CRÉDITO PROJOVEM “Processo de candidaturas já começou”
Assinalou-se ontem o dia da juventude angolana. A efeméride é celebrada em homenagem ao herói José Mendes de Carvalho, conhecido por Hoji-ya-Henda, morto em combate a 14 de Abril de 1968, no Moxico, durante um assalto ao quartel de Karipande, do exército colonial português. Uma das principais preocupações da juventude angolana é o emprego. O Executivo, no âmbito da implementação da política da juventude, aprovou este ano uma linha de crédito de apoio ao empreendedor jovem, denominado Projovem. A linha de crédito é financiada pelo Banco de Desenvolvimento de Angola, operacionalizada pelo BCI e conta com a participação do Inapem, Conselho Nacional da Juventude e com o Instituto Angolano da Juventude (IAJ). Vários jovens já remeteram os seus projectos de candidatura para o crédito. Jair Miguel Jerónimo Pereira, 31 nos, é funcionário da TAAG, colaborador no Instituto Angolano da Juventude, através do projecto “Meu Padrinho meu Mentor”e fundador do projecto Jovem Empreendedor Angolano. Jair Pereira tem a missão de sensibilizar os jovens a aderirem ao projecto Projovem, devido à sua dura experiência familiar, e no mundo dos negócios. Jair Pereira fala ao Jornal de Angola do desafio de sensibilizar os jovens com palestras motivacionais para aderirem ao crédito dirigido aos jovens empreendedores.
Jornal de Angola - Qual é a sua experiência de vida?
Jair Pereira
- É uma experiência muito forte e humilde. Dessa humildade, consigo ser exemplo para outros jovens. Consigo apontar caminhos para outros jovens de que a vida não se faz num dia, a vida fazse lutando. As coisas não acontecem por acaso, as coisas acontecem em função do nosso trabalho. Tudo na vida é uma fase. É acção e efeito. Tudo vai acontecendo em função das nossas acções.
Jornal de Angola - Qual é a estratificação social da sua família?
Jair Pereira
- Sou de uma família pobre. O meu pai foi professor do ensino de base. A minha mãe era educadora de infância. Naquela altura, os salários no sector da Educação não eram altos e havia atrasos. Em função disso, nós passávamos muitas necessidades. Viemos do Cuanza Norte e chegámos a Luanda. Não tínhamos condições básicas, mas pela batalha e luta do meu pai, foi possível nós nos formarmos e hoje estamos com uma orientação.
Jornal de Angola - Para além das suas ocupações profissionais na TAAG e nos negócios, é prelector motivacional. Qual é a sua experiência neste domínio?
Jair Pereira
- Tem sido uma experiência peculiar, porque nós estamos na parte da orientação, estamos ligados ao associativismo juvenil, na orientação dos jovens para a questão da criação do primeiro emprego. Tem sido uma experiência muito boa, porque os jovens vêem em nós uma luz no fundo do túnel. Porque quando começam a procurar soluções para os seus problemas, nós apontamo-las, daí o grande benefício. Os jovens olham para nós com veneração, no sentido de que somos um exemplo para um futuro melhor.
Jornal de Angola - Qual é o seu ponto de vista sobre o projecto Projovem?
Jair Pereira
- É um projecto muito bom. É uma linha de crédito para os jovens empreendedores, para aqueles jovens que desejam realizar os seus negócios. Porque o grande objectivo é tirar os jovens da informalidade, para os negócios formais. Esta linha de crédito é uma linha com taxas bonificadas e com períodos de carência longos. É uma experiência diferente e com planos de negócios também diferentes, tudo dependendo de valores que o jovem desejar.
Jornal de Angola - O que fazias quando estavas no sector informal da economia?
Jair Pereira
- Eu já vendi bolinhos, água fresca, já fiz vários trabalhos, como taxista. Mas hoje, graças a Deus dei a volta por cima. Fui lutando e hoje consegui fazer coisas diferentes.
Jornal de Angola - Como conseguiu sair do negócio informal para o formal?
Jair Pereira
- Não foi fácil. Foi preciso muita disciplina, muito planeamento porque almejava um futuro melhor para mim. Também tive Deus ao lado, porque houve momentos de desespero. Acima de tudo, foi preciso muita persistência. Acredito que o amanhã será melhor. Jornal
de Angola - Quais são as reacções que recebes dos jovens sobre o projecto Projovem? Jair Pereira
- Encntramos muitas objecções no que concerne ao crédito. Mas depois das explicações, as pessoas ficaram mais esclarecidas. As objecções eram sobre os requisitos que são normais para um crédito em função dos valores e os prazos de pagamento. Por exemplo, no requisito sobre a certificação da empresa, se queremos passar para a formalização, a certificação é importante. A empresa tem que estar certificada no INAPEM. Muitas vezes, quando os jovens lêm certificação, não sabem onde ir, e nós aparecemos para dar este esclarecimento e orientação.
Jornal de Angola - Que diferença existe entre o crédito normal e o Projovem?
Jair Pereira
- A diferença é abismal. Primeiro, é o período de carência que se oferece e, segundo, são as taxas que são muito atractivas. Depois, também tem o período de maturidade. As garantias, para um valor ínfimo, abaixo de 10 milhões. Muitas vezes, as garantias são pequenas e não são aquelas que muitos esperam. Muitos esperam hipotecas. Um jovem empreendedor não tem ainda nada para hipotecar. Em função dos valores, vamos fazendo atribuições. Este crédito acho que é muito atraente, porque escalona os sectores de actividade a financiar, por exemplo na agricultura, pecuária e prestação de serviços. O projecto dispõe de informações na internet a que se pode aderir directamente.
Jornal de Angola - Que dificuldades é que os jovens apresentam?
Jair Pereira
- Muitas vezes, é a falta de orientação. Nós, quando fizemos a apresentação do projecto Projovem, há uma questão que transmitimos aos jovens que é de trabalharem em função das suas habilidades. Tudo isto fica entendidoquando falamos da formação sobre o empreendedorismo onde se aprende como começar e fazer o plano de negócio. É um leque de explicações e eles sentem-se satisfeitos. Acontece que muitos olham para o valor total ou o valor máximo do crédito, às vezes, não pensam que as habilitações que têm pode leválos para um crédito de menor valor. Daí, o papel do gestor bancário de poder aconselhar a rever o plano do negócio ou o estudo de viabilidade no sentido de orientar os jovens.
Jornal de Angola - Qual é a primeira impressão dos jovens sobre o crédito?
Jair Pereira
- A primeira impressão que temos dos jovens é de um certo imediatismo. A ideia de fazer crédito lhes vem a visão de que o dinheiro é para outros fins, como por exemplo comparar carro, casa ou