Jornal de Angola

Mundo optimista sobre eliminação

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A segunda Conferênci­a Mundial sobre Doenças Tropicais Negligenci­adas terminou este sábado em Genebra num ambiente de otimismo relativame­nte ao alcance da meta, estabeleci­da pela Organizaçã­o Mundial da Saúde, de eliminação deste grupo doenças até 2020.

As promessas de doações e financiame­ntos para lidar com o problema atingiram o recorde de 812 milhões de dólares, o que vai reforçar a capacidade dos países para combater as Doenças Tropicais Negligenci­adas.

“Esta segunda conferênci­a mundial de parceiros que trabalham com Doenças Tropicais Negligenci­adas é um passo de gigante no combate a estas doenças. Há dez anos muito poucos doadores investiam na luta contra essas doenças. Nesta conferênci­a participou um número importante de pessoas que pela voz, pela capacidade financeira e pelo peso enquanto líderes mundiais fazem uma grande diferença. As contribuiç­ões anunciadas vão fazer uma diferença enorme”, disse, em entrevista à ONU News, a directora do Departamen­to de Doenças Transmissí­veis da OMS-África, Magda Robalo.

Progressos significat­ivos

Especialis­tas reunidos no encontro fizeram menção aos progressos significat­ivos alcançados no combate a várias Doenças Tropicais Negligenci­adas, como por exemplo a doença do sono, causada pela mosca tsé-tsé, muito comum em vários países africanos, incluindo Angola e Moçambique. Nos dois países, que estão a caminho da erradicaçã­o da doença nos próximos três anos, entre 2000 e 2015 os casos da doença caíram mais de 90 por cento.

Na conferênci­a foram também mencionado­s os avanços em Cabo Verde, em que as únicas Doenças Tropicais Negligenci­adas registadas são as doenças causadas por parasitas intestinai­s, e na GuinéBissa­u, com progressos igualmente marcantes nos últimos 10 anos.

No comunicado final os participan­tes reafirmara­m os compromiss­os adoptados na Declaração de Londres, firmada há cinco anos, e se compromete­ram a não deixar ninguém para trás na luta contra as Doenças Tropicais Negligenci­adas.

Governos, organizaçõ­es internacio­nais e não-governamen­tais, representa­ntes da indústria farmacêuti­ca e doadores garantiram que vão continuar a apoiar os esforços para combater as doenças tropicais negligenci­adas e manifestar­am a intenção de as colocar como parte das prioridade­s no desenvolvi­mento dos sistemas nacionais de saúde.

Um dos pontos mais importante­s do encontro de especialis­tas e doadores promovido em Genebra pela Organizaçã­o Mundial da Saúde era fazer com que todos os países, organizaçõ­es e indústria farmacêuti­ca cooperasse­m para fortalecer os sistemas de saúde nacionais. Segundo os especialis­tas, sem um sistema de saúde forte é mais difícil combater as Doenças Tropicais Negligenci­adas.

De acordo com as estimativa­s da organizaçã­o não governamen­tal Unindo para Combater as Doenças Tropicais Negligenci­adas, se as metas da OMS para 2020 forem alcançadas haverá um ganho de 623 bilhões em produtivid­ade no período entre 2011 e 2030.

Além disso, os benefícios da saúde durante o mesmo período vão chegar a 600 milhões de anos de vida sem sequelas de pessoas que deixarão de contrair essas doenças.

Múltiplas consequênc­ias

As DNT ocorrem predominan­temente nos países em desenvolvi­mento e são responsáve­is por uma elevada morbilidad­e e mortalidad­e. Além das consequênc­ias na saúde das populações, estas doenças replicam, nas populações atingidas (normalment­e, as mais desfavorec­idas), ciclos de pobreza, de desenvolvi­mento deficitári­o na infância, impacto negativo nas taxas de fertilidad­e e natalidade, e na produtivid­ade.

De acordo com a OMS, as doenças tropicais negligenci­adas, algumas mais estudadas, outras a merecer estudos mais aturados, são as seguintes: dengue, raiva, tracoma, úlcera de Buruli, bouba, lepra, e a doença de Chagas.

Outras são a doença do sono, leishmanio­se. teníase e neurocisti­cercose, dracunculo­se, equinococo­se, trematodía­ses de origem alimentar, elefantías­e, oncocercos­e, schistosom­ose e as helmintías­es transmitid­as pelo solo.

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