Tweets de Trump em doações
Para cada tweet do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma doação a favor dos direitos civis: assim é o dia a dia de um projecto social na internet cujo objectivo é traduzir a constante actividade do governante nas redes sociais para linguagem da solidariedade.
“Façamos os tweets grandes de novo (Make Tweets Great Again)” é o nome desta iniciativa, que reinventa o conhecido lema eleitoral de Trump para “transformar uma acção negativa numa reacção positiva”, explicou o seu criador, o engenheiro Aaron Brocken.
O projecto, cujo logotipo adopta em tom humorístico o boné que Trump usou em muitos dos seus comícios, assegura ter uma solução para a “obsessão de tuitar pensamentos sem filtro” do presidente.
O site permite que os seus utilizadores se envolvam numa causa e “forneçam dinheiro por cada tweet de Donald Trump, para que vá para organizações que combatem as coisas que ele faz”, detalhou Brocker, que lançou o projecto no início de Março.
Desde então, o presidente americano publicou 145 mensagens no Twitter e os participantes comprometeram-se a doar 1,8 mil de dólares à União para as Liberdades Civis na América (ACLU), o grupo defensor dos direitos civis mais importante dos EUA.
Após a vitória de Trump nas eleições presidenciais e o anúncio do seu primeiro decreto migratório, Brocken estava “preocupado pelo que estava a fazer e pelo que faria”, portanto decidiu agir “com as habilidades que tinha” como desenvolvedor.
“Gosto da ideia porque as pessoas podem utilizar a tecnologia ao seu redor e transformar acções que tendem a servir unicamente a quem escreve ou posta no 'snapchat' em algo que ajuda uma organização ou beneficia os necessitados”, comentou.
Brocken obteve o apoio da companhia tecnológica para a qual trabalha no Brooklyn, HappyFunCorp que, além disso, fornece os fundos para realizar o projecto, e lançou-o “com rapidez”. “Quanto mais esperasse, mais oportunidades perderia”, levando em conta a actividade de Trump no Twitter, lembrou.
Ao fazer um balanço do primeiro mês de funcionamento do “Make Tweets Great Again”, Brocken considera “incrível” a resposta dos usuários, que na última semana passaram de 70 para mais de 200 e cujas doações aumentaram de 10 dólares por tweet para cerca de 40.
Para o criador da plataforma, a presença de Trump na rede social vai “infelizmente” durar muito, já que “é um meio no qual se sente muito confortável”, razão pela qual estuda acrescentar novas opções ao projecto, como a escolha da organização beneficente.
Desde a sua chegada à Casa Branca, em 20 de Janeiro, Trump não deixou de utilizar a sua conta pessoal no Twitter para lançar as suas opiniões e disparar contra os seus rivais, sejam políticos ou veículos de comunicação.
Mais de 17 milhões de seguidores recebem diariamente as mensagens sem filtro do presidente que frequentemente incluem calúnias, segundo denunciaram os jornais “The Washington Post” e “The Wall Street Journal” e a revista “Time”, entre outros veículos.
Os tweets caluniosos de Trump têm um efeito viral mais acentuado do que o resto “porque o mundo virtual prefere o escandaloso, o novo, o controverso em relação à rotina normal da razão e a verificação”, segundo um recente artigo da revista “Time”.
“Ele tem a habilidade de mudar o assunto para o que quer falar”, declarou à “Time” Roger Stone, ex-assessor do presidente, um dos seus seguidores que consideram esta tendência uma estratégia e não um defeito.
Enquanto as declarações de Trump nas redes sociais continuam no limite entre a verdade e a mentira, pelo menos há ativistas que aproveitam a “excentricidade de ter um presidente tão activo no Twitter”, destacou Aaron Brocken.
“Parece que ele pode levar-nos tuitando a uma guerra e isso realmente dá medo. Não podemos evitar que mande tweets, mas podemos pegar nessa acção negativa e assegurar-nos que haja uma reacção positiva”, concluiu o engenheiro.