tipo, num mundial ganha-se mais dinheiro do que numa olimpíada, sendo o futebol uma espécie de mistério que funciona, para os aficionados, como uma espécie de cocaína remota à qual aderimos pelo divertimento pondo nossas emoções em prognóstico de alegria ou tristeza.
Eu que estou a canjonjar a luz que veio ontem, peço a todos os deuses que a mantenham até ficar preso ao écran para ver a nova versão dos PALANCAS e a nossa vitória.
E fico a lembrar-me de um grande humorista brasileiro que vivia em Portugal. Badaró. Acho que já faleceu pois eu ouvi isto faz muito tempo quando era estudante na Universidade de Coimbra em Portugal.
Eis a piada do Badaró: Se a televisão tivesse sido descoberta antes da rádio, o pessoal estaria batendo palmas, gritando de felicidade, até que enfim que veio uma caixa com som e sem imbecis se mexendo e falando bobagem!