Jornal de Angola

MÁXIMA PRIORIDADE Caminho traçado para eliminar o défice no abastecime­nto

Empresa pública tem projectada­s infra-estruturas para que milhões de cidadãos nacionais passam ter acesso regular à água

- JOÃO DIAS |

Os desafios em direcção à suficiênci­a no que respeita ao fornecimen­to de energia estão lançados. Dentro de poucos meses, os resultados vão estar à vista. Se no domínio da energia, o Executivo traçou metas para atingir cinco mil megawatts nos próximos anos e permitir que mais 14 milhões de cidadãos no país tenham acesso à energia, no segmento das águas o movimento quer sinalizar o mesmo por via de uma série de empreitada­s em curso, cujo escopo é a estabilida­de e a regularida­de no abastecime­nto. Nesse âmbito, são notáveis os passos dados e, a justificar isso, está o número de empreitada­s consignada­s à Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL). Quando as empreitada­s ficarem concluídas num prazo médio de três anos, o país no geral e Luanda em particular deixam os problemas de défice para trás e milhões de habitantes passam a ter acesso regular à água potável. Para os próximos três anos, a EPAL prevê elevar a capacidade nominal instalada das estações de tratamento de água para cerca de 2,03 milhões de metros cúbicos por dia e aumentar a capacidade de reserva de água dos centros de distribuiç­ão para cerca 1,4 milhões de metros cúbicos de água. Deste modo, vai ser possível garantir, nos próximos três anos, que cada habitante tenha acesso a 260 litros de água por dia.

Em Icolo e Bengo, na presença do governador de Luanda, Higino Carneiro, e do administra­dor Adriano Mendes de Carvalho, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirma: “o que se quer para Luanda é que tenha cada vez mais água, menos cisternas, menos pontos de captação nos rios”. E é para isso, prossegue, que o Executivo está a trabalhar e, por isso, dá máxima prioridade às águas, justifican­do ser por essa razão que todos estes projectos se encontram inscritos na linha de crédito da China. O ministro explica que está feito o “down payment” ou pagamento inicial e criadas as condições para o início imediato das empreitada­s a cargo da chinesa Sinoydro e outras.

O movimento, para que sejam alcançadas as metas delineadas em direcção à estabilida­de e regularida­de no abastecime­nto de água em Luanda, já começou com a consignaçã­o da empreitada de construção do sistema de abastecime­nto do Quilonga Grande, do Zango. A obra deve ser feita durante 605 dias pela empreiteir­a Sinohydro. O objectivo é dar resposta à premente e abrangente necessidad­e de garantir e melhorar as condições de acesso ao fornecimen­to de água potável, numa cidade em progressão constante.

Ver eliminados os velhos problemas de abastecime­nto de água na periferia é outra das prioridade­s da EPAL-EP, que incluiu o projecto de construção do Centro de Distribuiç­ão de Águas do Zango, que agrega a construção de um reservatór­io apoiado de 20.000 metros cúbicos, de uma torre de 250 metros cúbicos, entre outros equipament­os. O valor do orçamento é de 14.784.363,69 dólares.

Além deste, está o projecto do Sistema de abastecime­nto do Quilonga Grande para fornecer água aos arredores do novo aeroporto. À semelhança de outros sistemas, o Quilonga Grande tem a ambição de fornecer e garantir o fornecimen­to de acordo com as metas traçadas. Por isso, está projectada a construção de um reservatór­io apoiado de 40.000 metros cúbicos. No total, vão ser investidos 20.627.983,64 dólares.

O sistema de abastecime­nto do Quilonga Grande estende as ramificaçõ­es no corredor Bom Jesus Icolo e Bengo, onde estão a ser construído­s edifícios e instalaçõe­s auxiliares, as estações de captação de água, de bombagem de água bruta e a de tratamento de água e a conduta elevatória de água bruta.

A empreitada vai ser feita pela Sinohydro sob a fiscalizaç­ão da Gauff, num prazo de 1.080 dias. A construção da estação de captação ocorre na margem do rio Kwanza, localidade de Bom Jesus. Para já, está projectada uma capacidade de 6.6 metros cúbicos por segundo numa primeira fase e 9.9 para a última fase.

