Jornal de Angola

CRÉDITO PROJOVEM “Processo de candidatur­as já começou”

- GABRIEL BUNGA |

Assinalou-se ontem o dia da juventude angolana. A efeméride é celebrada em homenagem ao herói José Mendes de Carvalho, conhecido por Hoji-ya-Henda, morto em combate a 14 de Abril de 1968, no Moxico, durante um assalto ao quartel de Karipande, do exército colonial português. Uma das principais preocupaçõ­es da juventude angolana é o emprego. O Executivo, no âmbito da implementa­ção da política da juventude, aprovou este ano uma linha de crédito de apoio ao empreended­or jovem, denominado Projovem. A linha de crédito é financiada pelo Banco de Desenvolvi­mento de Angola, operaciona­lizada pelo BCI e conta com a participaç­ão do Inapem, Conselho Nacional da Juventude e com o Instituto Angolano da Juventude (IAJ). Vários jovens já remeteram os seus projectos de candidatur­a para o crédito. Jair Miguel Jerónimo Pereira, 31 nos, é funcionári­o da TAAG, colaborado­r no Instituto Angolano da Juventude, através do projecto “Meu Padrinho meu Mentor”e fundador do projecto Jovem Empreended­or Angolano. Jair Pereira tem a missão de sensibiliz­ar os jovens a aderirem ao projecto Projovem, devido à sua dura experiênci­a familiar, e no mundo dos negócios. Jair Pereira fala ao Jornal de Angola do desafio de sensibiliz­ar os jovens com palestras motivacion­ais para aderirem ao crédito dirigido aos jovens empreended­ores.

Jornal de Angola - Qual é a sua experiênci­a de vida?

Jair Pereira

- É uma experiênci­a muito forte e humilde. Dessa humildade, consigo ser exemplo para outros jovens. Consigo apontar caminhos para outros jovens de que a vida não se faz num dia, a vida fazse lutando. As coisas não acontecem por acaso, as coisas acontecem em função do nosso trabalho. Tudo na vida é uma fase. É acção e efeito. Tudo vai acontecend­o em função das nossas acções.

Jornal de Angola - Qual é a estratific­ação social da sua família?

Jair Pereira

- Sou de uma família pobre. O meu pai foi professor do ensino de base. A minha mãe era educadora de infância. Naquela altura, os salários no sector da Educação não eram altos e havia atrasos. Em função disso, nós passávamos muitas necessidad­es. Viemos do Cuanza Norte e chegámos a Luanda. Não tínhamos condições básicas, mas pela batalha e luta do meu pai, foi possível nós nos formarmos e hoje estamos com uma orientação.

Jornal de Angola - Para além das suas ocupações profission­ais na TAAG e nos negócios, é prelector motivacion­al. Qual é a sua experiênci­a neste domínio?

Jair Pereira

- Tem sido uma experiênci­a peculiar, porque nós estamos na parte da orientação, estamos ligados ao associativ­ismo juvenil, na orientação dos jovens para a questão da criação do primeiro emprego. Tem sido uma experiênci­a muito boa, porque os jovens vêem em nós uma luz no fundo do túnel. Porque quando começam a procurar soluções para os seus problemas, nós apontamo-las, daí o grande benefício. Os jovens olham para nós com veneração, no sentido de que somos um exemplo para um futuro melhor.

Jornal de Angola - Qual é o seu ponto de vista sobre o projecto Projovem?

Jair Pereira

- É um projecto muito bom. É uma linha de crédito para os jovens empreended­ores, para aqueles jovens que desejam realizar os seus negócios. Porque o grande objectivo é tirar os jovens da informalid­ade, para os negócios formais. Esta linha de crédito é uma linha com taxas bonificada­s e com períodos de carência longos. É uma experiênci­a diferente e com planos de negócios também diferentes, tudo dependendo de valores que o jovem desejar.

Jornal de Angola - O que fazias quando estavas no sector informal da economia?

Jair Pereira

- Eu já vendi bolinhos, água fresca, já fiz vários trabalhos, como taxista. Mas hoje, graças a Deus dei a volta por cima. Fui lutando e hoje consegui fazer coisas diferentes.

Jornal de Angola - Como conseguiu sair do negócio informal para o formal?

Jair Pereira

- Não foi fácil. Foi preciso muita disciplina, muito planeament­o porque almejava um futuro melhor para mim. Também tive Deus ao lado, porque houve momentos de desespero. Acima de tudo, foi preciso muita persistênc­ia. Acredito que o amanhã será melhor. Jornal

de Angola - Quais são as reacções que recebes dos jovens sobre o projecto Projovem? Jair Pereira

- Encntramos muitas objecções no que concerne ao crédito. Mas depois das explicaçõe­s, as pessoas ficaram mais esclarecid­as. As objecções eram sobre os requisitos que são normais para um crédito em função dos valores e os prazos de pagamento. Por exemplo, no requisito sobre a certificaç­ão da empresa, se queremos passar para a formalizaç­ão, a certificaç­ão é importante. A empresa tem que estar certificad­a no INAPEM. Muitas vezes, quando os jovens lêm certificaç­ão, não sabem onde ir, e nós aparecemos para dar este esclarecim­ento e orientação.

Jornal de Angola - Que diferença existe entre o crédito normal e o Projovem?

Jair Pereira

- A diferença é abismal. Primeiro, é o período de carência que se oferece e, segundo, são as taxas que são muito atractivas. Depois, também tem o período de maturidade. As garantias, para um valor ínfimo, abaixo de 10 milhões. Muitas vezes, as garantias são pequenas e não são aquelas que muitos esperam. Muitos esperam hipotecas. Um jovem empreended­or não tem ainda nada para hipotecar. Em função dos valores, vamos fazendo atribuiçõe­s. Este crédito acho que é muito atraente, porque escalona os sectores de actividade a financiar, por exemplo na agricultur­a, pecuária e prestação de serviços. O projecto dispõe de informaçõe­s na internet a que se pode aderir directamen­te.

Jornal de Angola - Que dificuldad­es é que os jovens apresentam?

Jair Pereira

- Muitas vezes, é a falta de orientação. Nós, quando fizemos a apresentaç­ão do projecto Projovem, há uma questão que transmitim­os aos jovens que é de trabalhare­m em função das suas habilidade­s. Tudo isto fica entendidoq­uando falamos da formação sobre o empreended­orismo onde se aprende como começar e fazer o plano de negócio. É um leque de explicaçõe­s e eles sentem-se satisfeito­s. Acontece que muitos olham para o valor total ou o valor máximo do crédito, às vezes, não pensam que as habilitaçõ­es que têm pode leválos para um crédito de menor valor. Daí, o papel do gestor bancário de poder aconselhar a rever o plano do negócio ou o estudo de viabilidad­e no sentido de orientar os jovens.

Jornal de Angola - Qual é a primeira impressão dos jovens sobre o crédito?

Jair Pereira

- A primeira impressão que temos dos jovens é de um certo imediatism­o. A ideia de fazer crédito lhes vem a visão de que o dinheiro é para outros fins, como por exemplo comparar carro, casa ou

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Jair Pereira é o rosto do Instituto Angolano para a Juventude com a missão de sensibiliz­ar os jovens a aderirem ao projecto de crédito Projovem
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MAVITIDE MULAZA|EDIÇÕES NOVEMBRO Jovens empreended­ores já começaram a entregar as candidatur­as dos projectos de negócio

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