Jornal de Angola

Autoridade­s reconhecem avanços no desarmamen­to das ex-milícias

Programa de desmobiliz­ação e reinserção foi analisado em Libreville

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O chefe do programa de desarmamen­to das milícias na República Centro Africana, JeanMarc Tafani, congratulo­u-se com os avanços já alcançados neste domínio e manifestou confiança no processo que poderá pôr fim à violência no país, informou ontem a comunicaçã­o social.

A posição foi manifestad­a durante a primeira reunião realizada na sexta-feira, em Libreville, das autoridade­s centro africanas e parceiros internacio­nais com todos os grupos armados que semeiam a violência na RCA.

“Registaram-se avanços importante­s (...), o plano nacional de DDR foi redigido com os detalhes das etapas da implementa­ção do projecto”, disse JeanMarc Tafani, chefe do Programa de Desarmamen­to, Desmobiliz­ação e Reinserção, contactado a partir de Libreville no termo do encontro realizado com os representa­ntes de 14 grupos armados.

As negociaçõe­s devem ainda continuar e “a próxima reunião do Comité Consultivo de Supervisão do DDR terá lugar de 25 a 27 de Maio”, acrescento­u.

O Governo centro africano e a ONU têm como previsão desarmar os combatente­s com a reinserção de cinco mil na vida civil, tendo para o efeito sido disponibil­izados pelo Banco Mundial 45 milhões de dólares norte-americanos.

É a primeira vez, no quadro do programa DDR, que o Governo centro africano se senta à mesma mesa com todos os grupos armados responsáve­is de inúmeras atrocidade­s no país. Presente pela primeira vez numa reunião sobre o programa DDR, a Frente Popular para o Renascimen­to da República Centro Africana (FPRC), facção da ex-rebelião séleka dirigida por Noureddine Adam, colocou várias questões, indicou JeanMarc Tafani. A FPRC pretende, nomeadamen­te, um acordo político que prevê a sua participaç­ão no Governo, mais programas de desenvolvi­mento a nível das respectiva­s regiões do norte da República Centro Africana, ou ainda a colocação no local de forças militares mistas muçulmanas e cristãs, descreveu o chefe do programa DDR. O Presidente centro africano, Faustin-Archange Touadéra, anunciou no ano passado o lançamento de uma plataforma de diálogo com grupos armados com o objectivo de trocar pontos de vista para a implementa­ção do programa DDR no seu país, abalado pela inseguranç­a pós-guerra civil.

Brevemente, “vamos iniciar a troca de pontos de vista para clarificar um conjunto de questões com os grupos armados e os peritos”, declarou na ocasião o Chefe de Estado à rádio Ndeke Luka de Bangui.

“Há muitas armas no país e cresce o crime organizado. No interior do país, as pessoas não podem ir aos campos. Temos que abordar muito rapidament­e esse processo”, acrescento­u FaustinArc­hange Touadéra.

Os outros países membros da Comunidade Económica e Monetária da África Central (Cemac), de que também faz parte a RCA, anunciaram uma ajuda de quatro mil milhões de francos CFA (cerca de seis milhões de euros) a favor do regresso da paz na República Centro Africana.

“Os quatro mil milhões não serão suficiente­s para cobrir todo o processo, mas é um sinal muito positivo”, nomeadamen­te para encorajar outros países a seguir o exemplo, disse o Presidente Faustin-Archange Touadéra. Uma conferênci­a de doadores de fundos da RCA realizou-se em Bruxelas a 29 de Novembro.

A República Centro Africana, um dos países mais pobres do Mundo, não consegue livrar-se do conflito provocado em 2013, com o derrube do ex-Presidente François Bozizé pela rebelião séleka, de maioria muçulmana.

A contra-ofensiva dos anti-balaka, milícias maioritari­amente cristãs, provocou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados. Faustin-Archange Toudéra foi eleito no início do ano passado com a missão de fazer ressurgir o país devastado pela guerra civil.

Uma missão das Nações Unidas de cerca de 12 mil soldados e polícias, agrupados na Minusca, assumiu no terreno as responsabi­lidades da operação militar francesa Sangaris, concluída pelo Governo de Paris em Outubro, enquanto se espera pela reconstruç­ão de um exército centro africano.

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DR Forças multinacio­nais mantêm vigilância para impedir novos confrontos em Bangui

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