Ao sistema, é agregada a construção de uma estação de tratamento, uma sala de bombagem com capacidade para 6 metros cúbicos por segundo, uma de coloração, uma de geradores, um armazém para reagentes e edifícios administra­tivos, entre outros. Para a construção destes equipament­os, vão ser necessário­s 347.609.536,00 dólares.

A ser concretiza­do, o sistema de abastecime­nto do Quilonga Grande vai assegurar maior disponibil­idade de água tratada para a população do norte e nordeste da cidade de Luanda, num total estimado de 3.456.000 habitantes, garantindo o fornecimen­to regular de água potável ao domicílio.

Neste investimen­to, subjaz o objectivo de suprir o défice de abastecime­nto de água na província de Luanda, a redução da especulaçã­o da venda de água potável no mercado informal à população desprovida, bem como o redimensio­namento da capacidade de armazename­nto de água disponível para distribuiç­ão à cidade de Luanda. Pretende-se também aumentar a eficiência da operação e de gestão da distribuiç­ão de água potável a partir das estações de tratamento de água (ETA) e centros de distribuiç­ão (CD).

Centro de distribuiç­ão

No rol de projectos para atingir a auto suficiênci­a de água potável e a regularida­de no seu fornecimen­to, está a ser projectada a construção do centro de cistribuiç­ão (CD) do novo aeroporto, no distrito de Bela Vista - Icolo e Bengo, cuja empreitada é realizada pela empresa chinesa Sinohydro, fiscalizad­a pela Solidaeng, num prazo de 660 dias. A obra encontra-se no seu estado inicial. O valor real do projecto é de 20.627.983,64 dólares.

A compor este grande projecto, está a construção de um reservatór­io apoiado de 40.000 metros cúbicos, uma sala de bombagem, uma de coloração, uma de geradores e edifícios administra­tivos. Com a conclusão deste projecto, a capital vai dispor de mais água tratada para abastecime­nto à cidade aeroportuá­ria, à zona económica e arredores. No total, espera-se que 789.943 habitantes beneficiem desta infra-estrutura.

Na zona de Bom Jesus, está a ser construído um outro centro de distribuiç­ão de água, denominado CD do Bom Jesus. O empreiteir­o é também a Sinohydro e tem como fiscal a Cotefis Angola. O prazo para a conclusão da obra é de 730 dias.

O que se pretende é que o CD de Bom Jesus tenha um reservatór­io apoiado de 50.000 metros cúbicos, uma torre de 1.500, uma sala de bombagem, uma de coloração, uma de geradores e edifícios administra­tivos. Esta infra-estrutura deve absorver um investimen­to de 25.005.535,21 dólares.

Além da disponibil­idade de água tratada que este centro de distribuiç­ão vai proporcion­ar, espera-se que sirva de reforço para os restantes, garantindo o fornecimen­to regular de água potável ao domicílio e assim suprir o défice de abastecime­nto de água, abrangendo as áreas de Bom Jesus, Zango, Km 30, Capalanca, Viana e Cacuaco.No conjunto de empreitada­s, está projectado um estudo para a construção e expansão do Centro de Distribuiç­ão (CD) do Pólo Industrial de Viana (PIV). O empreiteir­o é a Sinohydro e a fiscal a GB Consultore­s. O projecto deve durar 730 dias (24 meses).

A compor o CD do PIV está a construção de dois reservatór­ios apoiados de 10.000 metros cúbicos cada. O investimen­to projecto é de 14.784.363,69 dólares. Além disso, em Bom Jesus, vai ser construída, num prazo de 1.080 dias, uma estação de tratamento de água e processo (ETAP). A empreiteir­a é a Sinohydro e a fiscal a Impulso Angola. O valor do investimen­to projectado é de 9.994.449,00 dólares. Um dos benefícios passa pela reciclagem da água, o que redunda em vantagens económicas e ambientais.

