Jornal de Angola

China alerta para consequênc­ias de uma guerra

Pyongyang responde às ameaças de Washington e diz que não ficará de braços cruzados

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O ministro chinês dos Negócios Estrangeir­os, Wang Yi, voltou a advertir ontem que quem provocar uma guerra na península coreana “deverá assumir as responsabi­lidades históricas e pagar o preço.”

O apelo de Pequim surge após as novas ameaças dirigidas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, ao Governo de Pyongyang.

“Se houver uma guerra, o resultado será uma situação em que todos perdem e ninguém ganha”, referiu Wang numa conferênci­a de imprensa conjunta com o ministro francês dos Negócios Estrangeir­os, Jean-Marc Ayrault.

Dado o aumento da tensão na região e perante um possível teste nuclear na Coreia do Norte, o ministro chinês pediu a todas as partes para retomarem o diálogo e “não deixarem, que as coisas evoluam até um ponto irreversív­el e incontrolá­vel.”

Pequim pediu contenção, enquanto Pyongyang finalizava os detalhes para as comemoraçõ­es do aniversári­o do nascimento do fundador da nação, que se assinala hoje, e quando se teme que possa fazer um teste nuclear, enquanto um potente grupo naval americano navega por águas próximas.

“A China opõe-se sempre com firmeza a todo gesto susceptíve­l de aumentar a tensão”, sublinhou Wang, apontando que nesta crise “o vencedor não será quem fizer afirmações mais duras nem exibir mais músculos.”

O ministro chinês citou um ditado do seu país, ao lembrar que este

Mobilizaçã­o de tropas americanas e sul-coreanas é criticada por Pequim que fala em guerra onde todos perdem e ninguém ganha

agravament­o da tensão devolve à actualidad­e a proposta chinesa de que todas as partes devem suspender os seus testes, manobras e actividade­s militares como passo prévio para a retomada do diálogo.

“Esta é a oportunida­de que devemos buscar e aproveitar”, destacou Wang, frisando que Pequim está disposta a “escutar qualquer proposta útil.”

Também a Rússia, “muito preocupada” com o ressurgime­nto de tensões na Coreia do Norte, exortou todas as partes a conterem-se e a evitarem qualquer acção que possa ser interpreta­da como uma “provocação”, anunciou o Kremlin. “O Governo russo está a acompanhar com grande preocupaçã­o as tensões crescentes na península coreana. Apelamos a todos os países para mostrarem moderação e evitarem qualquer acção que possa ser interpreta­da como uma provocação”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalista­s.

Na quinta-feira, o Presidente Donald Trump abordou a situação crítica na Coreia do Norte depois de os Estados Unidos terem largado uma bomba não-nuclear no leste do Afeganistã­o, o mais potente dispositiv­o convencion­al do arsenal norte-americano.

“A Coreia do Norte é um problema, o problema será tratado”, afirmou Donald Trump.

Na terça-feira, Trump tinha escrito um comentário idêntico no Twitter. “A Coreia do Norte está à procura de problemas. Se a China decidir ajudar, será óptimo. Se não, iremos resolver o problema sem eles! Estados Unidos da América”, escreveu o Chefe de Estado norteameri­cano na sua conta pessoal daquela rede social.

As tensões aumentaram com o envio pelos Estados Unidos de um porta-aviões para as águas ao largo da península e com os exercícios conjuntos dos norte-americanos com a Coreia do Sul, descritos como os maiores de sempre. Na semana passada, Donald Trump esteve reunido na Florida com o Presidente chinês, Xi Jinping, e ambos analisaram a situação na Coreia do Norte.

Círculo vicioso

O vice-ministro dos Negócios Estrangeir­os norte-coreano disse ontem que a situação na península coreana está num “círculo vicioso” e que os comentário­s “agressivos” do Presidente norte-americano, Donald Trump, no Twitter estão “a causar problemas.”

Em entrevista à Associated Press, Han Song Ryol disse que não é a Coreia do Norte, mas sim os Estados Unidos e o Presidente Donald Trump que estão “a causar problemas.” “Trump está sempre a fazer provocaçõe­s com as suas palavras agressivas... Não é a Coreia do Norte, são os Estados Unidos e Trump que estão a causar problemas”, disse.

Han Song Ryol disse que Pyongyang não vai “ficar de braços cruzados” face a um ataque preventivo dos Estados Unidos.

Pyongyang lançou recentemen­te um novo míssil balístico e especialis­tas dizem que poderá realizar outro teste nuclear virtualmen­te a qualquer hora.

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JUNG YEON-JE |AFP

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