GALERIA DO MÚSICO CONTÉM OITO PRÉMIOS
Carlos Fernando Tanzi, ou simplesmente “Cef”, está no mundo da música há 18 anos e destaca-se por ter um timbre de voz e estilo característico. Em entrevista ao Jornal de Angola, o compositor e intérprete falou da sua trajectória musical e dos sonhos, em que se destaca o desejo de se formar na área de futebol e tornar-se um grande treinador.
- De que forma entrou para o mundo da música? Cef -
Comecei nos anos 90 a cantar no coro da Igreja Boa Nova. Foi ali que nasceu a minha paixão pela música gospel. Depois de alguns anos, comecei a apreciar outros estilos. Como tenho dois irmãos que cantam, o Jack Nkanga e Tony Laf, surgiu o interesse de aprender a tocar guitarra e outros instrumentos. Assim, passei a fazer as minhas composições. Em 2001, um dos meus irmãos participou no concurso “Estrelas ao Palco” e gostei. No ano seguinte, imitei o Tony Laf, com a música Nza-wuisa, e conquistei o terceiro lugar na 36.ª edição do concurso. A partir daí não parei mais.
JA - A fama incomoda-o? Cef -
Venho de uma família onde a educação tem uma base religiosa. Transmitiram-nos bem a humildade, o sentimento de que Deus é o promotor fundamental da vida. Quando se tem estes princípios, a fama não incomoda. Até porque não me considero famoso, mas, sim, um artista que luta diariamente para desenvolver bem o seu trabalho. Tudo o que tenho hoje, devo e agradeço aos puxões de orelha que recebi dos meus irmãos mais velhos e dos meus pais, que me ensinaram a cuidar das minhas responsabilidades com humildade, de forma a saber ouvir as pessoas e responder com muito respeito. Sou apenas um músico.
JA - O que faz além da música? Cef -
Sei fazer muita coisa. Mas, como a música é a minha grande paixão, estou neste momento dedicado a isso. Sou formado em Gestão de Empresas, mas foi a música que escolhi como meu ganha pão, por este ser um dom, uma dádiva de Deus.
JA - Consegue viver da música? Cef -
Eu vivo da música desde os 17 anos. Hoje, o meu caché é de um milhão e quinhentos kwanzas e, assim, pude formar-me a dar condições à minha família.
JA - Se não fosse músico, o que gostava de fazer? Cef -
Quando terminar a minha carreira como músico, vou formar-me para ser um treinador de futebol. O futebol é outra grande paixão minha, mas já não posso praticar devido à idade. Sempre sonhei em ser um grande jogador, adoro o futebol. Penso ser um treinador para trazer várias conquistas ao desporto nacional.
JA - Sente-se realizado? Cef -
Não. Ainda não. Falta-me muito trabalho para chegar às minhas realizações.
JA - Quais são os benefícios que a música lhe proporcionou? Cef -
Vários. Neste percurso, conheci boas pessoas. Hoje conheço Angola por inteiro e várias culturas e línguas. A música ofereceu-me o prazer de conhecer essas várias culturas e línguas, várias pessoas que, com a sua humildade, souberam transmitir-me valores.
JA - Já enfrentou algum momento delicado na sua carreira? Cef -
Vários. Batalhei muito para chegar até aqui. Não basta ter talento. Tive de correr atrás das pessoas e aprender tudo e mais alguma coisa sobre música. Passei por várias dificuldades terríveis que me fizeram pensar em desistir inúmeras vezes. Mas mantive a determinação e acreditei nos meus sonhos.
JA - Porque razão abandonou o grupo Milionário Family? Cef -
Não abandonei a Milionário Family. Tenho-os como uma família. O meu contrato com o Senhor Horácio Mosquito terminou. Então, decidi tomar o meu caminho e fazer o meu trabalho sozinho. Achei que estava preparado para isso. Houve necessidade de procurar alguém para fazer a edição e distribuição do meu CD e encontrei a LS.
JA - Como entra para o projecto da B26? Cef -
Este projecto está a ser para mim uma experiência formidável, apesar de a minha decisão ser várias vezes questionada por muita gente. Sinto-me bem, enquanto artista, a trabalhar no projecto com artistas com grande trajectória como o Big Nelo.
JA - Como se considera? Cef -
Considero-me uma pessoas reservada e humildade, com muito amor ao próximo.
JA - Quais são os artistas que admira? Cef -
São vários. Os meus irmãos Jack NKanga e Toni Laf fazem parte deste grupo. Tenho deles a maior inspiração. Também admiro Walter Ananaz e Dodó Miranda e gostaria imenso de cantar com os dois nos próximos projectos. Não me vejo parar de cantar sem realizar este desejo. Falo também de Yuri da Cunha, Matias Damásio, Paulo Matumina, R. Kelly, Washa e outros.
JA - Para quando o lançamento do seu segundo álbum? Cef -
Estamos em fase de conclusão. Será lançado em Agosto do ano corrente, com o titulo “Cartel de Amor”, com dez faixas musicais. Estou a fazer as gravações entre Angola, com as bases e os arranjos, e Portugal. O meu novo álbum vai ter 15 por cento do que se “consumiu” no álbum passado.
JA - A título de curiosidade, como foi a sua infância? Cef -
Tive uma infância muito feliz, rodeado de muito amor e de uma família unida e numerosa.
JA - Como se relaciona com os seus familiares, visto que tem uma vida profissional e social muito preenchida. Sobra tempo para eles? Cef -
Somos muito amigos. Faço um esforço muito grande para estar sempre presente e brincar com a minha filha. Quando não estou a viajar, dou bastante carinho à minha esposa. A minha família é a base das minhas realizações.
JA - Qual é o segrego do sucesso? Cef - JA - Quais os prémios que a carreira já lhe proporcionou? Cef -
O segredo é a educação.
Neste momento, tenho oito prémios: Artista Revelação do Top Rádio Luanda, Artista Revelação do Angola Music Word, Melhor Cantor de R&B do ano por duas vezes, terceiro classificado do Top dos Mais Queridos, Melhor Zouk do ano, Melhor Voz Masculina do ano e artista com mais tempo no Kison em Top com 36 semanas.
JA - Quem é o Cef? Cef -
Sou filho de Fernando Tanzi e Eloísa Tana. Nasci a 30 de Junho - o ano fica nos segredos dos deuses - no bairro da Mabor, em Luanda. Sou o oitavo filho de uma família numerosa composta por 10 irmãos. Sou casado com Jandira Tansi e pai de Kayla Henriques Fernandes Tanzi de um ano.