Atentados contra igrejas no Egipto causam 36 mortos
FIM DE SEMANA SANGRENTO Papa Francisco envia mensagem de pesar ao líder da Igreja copta e ao povo egípcio
O Egipto foi ontem alvo de duas violentas explosões realizadas contra duas igrejas coptas e que provocaram 36 mortos e mais de 100 feridos, numa altura em que os fiéis celebravam o Domingo de Ramos, início da Semana Santa.
Pelo menos 26 pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas na sequência da explosão de uma primeira bomba contra um templo cristão na cidade de Tanta, a 120 quilómetros a norte do Cairo, enquanto no segundo ataque, em frente de uma igreja de Alexandria, houve o registo de 11 mortos e 36 feridos, noticiou a televisão estatal.
A segunda explosão aconteceu em frente à Catedral de São Marcos, em Alexandria, e foi causada por um bombista suicida, noticiou a televisão pública egípcia. Dentro da igreja estava o bispo copta Tawadros II, que escapou ileso.
Em Tanta, a explosão surpreendeu os fiéis dentro do templo de Mar Guergues (São Jorge, em árabe) a coincidir com as comemorações do Domingo de Ramos, que marca o começo da Semana Santa.
O porta-voz do Ministério da Saúde, Jaled Mugahed, declarou à televisão estatal egípcia que os hospitais de Tanta receberam muitos cadáveres e feridos em estado graves, temendo-se o aumento do número de mortos.
Em declarações à emissora privada On TV, o primeiro-ministro egípcio, Sherif Ismael, condenou os atentados e manifestou a determinação do Governo em “acabar com o terrorismo” no país.
“Trata-se de um acto terrorista impiedoso, mas vamos erradicar o terrorismo do Egipto e temos determinação em acabar com os grupos terroristas”, disse o chefe do Governo egípcio.
Fontes de segurança e da defesa civil disseram à agência de notícias Efe que a Polícia isolou o local e o esquadrão antibombas foi enviado ao local para desactivar outros possíveis artefactos.
A minoria cristã do Egipto tem sido frequentemente um alvo de militantes islâmicos nos últimos anos no país. As explosões ocorridas ontem, dia de celebração do Domingo de Ramos, parece terem sido planeadas para causar grande impacto mundial, numa altura em que redobram os esforços no combate ao grupo Estado Islâmico, que tem vindo a perder terreno na Síria e no Iraque.
O atentado acontece 20 dias antes da visita do Papa Francisco ao Egipto, que está marcada para os próximos dias 28 e 29 de Abril, a primeira viagem do pontífice argentino ao Médio Oriente.
No dia 11 de Dezembro, 28 fiéis da minoria cristã copta morreram num atentado cometido por um suicida contra uma igreja situada próxima da catedral do Cairo, no bairro de Abbassiya.
Vaticano deplora ataques
O Papa Francisco condenou ontem os ataques cometidos contra cristãos coptas no Egipto e pediu a Deus que converta “o coração das pessoas que semeiam terror, violência e morte”.
O pontífice manifestou o seu pesar aos familiares das vítimas, aos feridos e à população egípcia, e assegurou que estão todos nas suas orações, momentos antes de rezar o Ângelus na Praça de São Pedro do Vaticano. O Papa presidiu ontem à tradicional comemoração litúrgica do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, com a qual deu início aos ritos da Semana Santa.
“Ao meu querido irmão (chefe da Igreja Copta Ortodoxa do Egipto e patriarca de São Marcos) Tawadros II, à Igreja Copta e a toda a querida nação egípcia, expresso o meu profundo pesar”, disse Francisco. Mas esta não foi a única condenação do Papa diante dos milhares de fiéis que se reuniram na Praça de São Pedro, no Vaticano, pois o líder católico também dedicou algumas palavras ao atentado cometido na sexta-feira em Estocolmo, na Suécia, no qual morreram quatro pessoas.
“Confiamos à Virgem Santa as vítimas do ataque terrorista ocorrido na sexta-feira em Estocolmo, bem como aqueles que são submetidos a duras provas pela guerra, a desgraça da humanidade”, afirmou o Papa Francisco.
Um homem avançou, na sextafeira, com um camião roubado, contra as pessoas que estavam na principal rua de pedestres da capital sueca e atropelou vários transeuntes, até chocar contra uma loja.
Dez pessoas permanecem hospitalizadas, algumas delas em estado muito grave, por causa do ataque, cujo suposto autor - um uzbeque de 39 anos - foi detido horas depois e contra quem foram apresentadas ontem acusações por crime de terrorismo e assassinato.