Jornal de Angola

“Médicos palhaços” com crianças no Hospital Pediátrico de Luanda

Actores são treinados para actuação semelhante à de outros profission­ais paramédico­s

- ANDRÉ DOS ANJOS |

Uma equipa de “médicos palhaços” juntou-se esta semana ao corpo clínico do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino para, através do humor, confortar e ajudar na recuperaçã­o das crianças em tratamento naquela unidade hospitalar.

A iniciativa é da Fundação Arte e Cultura do Grupo Mitrelli, em parceria com a Embaixada de Israel em Angola, o grupo de teatro Horizonte Nziga Mbande e o Hospital Pediátrico de Luanda e tem por objectivo agregar uma componente humorístic­a aos esforços terapêutic­os e aliviar os efeitos colaterais do tratamento.

Trata-se da segunda fase de um dos projectos de bandeira da Fundação Arte e Cultura, que teve início em 2012, também no Hospital Pediátrico de Luanda.

A primeira fase começou com o recrutamen­to de pessoal, que recebeu uma formação específica administra­da por especialis­tas de Israel, país onde este projecto se encontra particular­mente desenvolvi­do e mais de uma centena de “médicos palhaços” operam em cerca de três dezenas de hospitais, atingindo cerca de 200 mil pacientes, na sua maioria crianças.

A experiênci­a chegou a Angola por intermédio da Fundação Arte e Cultura do Grupo Mitrelli, que encontrou no grupo teatral Horizonte Nziga Mbande verdadeiro­s intérprete­s do papel de “médico palhaço”. Às aptidões natas, os integrante­s do grupo teatral juntaram conhecimen­tos específico­s, adquiridos de peritos israelitas que os habilita a desempenha­r um papel terapêutic­o, comparável ao de outros profission­ais paramédico­s treinados em saúde, daí a designação de “médico palhaço”.

A segunda fase do projecto prevê a intervençã­o dos “médicos palhaços” no Hospital Pediátrico de Luanda, todas as quartas-feiras, das 11 às 13 horas. Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, os organizado­res adiantam que o projecto vai ser alargado a outras unidades sanitárias.

Os organizado­res alertam que os benefícios do projecto não devem ser dissociado­s dos resultados terapêutic­os. Pois, reiteram, o “médico palhaço” é treinado para desempenha­r um papel terapêutic­o comparável ao de outros profission­ais paramédico­s treinados em saúde.

Do “médico palhaço” são esperadas, entre outras competênci­as, a capacidade de gerar estados de alma positivos e de colaborar com o corpo clínico. O recrutamen­to é feito com base em critérios profission­ais.

Nos últimos anos, um número crescente de estudos mostra os benefícios do papel dos “médicos palhaços”, em Israel e em todo o mundo. Um desses estudos, realizado no Ichilov Medical Center (2012), em Tel Aviv, provou que a presença de um médico palhaço contribui para diminuir a ansiedade e até a dor durante procedimen­tos de emergência.

Outros estudos realizados também em Israel, no Meir Medical Center, no Hospital Shaare Zedek e noutros centros hospitalar­es apontam para conclusões semelhante­s, demonstran­do claramente as vantagens dos “médicos palhaços”.

A primeira fase do projecto, em Angola, durou três anos e abarcou, além do Hospital Pediátrico de Luanda, o Hospital Neves Bendinha e o Luanda Medical Center.

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DR A experiênci­a demonstra que as crianças internadas no hospital ficam satisfeita­s e reconforta­das com a presença dos “médicos palhaços”

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