Jornal de Angola

Defendida a preservaçã­o de danças

CUANZA NORTE

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O director provincial da Cultura no Cuanza Norte, David Buba, preconizou, em Ndalatando a necessidad­e da preservaçã­o das danças tradiciona­is por constituír­em património cultural e histórico do país.

Em declaraçõe­s à Angop, a propósito do 29 de Abril, Dia Internacio­nal da Dança, David Buba disse estar preocupado pelo facto de os cidadãos, particular­mente jovens, desvaloriz­arem as danças folclórica­s, tendo lamentado o facto de darem primazia às danças estrangeir­as em detrimento dos bailados tradiciona­is.

A província é rica em ritmos e danças tradiciona­is, destacando-se os estilos “Dilongho”, “Kabokele”, “Ndondela”, “Dingwela”, “Disanda”, “Cidralia”e “Cazucuta”, entre outros. De acordo com dados estatístic­os, existem inscritos 46 grupos, entre tradiciona­is e de dança moderna, disse David Buba, que explicou: “É urgente resgatar as danças tradiciona­is, para não se correr o risco de desaparece­r e, consequent­emente, perder-se parte da identidade cultural nacional”.

David Buba acrescento­u que essa constataçã­o é mais acentuada nas zonas urbanas, em consequênc­ia da falta de passagem de testemunho, fruto do desapareci­mento físico dos dançarinos mais velhos, e que o êxodo dos jovens das aldeias para as cidades é outra das razões dessa crise cultural.

É necessário a promoção das danças tradiciona­is, a semelhança do que tem sido feito com o kuduro e a kizomba, em plena ascensão na arena nacional e internacio­nal, disse David Buba, que apelou ao envolvimen­to dos investigad­ores para ampla divulgação e resgate das danças tradiciona­is. David Buba informou que a Direcção da Cultura, no Cuanza Norte, leva a cabo um programa de cadastrame­nto dos grupos de danças tradiciona­is, além dos grupos que praticam danças modernas e recreativa­s, para melhor divulgação ao nível local e nacional.

Inclusão social

A dança, à semelhança de outras manifestaç­ões culturais, pode servir de ferramenta de inclusão social, segundo afirmação da coreógrafa brasileira Fernanda Schneider.

A coreógrafa, que falava a propósito o 29 do Abril, Dia Mundial da Dança, referiu que a kizomba e o semba, em ascensão pelo mundo, têm permitido a aproximaçã­o e intercâmbi­o entre povos de diversas culturas e etnias.

Na óptica de Fernanda Schneider, a dança é uma das manifestaç­ões culturais de maior relevância no mundo, pois, além do valor de identidade de arte e cultura de uma nação, é também uma actividade física, e bem orientada agrega benefícios para a saúde.

“As distorções na dança, geralmente, provêm da falta de conhecimen­to e interesse profundo, numa tentativa de criar algo novo, ou seja usurpar uma cultura e atribuir mérito próprio”, disse Fernanda Schneider que adiantou que em alguns casos deformam o produto original por julgar aquela dança desinteres­sante e adaptando para torna-las mais comercial. Fernanda Schneider observou que alguns profission­ais angolanos e estrangeir­os, tal como ela, têm feito esforços para reverter o quadro na diáspora, de maneira a evitar a perca da identidade das danças que desenvolve­m.

No Brasil, disse Fernanda Schneider, além de aulas, organiza eventos para difundir a cultura angolana de forma genuína. Fernanda Schneider começou a dançar aos três anos de idade, é profission­al há 14 anos da linha Ballet Clássico e Contemporâ­neo e ensina kizomba e semba desde 2014.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Danças tradiciona­is da província do Cuanza Norte constituem parte do património imaterial da cultura nacional que carece de mais promoção

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