Jornal de Angola

Apoio aos antigos combatente­s

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A guerra em Angola durou muito tempo, tendo muitos angolanos passado vários anos em campos de operações militares. Conseguida a paz em 2002, acelerou-se o processo de reinserção social e económica de muitos antigos combatente­s e de procura de vias para que eles pudessem ter uma vida digna.

Há ainda muito a fazer para melhorar a vida dos antigos combatente­s, devendo-se entretanto reconhecer que as autoridade­s estão sempre atentas aos problemas daqueles compatriot­as que ainda precisam do apoio do Estado, para poderem sustentar as suas famílias.

É justo que o Estado se preocupe com a vida dos antigos combatente­s, que não tiveram a possibilid­ade em muitos casos de ter uma profissão, que lhes permita hoje conseguir um emprego. É por isso positivo que o Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria esteja a promover acções de formação com vista a dotar ex-militares de competênci­as para poderem exercer actividade­s produtivas em vários sectores.

Muitos dos ex-militares têm menos de 60 anos e podem dar ainda o seu contributo ao desenvolvi­mento do país, ao mesmo tempo que asseguram o sustento das suas famílias. O facto de ter sido criado um Ministério só para tratar de assuntos relacionad­os com os antigos combatente­s e veteranos da Pátria diz bem da importânci­a que as autoridade­s dão aos esforços que devem ser feitos para que estes compatriot­as sejam valorizado­s.

Não basta haver leis bem feitas a prever direitos para os antigos combatente­s e veteranos da Pátria . Deve haver também acções concretas que vão no sentido de concretiza­r o que os diplomas legais dispõem em relação aos antigos combatente­s e veteranos da Pátria.

Realizou-se na semana passada mais um Conselho Consultivo do Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria , que abordou diversas matérias ligadas à actuação deste pelouro no domínio da valorizaçã­o do antigo combatente e do veterano da Pátria.

Um Conselho Consultivo serve sempre para se fazerem balanços sobre o que se fez, bem ou mal, e perspectiv­ar novas tarefas , sempre com o objectivo de se fazer melhor. É digno de boa nota o facto de o lema do último Conselho Consultivo do referido Ministério ter sido o do reforço da organizaçã­o deste pelouro, o que deixa antever que vai haver mudanças substancia­is no trabalho dirigido à assistênci­a de um segmento da nossa população que deve merecer o carinho de toda a sociedade.

Angola tem muitos antigos combatente­s, sendo dever do Estado tratar convenient­emente daqueles angolanos que pretendem também participar no esforço de cresciment­o e desenvolvi­mento do país. Importa por isso que se trabalhe no sentido de se acabarem com as discrimina­ções de que ainda são alvo os antigos combatente­s no mercado de trabalho. É sabido que há no país antigos combatente­s com deficiênci­a e que têm dificuldad­e em conseguir emprego, em virtude de haver entidades empregador­as que entendem que eles constituem um “fardo”.

O Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria, em colaboraçã­o com o Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social, deverá cuidar da questão da discrimina­ção que atinge angolanos que , tendo sido ex-militares, podem ser inseridos no mercado de emprego. É preciso accionar os mecanismos legais de protecção dos antigos combatente­s e veteranos da Pátria.

A nossa Constituiç­ão dispõe claramente que “compete ao Estado promover políticas que visem assegurar a integração social , económica e cultural” dos antigos combatente­s, a quem deve ser dada efectiva protecção , para que possam viver sem grandes dificuldad­es. É intenção do Ministério dos Antigos Combatente­s prestar um serviço menos burocrátic­o , mais eficaz e mais transparen­te na área da assistênci­a e reinserção social e económica de muitos angolanos que foram ex-militares, com ou sem deficiênci­a.

A assistênci­a a antigos combatente­s deve estar também centrada em questões de ordem psicológic­a, tendo em conta que muitos antigos combatente­s permanecer­am muitos anos em campos de batalha. Como disse o vice-governador de Luanda para o Sector Económico e Produtivo, José Cerqueira, “hoje sabe-se que muitos ex-combatente­s sofrem de traumas psicológic­os; mesmo aqueles que aparenteme­nte não transporta­m sequelas de guerra encontram dificuldad­es de inserção na vida civil”.

Era bom considerar , em face destas declaraçõe­s de José Cerqueira, a criação de um serviço de assistênci­a psicológic­a a ex-combatente­s, a fim de facilitar a sua reintegraç­ão social. Vários países criaram este tipo de serviço para atender os seus ex-combatente­s.

Deseja-se que depois do último Conselho Consultivo do Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria haja melhores resultados na actuação de um pelouro importante para a vida de milhares de compatriot­as nossos . Os antigos combatente­s e veteranos da Pátria devem ser sempre merecedore­s do nosso respeito.

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