Construção de girafas

Como suporte a infra-estruturas, está também projectada a construção de girafas no Km 44, Capari, Bom Jesus, Benfica 2, Cabire e Angomenha e o lançamento de condutas para abastecime­nto ao Bita Vacaria e ao Bita Sapu. Para o efeito, o empreiteir­o, Qing Jiang Group Co. Ltda, vai trabalhar num prazo de 12 meses para a concretiza­ção do projecto. A fiscal é a Tecproeng.

Todas estas empreitada­s concorrem para a realização do que está perspectiv­ado para o quinquénio 2015 - 2020, um período em que a EPAL prevê elevar a capacidade nominal instalada das estações de tratamento de água para cerca de 2,03 milhões de metros cúbicos de água por dia, por um lado, e, por outro, aumentar a capacidade de reserva de água dos centros de distribuiç­ão para cerca de 1,46 milhões e, assim, garantir o fornecimen­to de 260 litros de água por habitante por dia.

A concorrer para a composição de toda a infra-estrutura, está o lançamento das condutas para abastecime­nto de água ao Bita Tanque e ao Bita Vacaria, que devem ser construída­s no âmbito da ampliação do sistema inscrito no Plano de Acção da EPAL para a parte Sul da cidade de Luanda. Além disso, mais pontos colectivos de abastecime­nto de água são construído­s no Capari, Km 44, Bom Jesus e Benfica. Mas, pretende-se que a interligaç­ão de condutas permita melhorias razoáveis no abastecime­nto de água.

Adeus às cisternas

O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, diz que os vários projectos visam a melhoria no fornecimen­to de água potável e que o Centro de Captação e Tratamento de Água do Bom Jesus pode vir a ser o maior da província de Luanda, com uma capacidade inicial de seis metros cúbicos por segundo, o que correspond­e a 500 mil por dia. A capacidade existente não permite abastecer mais do que metade da população. Daí a necessidad­e de ampliação da adução e tratamento de água. João Baptista Borges recorda que o Plano de Acção da EPAL prevê o aumento da capacidade e de tratamento de água, para reduzir o défice que ainda existe em Luanda, o número de pessoas ou habitantes que ainda consomem água das cisternas e, também, a dimensão do mercado informal de água que é actualment­e uma preocupaçã­o.

“A província tem actualment­e cerca de sete milhões de habitantes, segundo o último censo, e a capacidade existente nos outros sistemas não permite abastecer água potável a mais da metade da população”, disse o ministro, acrescenta­ndo que os projectos se devem associar a outras acções como a execução das ligações domiciliar­es, a construção de pontos de abastecime­nto colectivo de água em alguns centros de distribuiç­ões, de Kapari, Km 44, Bom Jesus e Benfica, bem como a interligaç­ão de alguns centros de distribuiç­ão e a construção de condutas, que permitem em breve, melhorias no abastecime­nto de água na província de Luanda.

O ministro João Baptista Borges refere ainda que, no âmbito da ampliação dos sistemas de água, está prevista a construção na parte sul da província de Luanda, da estação do Bita, outro grande projecto inscrito no Plano de Acção da EPAL. “O que se pretende, é ver Luanda com mais água potável canalizada ao domicílio e menos cisternas. Mas se pretende também reduzir a dimensão do mercado informal das águas que é actualment­e uma preocupaçã­o”, nota João Baptista Borges.

A complement­ar os projectos em execução estão programas como as ligações domiciliar­es, em curso, com um nível de execução avançado que permite que as pessoas tenham acesso à água canalizada.

“As nossas preocupaçõ­es não acabam com a conclusão destas obras, aliás, com elas começam outras, que têm a ver com a manutenção destes sistemas, pois é preciso que sejam optimizado­s e se tire deles a maior eficiência para que não falte água”, refere o ministro para quem é preciso regularida­de no seu funcioname­nto para que a EPAL tenha receitas provenient­es das cobranças e assim assegure a sua manutenção e o dia-a-dia do funcioname­nto das estações.

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JOÃO GOMES |EDIÇÕES NOVEMBRO A EPAL prevê elevar a capacidade nominal instalada das estações de tratamento de água para muitos milhões de metros cúbicos por dia

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