Diplomacia económica Educação cívica
Em tempos de dificuldades de natureza económica e financeira por que passam os Estados, particularmente as chamadas economias emergentes, a captação de investimentos e a identificação de oportunidades constituem iniciativas que devem ser maximizadas. E nisto, as instituições dos Estados, acompanhadas de outros sectores, entram em cena para a busca de ganhos e vantagens decorrentes dos laços económicos e comerciais que os Estados estabelecem. Nesta empreitada, tendo como fim a busca de melhores soluções para diversificar a economia, todas as ferramentas devem ser postas ao serviço dos Estados e das instituições.
A diplomacia angolana encontra-se, neste momento, a explorar o Extremo Oriente, em busca de melhores oportunidades para o reforço da cooperação, de trocas comerciais e abrir caminho para sectores privados. Numa altura em que diversificar a economia constitui uma espécie de lema com o qual todo o angolano pretende identificar-se, faz todo o sentido que a procura de parceiros e oportunidades em todo o mundo se efective.
E, para isso, nada melhor do que colocar em campo e “agressivamente” o privilegiado instrumento da política externa, a diplomacia, com maior pendor para a componente económica. Trata-se da melhor aposta em tempos de dificuldades económicas e financeiras por que passam grande parte das economias emergentes, razão pela qual a diplomacia económica constitui hoje a ferramenta privilegiada.
No fundo, pretendemos fazer um exercício semelhante e comparativamente ao lançamento de ovos em várias cestas, em detrimento da aposta numa e única cesta, para que tenhamos vários e diferentes resultados.
O ministro das Relações Exteriores, Georges Chicoti, que realiza em Seul a quarta etapa do périplo que o levou recentemente à Indonésia, lidera uma comitiva que tem como missão fundamental o que se traduz na “venda” da imagem de Angola na importante e estratégica zona do globo, economicamente falando.
Tomamos boa nota do grande interesse da parte de investidores asiáticos cujos Estados, na mesma senda que Angola, também desenvolvem esforços para diversificarem as suas economias. Logo, o repto que cada parte enfrenta consiste apenas na identificação e avaliação de oportunidades, condições e garantias para que as vantagens recíprocas se efectivem na mesma proporção para cada parte. Os representantes do Estado angolano devem continuar a dar a conhecer as potencialidades do nosso país e as vantagens de investir em Angola, numa altura de paz, estabilidade política e governativa. Modestamente e comparativamente a muitas regiões do continente mundo, temos todas as condições elementares para que todo o empreendedor e investidor, bem como todas as instituições financeiras interessadas, invistam em segurança e garantia de retorno dos investimentos. Acreditamos que precisamos de continuar a fazer o nosso trabalho de casa e fundamentalmente dar a conhecer a nova realidade social, política e económica de Angola, fruto das reformas por que passa o nosso país.
Com os chamados “tigres asiáticos”, designação a que se convencionou chamar as economias de alguns países do Extremo Oriente pelo crescimento e solidez, pode-se aprender muito. E não há dúvidas de que os representantes angolanos vão seguramente tirar proveito das experiências daqueles países que melhor se adequam às actuais necessidades de Angola para progredir e continuar a crescer. Atendendo à experiência agrícola, mineira, na área das finanças e de serviços, com forte papel da ciência e tecnologia, há um potencial significativo que pode ser aproveitado junto das economias da Ásia. É igualmente considerável o grau de complementaridade da economia angolana e de alguns países asiáticos com os quais Angola tem todo o interesse em ver reforçadas as relações diplomáticas e os laços comerciais.
Atendendo a algumas semelhanças, particularmente o clima tropical, há uma grande vantagem na exploração de vantagens comparativas entre Angola e países como a Indonésia, por exemplo, cuja economia muito se assemelha à nossa. Da troca de experiências com aquele país da Ásia, que evolui positivamente com o reforço das relações diplomáticas e comerciais, à semelhança do que sucede e tende a ocorrer com outros gigantes asiáticos, abrem-se numerosas e diversificadas páginas para Angola.
Vale enaltecer a iniciativa das autoridades indonésias traduzidas na isenção dos angolanos do visto de entrada para aquele país, numa altura em que urge ponderar a criação de uma câmara de comércio e potenciar o sector privado. Com a visita do ministro Chicoti e a delegação que o acompanha, acreditamos todos que o país dá passos no sentido da identificação não apenas do que melhor pode oferecer, mas igualmente na avaliação do que melhor pode colher para as suas necessidades. Além da captação de investimentos, é fundamental que sejamos capazes de aprender com outras realidades para corrigir o que está mal e melhorar o que está bem. Esperamos todos que na Nova Zelândia, Austrália, Indonésia, Coreia do Sul e Vietname, a delegação ministerial angolana consiga maximizar ganhos para acelerar o processo de diversificação da economia por via da diplomacia.
Sou de opinião de que se deviam organizar nos municípios, aos fins de semana, sessões de educação cívica e patriótica. Penso que as várias associações que temos no país deviam, em colaboração com as administrações municipais, organizar encontros com os jovens, para transmitir-lhes ensinamentos sobre civismo. É certo que é na família que os jovens devem receber educação, para que possam ter comportamentos positivos na sociedade. Acontece porém que existem na nossa sociedade muitas famílias desestruturadas, o que tem levado muitos jovens a enveredar por práticas ilícitas. Mas a sociedade pode reagir às situações negativas, promovendo reuniões com aqueles jovens que têm dificuldade em viver em comunidade. Sugiro que se mobilizem professores, para levarem a cabo campanhas de educação cívica e patriótica nos bairros, junto dos jovens, aos fins de semana, para abordagem de vários temas. Nestas campanhas, deve haver interacção entre os jovens e os professores, devendo-se dar a possibilidade dos primeiros emitirem as suas opiniões. É preciso conhecer bem os problemas da juventude, para que se possam encontrar soluções. É preciso saber a opinião dos jovens sobre uma série de assuntos, a fim de as autoridades poderem avaliar convenientemente as situações e assim tomarem as decisões correctas. LAURINDO ALFREDO | Rangel