Descoberta nova maneira para consolidar a memória
Um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (ITM) revelou, pela primeira vez, que as recordações, na verdade, são formadas no hipocampo e na região de armazenamento de longa duração simultaneamente.
De acordo com os autores do estudo, as recordações ficam silenciosas por cerca de duas semanas, antes de atingir um estágio de maturidade. O artigo, publicado na revista "Science", pode forçar a revisão dos modelos dominantes de como a memória se consolida, disseram os autores.
Ao longo do tempo, os neurocientistas desenvolveram dois grandes modelos para descrever como as memórias são transferidas do curto para o longo prazo. O mais antigo, conhecido como padrão, propôs que as de curto prazo são formadas e armazenadas, inicialmente, apenas no hipocampo, antes de serem transferidas, gradualmente, para o neocórtex. Proposta mais recente sugere que traços de memórias episódicas continuam no hipocampo. Esses traços podem armazenar detalhes da memória, enquanto que esboços mais gerais ficam armazenados no neocórtex.
Até recentemente, não havia uma boa forma de testar as teorias. Em 2012, o laboratório de Susumu Tonegawa, do Centro de Genética dos Circuitos Neurais Riken-MIT, desenvolveu uma nova forma de estudar células chamadas engramas, que contêm memórias específicas, o que permitiu traçar os circuitos envolvidos no armazenamento das memórias.
Agora, os pesquisadores usaram essa abordagem para rotular as células de memória de ratos durante um evento de condicionamento do medo (choque moderado quando o animal entrava em determinado recinto). Usando luz para reactivar artificialmente os engramas, eles descobriram que as recordações do evento estavam armazenadas no hipocampo e no córtex pré-frontal. As células do córtex estavam silenciosas - elas podiam estimular o comportamento de medo quando activadas, artificialmente, pela luz, mas, no processo natural de recordação, não eram activadas.
Ao longo das duas semanas, as células silenciosas amadureceram, o que se reflectiu nas mudanças na sua anatomia e actividade fisiológica, até se tornarem necessárias para os animais recordarem, naturalmente, do evento e, assim, evitarem entrar no recinto onde podiam tomar choque.
Nesse mesmo período, os engramas tornaram-se silenciosos no hipocampo. Contudo, ainda estavam lá. Ao reactivá-las com luz, os ratos congelavam, um comportamento de medo.