“Médicos palhaços” com crianças no Hospital Pediátrico de Luanda
Actores são treinados para actuação semelhante à de outros profissionais paramédicos
Uma equipa de “médicos palhaços” juntou-se esta semana ao corpo clínico do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino para, através do humor, confortar e ajudar na recuperação das crianças em tratamento naquela unidade hospitalar.
A iniciativa é da Fundação Arte e Cultura do Grupo Mitrelli, em parceria com a Embaixada de Israel em Angola, o grupo de teatro Horizonte Nziga Mbande e o Hospital Pediátrico de Luanda e tem por objectivo agregar uma componente humorística aos esforços terapêuticos e aliviar os efeitos colaterais do tratamento.
Trata-se da segunda fase de um dos projectos de bandeira da Fundação Arte e Cultura, que teve início em 2012, também no Hospital Pediátrico de Luanda.
A primeira fase começou com o recrutamento de pessoal, que recebeu uma formação específica administrada por especialistas de Israel, país onde este projecto se encontra particularmente desenvolvido e mais de uma centena de “médicos palhaços” operam em cerca de três dezenas de hospitais, atingindo cerca de 200 mil pacientes, na sua maioria crianças.
A experiência chegou a Angola por intermédio da Fundação Arte e Cultura do Grupo Mitrelli, que encontrou no grupo teatral Horizonte Nziga Mbande verdadeiros intérpretes do papel de “médico palhaço”. Às aptidões natas, os integrantes do grupo teatral juntaram conhecimentos específicos, adquiridos de peritos israelitas que os habilita a desempenhar um papel terapêutico, comparável ao de outros profissionais paramédicos treinados em saúde, daí a designação de “médico palhaço”.
A segunda fase do projecto prevê a intervenção dos “médicos palhaços” no Hospital Pediátrico de Luanda, todas as quartas-feiras, das 11 às 13 horas. Em declarações ao Jornal de Angola, os organizadores adiantam que o projecto vai ser alargado a outras unidades sanitárias.
Os organizadores alertam que os benefícios do projecto não devem ser dissociados dos resultados terapêuticos. Pois, reiteram, o “médico palhaço” é treinado para desempenhar um papel terapêutico comparável ao de outros profissionais paramédicos treinados em saúde.
Do “médico palhaço” são esperadas, entre outras competências, a capacidade de gerar estados de alma positivos e de colaborar com o corpo clínico. O recrutamento é feito com base em critérios profissionais.
Nos últimos anos, um número crescente de estudos mostra os benefícios do papel dos “médicos palhaços”, em Israel e em todo o mundo. Um desses estudos, realizado no Ichilov Medical Center (2012), em Tel Aviv, provou que a presença de um médico palhaço contribui para diminuir a ansiedade e até a dor durante procedimentos de emergência.
Outros estudos realizados também em Israel, no Meir Medical Center, no Hospital Shaare Zedek e noutros centros hospitalares apontam para conclusões semelhantes, demonstrando claramente as vantagens dos “médicos palhaços”.
A primeira fase do projecto, em Angola, durou três anos e abarcou, além do Hospital Pediátrico de Luanda, o Hospital Neves Bendinha e o Luanda Medical Center.