Banco luso é instruído para abandonar Angola
O Banco Português de Investimento (BPI), detentor de mais de 48 por cento no Banco de Fomento Angola (BFA), pode abandonar o mercado angolano nos próximos anos, em obediência às recomendações do Banco Central Europeu (BCE), afirmou o novo presidente da Comissão Executiva do banco, o espanhol Pablo Forero.
O novo gestor que, não precisa a data exacta da saída total, refere que a retirada vai ser feita de forma progressiva. “Angola foi um investimento fantástico, mas temos de respeitar as recomendações do BCE”, frisou.
Pablo Forero disse que o BPI não quer abandonar o mercado angolano, apesar de o Banco Central Europeu recomendar a continuação da redução da exposição a Angola.
O banqueiro indicou que mantém negociações com o BFA, mas acrescentou que a instituição não estava a ponderar sair completamente de Angola.
Pablo Forero admitiu que tem de haver uma redução (da participação no BFA) “que deixe a administração do BPI tranquila em relação ao supervisor, mas será um processo demorado”.
O presidente da Comissão Executiva do BPI considera a recomendação do BCE um instrumento não vinculativo. “Não é uma obrigação e é uma recomendação a longo prazo. Temos de fazer algo, mas não está nas nossas mãos. Temos de negociar com o BFA”, sublinhou na primeira conferência de imprensa que deu após a sua eleição para a liderança do banco. “Angola é um investimento fantástico. O BPI investiu 3,3 milhões de euros em Angola e recebeu 1.000 milhões de euros em retorno. E ainda tem 450 milhões de euros no balanço que podem ser vendidos”, afirmou o gestor espanhol.
Pablo Forero adiantou que o processo de desinvestimento no Banco de Fomento Angola vai ocorrer “a longo prazo” e acrescentou que será uma redução da participação actualmente detida de 48,1 por cento para uma percentagem que deixe tranquilos tanto o Conselho de Administração do BPI como o Banco Central Europeu. A perda do controlo do Banco de Fomento Angola fez já com que o BPI tenha passado de lucros de 45,8 milhões de euros no primeiro trimestre de 2016 para prejuízos de 122,3 milhões de euros no período homólogo de 2017.
O impacto da venda da participação de dois para 48,1 por cento e consequente perda de controlo da instituição foi negativo em 212,3 milhões de euros, sendo que sem esse impacto o BPI teria apresentado um resultado positivo de 90 milhões de euros. A venda da participação, devido à recomendação do Banco Central Europeu, “fez com que o Banco de Fomento Angola deixasse de ser consolidado nas contas do Banco BPI, passando a ser reconhecido apenas pelo método da equivalência patrimonial”.
O BPI vendeu dois por cento do capital do BFA à empresária Isabel dos Santos até ao princípio deste ano, reduzindo a sua participação para 48,1 por cento, de forma a cumprir as exigências do Banco Central Europeu para diminuir a sua exposição ao risco do mercado nacional.