Jornal de Angola

Cruzeiros dão novo fôlego ao turismo

- SARA GÓMEZ ARMAS| EFE

A moda de visitar Cuba viveu uma época de ouro nos dois últimos anos com recordes no número de chegada de turistas, uma bolha que ameaçava explodir depois que várias companhias aéreas americanas decidiram reduzir ou suspender os voos para a ilha, mas que encontra novo fôlego nos cruzeiros.

Em 2016, Cuba superou pela primeira vez os quatro milhões de turistas, sendo que 112 mil chegaram em cruzeiros, um número que triplicará este ano, com 370 mil passageiro­s de navios.

As rotas dos Estados Unidos, suspensas em 1961, foram restabelec­idas em Maio do ano passado.

“Nos próximos dois ou três anos, aposto totalmente na força dos cruzeiros porque é a forma que o turista tem de ter o seu próprio quarto perante a escassez de vagas em hotéis daqui”, afirmou o economista cubano Jose Luis Perello.

Segundo Perello, o cruzeiro permite ao viajante fazer um turismo amplo, já que não fica mais do que dois dias em Havana - alguns também visitam Cienfuegos e Santiago de Cuba - e conhecem o país de uma forma mais superficia­l, sem sofrer os “inconvenie­ntes” das instalaçõe­s turísticas ainda em desenvolvi­mento. A grande demanda provocou uma alta dos preços dos hotéis de em média 50 por cento em toda a ilha, embora no caso de alguns hotéis de Havana as tarifas tenham triplicado.

Enquanto Cuba tenta remediar as deficiênci­as, o cruzeiro garante ao visitante um atendiment­o com padrões de qualidade: quarto confortáve­l, refeições já incluídas no preço e comodidade­s como piscina e internet wifi, nem sempre disponívei­s nos hotéis de Cuba.

“O navio é confortáve­l, e o serviço, óptimo. Viemos muito à vontade”, contou uma jovem que chegou a Cuba com o marido no cruzeiro do Grupo Thomas Cook, com escala de dois dias em Havana.

A breve paragem permite um turismo pontual: “É tudo tão anos 50. É lindo e, ao mesmo tempo, exótico”.

Ian, o marido, afirmou que o casal iria passear num carro antigo. “Vamos dar uma volta num carro americano antigo. É um passeio pela Havana Velha. À noite, visitaremo­s o cabaré Tropicana”.

O percurso é típico entre os passageiro­s de cruzeiros. Um cliché que não permite aprofundar-se na realidade da ilha, mas dá uma boa impressão da região. Por outro lado, o alemão Gregory queixou-se do atendiment­o ruim recebido no restaurant­e do hotel em que estava. “Demoraram muito para servir os pratos e a comida já chegou fria”, relatou, apesar de estar feliz em conhecer um lugar tão “exótico” como Cuba.

Neste ano, Cuba já superou um milhão de turistas, o que indica uma boa tendência para bater a meta de 4,2 milhões de visitantes até ao fim de 2017.

Os Estados Unidos, que ainda não permitem que os seus cidadãos viajem a passeio, mas sim em viagens culturais ou académicas, já é o segundo maior emissor de visitantes, atrás apenas do Canadá.

Em 2016, quase 285 mil americanos foram a Cuba, 75 por cento a mais do que em 2015, uma tendência que se está a manter no primeiro trimestre deste ano.

A euforia em visitar Cuba, porém, contrasta com a recente decisão das companhias aéreas americanas de baixo custo, como a Silver Airways e a Frontier Airlines, de suspender os seus voos para a ilha; enquanto outras maiores, como a American Airlines e a JetBlue Airways, reduziram a frequência e enviam aviões menores.

Essa decisão não se deve tanto à perda de interesse dos americanos em visitar a outrora “ilha proibida”, mas ao excesso de oferta por parte das companhias aéreas, que restabelec­eram voos comerciais para Cuba em 2016 após quase meio século suspensos de turismo estatal Gaviota. A empresa pública também se uniu à espanhola Iberostar e à francesa Accor para construir outros dois hotéis de luxo na capital cubana.

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