Núcleo “Voz do Artista” homenageia Chico Coio
Papel criativo e empreendedor do artista vai ser recordado durante um espectáculo
Chico Coio, figura emblemática da Música Popular Angolana, falecido ano passado, em Luanda, aos 61 anos, vítima de doença, é homenageado no dia 6 de Maio, às 10h00, pelo núcleo a “Voz do Artista”, no espaço Grémio, situado no bairro Marçal, no distrito urbano do Rangel.
Francisco Mendes “Soky Dya Nzenze”, amigo e um dos organizadores da actividade, disse, ontem ao Jornal de Angola que a homenagem foi um pedido da família do falecido, que pretende prestar um tributo ao músico, pelo legado deixado em prol do desenvolvimento da música nacional nas décadas de 70 e 80, do século passado.
O momento, disse, vai servir para os músicos, amigos e admiradores do trabalho de Chico Coio poderem, não apenas, recordar o passado, mas também lembrar os feitos do artista como membro fundador do núcleo a “Voz do Artista”.
A homenagem vai contar com a presença de vários músicos com destaque para Guilhermino, o conjunto Oásis do Prenda, bem como os grupos folclóricos Idimakaji e Nguami Maka, que juntos dos amigos, colegas e familiares, vão recordar a figura emblemática de Chico Coio.
Outro momento não menos importante da actividade, explicou, vai ser o tempo reservado para os artistas e todos aqueles que poderem conviver com o falecido, deixarem o seu depoimento sobre o papel activo, criativo e empreendedor de Chico Coio, deixado como legado, o seu Centro Cultural e Recreativo “Grémio”.
Durante o espectáculo, reforçou, vão ser interpretado os principais sucesso do homenageado, uma figura emblemática do bairro Marçal, baterista e exímio executante da dicanza (reco-reco), tendo reunido em 2004 no disco “30 anos Depois”, as canções mais representativas da sua carreira: “Lemba”, “Vutukenu”, “Ngibanza”, “Ngolo banza Lemba”, “Mana Antónia Coio”, “Ndalatando”, Ngana António”, “Monangola” e “No jardim da cidade”, com participação dos instrumentistas Zé Mueleputo, guitarra solo, Angel Marine e El Djim, congas, Galiano Neto, percussão, Lito Graça, bateria, Carlitos Chiemba, baixo, Paulo Pakas, produção, programação, baixo e acordeão, Ciro Bertini, baixo, e Mestre Capitão, nas congas.
O repertório de Chico Coio foi igualmente, responsável por vários espectáculos de sucesso nos clubes da cidade de Luanda, nos quais dividiu o palco com cantores como Elias Dya Kimuezo, Prado Paim, Dionísio Rocha, Lulas da Paixão, Pitra Neto e Brando dos Kiezos.
O artista manteve os primeiros dez anos do início de carreira em segredo dos seus familiares porque os padrinhos e pais, na altura, não admitiam ter um filho cantor. Iniciou a sua trajectória artística no Bairro Operário na década de 1960 por influência dos amigos, Kinito e Floriano, que o integraram no conjunto musical Anapaz. Passou ainda pelos agrupamentos Zebano, Angolenses, África Ritmo, Dimbangola e Os Kiezos. O músico decidiu seguir carreira individual na década de 80.
Chico Coio foi membro da União Nacional dos Artistas e Compositores - Sociedade de Autores (UNACSA), instituição de utilidade púbica que o remunerava através do seu Fundo de Pensões, e está ligado à Associação Voz do Artista, cujo objectivo visa apoiar os artistas angolanos desfavorecidos. Francisco Manuel Coio “Chico Coio” nasceu em 1955, no Casuno, Cidade Alta, em Luanda.
Importância do Grémio
O espaço cultural “Grémio”, do Chico Coio, ficou conhecido pelas tertúlias do “Núcleo a voz do artista”, um local de solidariedade e debate de ideias sobre o estado da música, e pretexto de reencontro de cantores, compositores e instrumentistas, de importância simbólica na história da Música Popular Angolana (MPA). No cantinho do Coio, era frequente a passagem, em reunião, entre outras figuras os guitarristas Hidelbrando Cunha, Zeca Tyrilene e Gegé Faria, o pianista Tony Galvão (falecido) e os cantores Carlos Lamartine, Xabanú, Cirineu Bastos e Kituxi, lenda viva e um dos sobreviventes da formação inicial do conjunto os “Kiezos”.
Nos últimos anos da sua vida, Chico Coio teve o mérito de ter organizado e impulsionado o “Núcleo a voz do artista”, uma associação que visa o debate e procurar resultado positivos sobre os problemas da classe, numa relação de diálogo e intermediação com a União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC).
Francisco Manuel Coio, Chico Coio, nasceu em Luanda, no bairro da Ingombota, no dia 8 de Novembro de 1948. Embora tenha passado pela Escola Técnica de Enfermagem, onde se formou como agente sanitário, Chico Coio enveredou para a música, contrariando o desejo dos seus familiares. Em 1965, numa altura em que morava no bairro Operário, Chico Coio foi convidado por Kinito e Floriano Meireles a integrar, primeiro o conjunto “Anapaz”, pequena formação que veio a dar depois no África Ritmos, onde, em 1967 veio a cantar e tocar dikanza, com Floriano Meireles, bongós, Kinito, tambores, Domingos Pai Adão, Pai Mingo, viola baixo, Jabi, voz, autor do “Kilombelombe”, e Corais, igualmente na voz. Foram solistas do África Ritmos, Constantino, Belmiro Carlos, Nito e Hildebrando Cunha, até 1974, ano da extinção do grupo. Chico Coio passou depois pelos conjuntos “Ébanos”, “Angolenses”, como vocalista e baterista, época em que gravou a canção “Nguxi Tua sakidila”, um tema de pendor político, “Dimbangola” e os “Kiezos”.